Um dos grandes pintores brasileiros da história, Di Cavalcanti mostrou ao longo de toda sua carreira uma grande versatilidade nas suas obras. Além de contar com fases modernistas, cubistas, fauvistas e expressionistas, o artista também atuou em outras áreas como jornalismo e cenografia. Por fim ele também desenvolveu trabalhos como cartunista e com ilustrações.
Agora, traremos uma das obras que traz a marca do movimento antropofagista: Cinco moças de Guaratinguetá (1930). Além de ser uma das pinturas mais famosas de Di Cavalcanti, ela também está exposta no Brasil, pois faz parte do acervo permanente do MASP (Museu de Arte de São Paulo).
Cinco moças de Guaratinguetá: principais características
Em primeiro lugar, é interessante observar que esta pintura conta com uma forte influência de Pablo Picasso. Por exemplo: na forma como as mulheres são retratadas, com corpos volumosos, formas simples e estilizadas. Isso explica-se pelo fato de que anos antes ele havia passado um período na Europa, onde conheceu não apenas o espanhol, mas também Henri Matisse.
Ambos influenciaram muito o estilo dele, inclusive com traços do fauvismo, como a temática leve, além das cores fortes e contando com muito contraste entre elas. Contudo, nós temos aqui a essência do que se dizia no manifesto antropofágico: pegar aquilo que vinha de fora e criar algo novo, mas com o toque brasileiro, trazendo nossa identidade.
Isso fica claro quando observamos as moças presentes na obra. Todas têm a pele mais escura, com exceção da que veste azul, que tem a pele mais clara. Isso mostrava uma característica do povo brasileiro: a miscigenação.
Ele também faz questão de ambientar as moças na década de 30, pois todas utilizam roupas típicas do período. Juntamente com isso, podemos ver que ele não fez questão de glamourizar o cenário, mas sim mostrar que o local retratado era mais humilde. Pode-se perceber isso ao ver a parte da parede sem reboco, com os tijolos à mostra.
A técnica que ele utilizou foi a de óleo sobre tela e o tamanho do quadro é 92×70 cm.
Curiosidades sobre a obra e de Di Cavalcanti
A história sobre a inspiração do quadro é bastante curiosa e vem da época que os modernistas se reuniam no circo de Abelardo Pinto Piolin, o “Palhaço Piolin”. Di Cavalcanti retratou nesta obra a mulher dele e suas quatro filhas.
Contada pela neta do artista circense, Ariel Garcia Sebastião Carvalho Filho para José Ramos Neto, a história está presente no grupo “Fatos e Fotos de Guará Antiga”. A princípio, segundo ela relata, havia uma moça muito bonita em Guaratinguetá que ficava sempre na janela (como podem ver, uma delas está), que chamava atenção dos rapazes. Em 1918, o circo do Palhaço Piolin esteve na cidade e ela fugiu com ele.
Inclusive essa passagem tornou-se histórica, especialmente por conta da música de carnaval de Teixeirinha chamada “O Mundo Do Circo”, em que ele canta “E o palhaço o que é? Ladrão de mulher”.
Confiram mais alguns fatos sobre o artista e a obra:
- Di Cavalvanti teve como grande marca da sua obra, a reflexão sobre a cultura brasileira. Por conta disso era comum ver nas suas obras, pescadores, trabalhadores, sambistas, mas especialmente mulatas;
- Ao completar 75 anos, em comemoração ao seu aniversário, a obra Cinco moças de Guaratinguetá, ganhou um selo comemorativo em 1974;
- Desde antes Di Cavalcanti já tinha participação ativa no movimento artístico brasileiro. Prova disso foi que ele idealizou e organizou a semana de arte moderna de 1922. Além de ter 11 obras suas no evento, ele ainda foi responsável pela elaboração e ilustração de seu catálogo e cartaz de divulgação.
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