Os mangás são das principais manifestações culturais do Japão e visando atender a todos os públicos, ele divide-se em diversos gêneros diferentes. Anteriormente falamos aqui sobre o kodomo, que é destinado a crianças e hoje abordaremos o seinen, que são voltados para o público adulto masculino (para o feminino temos o josei).
Mangá seinen: o que é?
A palavra seinen significa “jovem”, mas na verdade é um estilo voltado para o público adulto (na faixa dos 20 aos 50). A temática deles geralmente é mais séria, muitas vezes com temáticas políticas mais presentes, além de dilemas comuns à vida adulta no Japão. Neles são comuns cenas de violência, sexo explícito, terror psicológico, entre outros.
Ainda assim, também temos os subgêneros chamados “slice of life”, que são histórias mais calmas (geralmente comédia) e que trazem fatos da vida cotidiana, de forma a servirem como um entretenimento mais leve dentro do seinen. Além deles, ação, fantasia, ficção científica, e esportes são as temáticas mais comuns nos mangás.
Um ponto de destaque é que, diferente do shonen (gênero masculino adolescente) em que temos protagonistas na mesma faixa de idade do público, normalmente um estudante, no caso do seinen é comum termos um personagem adulto e já trabalhando em algo.
Um fato curioso é que muitas vezes, os shonen ficam em uma linha muito próxima dos seinen, sendo inclusive confundidos como sendo do outro. Por exemplo: Attack On Titan para muitos é um seinen, mas na verdade tratava-se de uma publicação shonen.
Gekigá: a origem do seinen
O seinen traz um traço muito mais realista, ao contrário do shonen que é bem mais cartunesco e isso deu-se pelo movimento gekigá. Este começou no final dos anos 50 e começou por conta de alguns artistas que não queriam que suas obras fossem confundidas com os mangás infanto-juvenis, que estavam na moda.
Golgo 13 – exemplo de gekigá
Quem cunhou o termo foi Yoshihiro Tatsumi e ele significa “figuras dramáticas”. Ele acabou por fazer parte de um movimento que ganhou força nos anos 60 e 70 no Japão. Tratava-se da “geração mangá”, um grupo que lia mangás em forma de protesto contra o “Tratado de Cooperação Mútua e Segurança entre os Estados Unidos e o Japão”.
Ele passou a ser usado por diversos autores e saiu do seu status underground, ganhando grande popularidade no mercado japonês, a ponto de o próprio Osamu Tezuka criar uma obra do gênero. Para muitos é vista como a primeira geração de mangás alternativos do Japão.
Posteriormente, com a popularização do shonen e a própria perda de referência do gekigá que eles possuíam, o estilo perdeu espaço. Com o tempo ele foi se readaptando, sendo o que conhecemos atualmente como seinen.
Obras seinen famosas
Vamos aqui destacar algumas das obras mais famosas e importantes do gênero seinen:
1 – Akira
O mangá de Katsuhiro Otomo é uma obra que transcende o gênero seinen, fazendo dele um clássico mundial. Este segundo deve-se especialmente ao filme, mas que vale lembrar não adapta toda a história. O impacto dele foi tão grande que até hoje diversos autores ocidentais citam Akira como inspiração para suas histórias.
Para quem não conhece, a obra traz um futuro distópico e ambienta-se em Neo-Tóquio. Ela fica onde estava a antiga Tóquio, mas que foi destruída após a III guerra mundial. Nele acompanhamos Akira, uma criança com poderes psíquicos e que foge de uma base de experimentos do governo. Em sua fuga, ele acaba em meio a uma guerra de gangues e encontra-se com Kaneda e Tetsuo.
Ele e Tetsuo são levados e o segundo é posto à prova em diversas experiências, que despertam seus poderes latentes. Os resultados são desastrosos e a partir daí Neo-Tóquio vê-se sobre nova ameaça.
2 – Berserk
O mangá do falecido Kentaro Miura é dos mais aclamados pelos fãs de mangá. Berserk foi lançado em 1989, passou por alguns hiatos, mas após a morte de seu autor, Kouji Mori, amigo pessoal dele irá finalizar junto com mangakás ensinados pelo próprio.
A obra conta com duas adaptações para anime, três longas e conta a história de Guts, que está em uma jornada de vingança contra Griffith, ex-líder do bando do Falcão. A história traz uma ambientação medieval, mas com muitos elementos sobrenaturais e um mundo que está a caminho do fim.
Apesar de sua mitologia fantástica, ele aborda diversos temas como corrupção, religião, além de trazer um grande terror psicológico (especialmente através do protagonista, que é assolado por demônios quando dorme).
3 – Jojo’s Bizarre Adventure
Temos um caso curioso aqui, pois ele inicialmente começou em uma revista shonen e depois foi para uma seinen. De autoria de Hirohiko Araki, ele traz a jornada da família Joestar através de diversas gerações e durante muito tempo contra seu arqui-inimigo Dio.
Apesar de ter começado com uma aura mais pesada, ao longo das gerações ele ganhou tons mais cômicos, conseguindo mesclar bem as muitas cenas de violência explícita com momentos mais humorísticos. Ele teve antes uma adaptação de um dos arcos da história em dois animes curtos. Contudo, desde 2012 ele é serializado, já estando na quinta temporada de sua história.
Uma das coisas mais interessantes da obra é que o autor busca referências da cultura e da moda para ambientar os cenários. Além disso, é dos poucos animes que possuem temas de músicas ocidentais, inclusive com a presença de clássicos como Yes e The Bangles.
4 – One-Punch Man
Outra obra bastante popular, mas que pelo seu estilo mais cartunesco e comédia, muitos confundem com shonen. Entretanto, trata-se de um seinen e que tem como foco a paródia aos super-heróis dos quadrinhos. Ele traz Saitama, que era um homem comum, mas que após um tempo fazendo um peculiar treino, adquire a habilidade de matar qualquer vilão com um único soco, o que o acaba entediando.
O curioso é que mesmo sendo um herói muito poderoso, ninguém o leva a sério, especialmente por sua aparência. Por conta disso, ele entra para associação de heróis, para tornar-se um profissional da área e achar um oponente digno para lutar. A série é um festival de bizarrices, com heróis com “habilidades” inúteis, e vilões dos tipos mais aleatórios possíveis.
O autor é ONE (pseudônimo do criador) e inicialmente surgiu como uma webcomic, mas que atualmente segue também com uma versão serializada em mangá por Yusuke Murata. Vale dizer que ele não é o autor, apenas adapta a já citada versão da webcomic.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA