Neste dia 21 de abril, Brasília completou 62 anos. A jovem capital do país é até hoje um dos projetos mais ambiciosos já feitos em relação a uma cidade, tanto no Brasil como no mundo. Isso porque a grande maioria cresceu de forma desordenada e sem um projeto arquitetônico claro.
No entanto, no caso de Brasília, ela contou com um audacioso plano piloto feito por Lucio Costa (urbanístico) e Oscar Niemeyer (arquitetônico). Este inclusive em 1987, quando a cidade tinha apenas 27 anos, tornou-se patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO.
Para entender o tamanho do feito, ela foi a primeira cidade não centenária a receber esta honraria. Ela passou a figurar junto de locais como Macchu Picchu, Taj Mahal, São Petersburgo, centro histórico de Roma, entre outras.
Brasília: uma idealização de José Bonifácio
Sempre que citam a construção de Brasília, muitos associam Juscelino Kubitschek também como o idealizador. Entretanto a ideia já tinha mais de um século e o idealizador foi José Bonifácio, o patrono da independência.
A proposta surge pela primeira vez em 1821 e com dois nomes possíveis para ela: Petrópole e Brasília. Para fazê-la, o local deveria também ser no centro do país e as razões dadas por ele eram a segurança contra possíveis invasores, a superlotação da então capital Rio de Janeiro e econômica.
Brasília: de virar artigo na constituição até sua construção no governo JK
Contudo, o projeto foi posto de lado durante toda a monarquia, sendo retomado apenas na Proclamação da República, em 1889. Inclusive na constituição de 1891 constava em um de seus artigos, que o planalto central abrigaria a capital do país. Contudo, não havia um local exato para onde ela seria feita, nem quando isso ocorreria.
Até sua construção, tivemos diversos presidentes que fizeram ações, estudos, expedições, para que se viabilizasse a construção de Brasília. Posteriormente, JK colocou em prática o projeto, após aprovação na câmara em 1956. Esse projeto também criou a Companhia Urbanizadora Nova Capital, conhecida como Novacap.
Ela fez um concurso para escolher o plano piloto, vencido por Lucio Costa. Já Oscar Niemeyer era o arquiteto-chefe da Novacap, ficando à cargo dele a arquitetura das construções.
Entre algumas coisas que chamam atenção está o fato do design da cidade ter sido pensado para ser funcional, além de contar com quadras com blocos e prédios semelhantes. Juntamente com isso haviam espaços definidos para moradia, trabalho e lazer. O conceito dela era o utilitarismo, ou seja, cada espaço tem sua disposição condicionada a uma utilidade específica para qual foi planejada.
As obras de arte arquitetônicas de Niemeyer: 3 construções que destacam o modernismo e minimalismo
Apesar de muitos lembrarem de Brasília apenas pelos problemas políticos, na verdade ela é um verdadeiro museu a céu aberto. As obras de arte arquitetônicas de Niemeyer estão por todo lugar e aqui destacaremos 3 das principais, confiram:
1 – Palácio do Itamaraty
Foto: EBC
A sede do ministério das relações exteriores é também conhecida como “Palácio do Arcos” e conta com projeto de Niemeyer e o paisagismo de Roberto Burle Marx. Ele conta com um estilo minimalista e traz alguns destaques como os arcos que cobram toda fachada, que se refletem no espelho d’água. Este traz ilhas com plantas tropicais, do cerrado e amazônicas, obras do paisagista.
Além deles, podemos destacar o Salão de Recepções, que com 2.200 m² é um dos maiores vãos internos da América Latina, a famosa escada helicoidal, além dos salões de coquetel e almoço. O palácio também é um verdadeiro museu de arte, pois conta com obras de Debret, Victor Brecheret, Bruno Giorgi, Darlan Rosa, Franz Weissmann, entre muitos outros.
2 – Palácio da Alvorada
Foto: EBC
A residência oficial do presidente da república é também considerada uma das mais importantes de Brasília. Ela foi o primeiro palácio a ficar pronto na nova capital, ainda em 1957 e logo na entrada conta com um espelho d’água de 60 centímetros de profundidade e que conta com a escultura “As Laras”, do artista plástico e escultor brasileiro Alfredo Ceschiatti.
Entretanto o destaque são os pilares curvos, que parecem tocar de leve o solo. O próprio Niemeyer explicou o conceito utilizado neste projeto:
“Dedicamos às colunas, em virtude disso, a maior atenção, estudando-as cuidadosamente nos seus espaçamentos, forma e proporção, dentro das conveniências da técnica e dos efeitos plásticos que desejávamos obter. Estes nos levaram a uma solução de ritmo contínuo e ondulado, que confere à construção leveza e elegância, situando-a como que simplesmente pousada no solo.”
Além disso, ele ressalta a ideia de que ele deveria ter um padrão compacto e simples, em que a beleza decorresse das suas proporções e da própria estrutura.
Novamente aqui temos um considerável número de obras de arte decorando seu interior. Mas desta vez encontramos outros grandes nomes como Alfredo Volpi, Cornellis dee Heem, Jan van Huysum, Ademir Martins, Portinari, Di Cavalcanti, entre outros. Porém vale destacar a presença novamente de uma obra de Brecheret.
3 – Palácio do Planalto
Foto: EBC
Sede do executivo e gabinete do presidente da república, segundo Niemeyer, ele busca manter o sentido de pureza e criação, marca registrada em todas as construções de Brasília. Ele destaca-se pelas suas linhas predominantemente horizontais e suas colunas longitudinais que “apenas tocam o chão”, como disse o arquiteto.
Chama atenção ainda a rampa, que foi idealizada pensando nos castelos medievais e também o parlatório, feito para os chefes de estado poderem dirigir-se ao público. Juntamente com isso, temos também a presença do espelho d’água, marca registrada nos palácios da capital. Contudo, no caso deste, a função não é estética, mas sim de segurança, para isolar a estrutura do prédio.
O interior conta com espaços amplos e destaca-se a rampa curva projetada por Niemeyer e novamente a grande presença de obras de grandes artistas como Haroldo Barroso, Djanira da Motta e Silva, Franz Weissman, Zezinho de Tracunhaém, Di Cavalcanti, entre muitos outros.
Conclusão
Há ainda dezenas de outras construções importantes em Brasílias, muitas delas também obras do próprio Niemeyer. Ou seja, para quem visitar Brasília, pode aproveitar sua grande variedade de obras arquitetônicas, pois elas também estão abertas a visitação.
Além disso, vale ressaltar o quão impressionante foram as soluções encontradas por Niemeyer e pelo Engenheiro Joaquim Cardozo para poder trazer estas linhas arrojadas nas construções. Ambos as encontraram em um tempo que se tinha recursos muito mais limitados de criação e nenhum software moderno que pudesse facilitar a viabilidade do projeto.
Mas ainda assim, eles acharam soluções inovadoras, que até hoje são consideradas revolucionárias.
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