Você já deve ter visto em diversas superfícies, pinturas que se assemelham ao mármore. Pois saibam que essas pinturas vêm de uma técnica chamada Ebru Art, que se usa também em artesanatos. Vamos explicar melhor do que se trata, origens, como é feita, além de suas aplicações mais comuns.
O que é a Ebru Art?
O nome pode parecer estranho, mas ela também tem outros nomes como “marbling” ou simplesmente marmorização. Trata-se de uma técnica de pintura em que se busca imitar os efeitos naturais do mármore e de outras rochas. Ele ocorre graças a flutuação de tintas sobre um meio líquido, em que são adquiridos tais motivos.
Uma das coisas mais marcantes desta técnica é o fato de o papel marmorizado não possuir uma cópia fiel a original. Por conta da forma como se obtém o papel marmoreado, cada exemplar dele é único.
Origem da Ebru Art
A técnica evoluiu ao longo dos séculos para chegar ao que conhecemos hoje, mas os primeiros registros do uso de marmorização são do oriente. Porém, há divergências se seu primeiro uso foi no Japão ou na China.
Isso porque temos uma compilação editada pelo acadêmico-oficial do século X, Su Yijian, chamada “Wen Fang Si Pu” (ou “Quatro tesouros do estudo do erudito”). Nela temos diversas informações sobre inkstick (uma espécie de tinta sólida, a mesma usada nas pinturas em pincel tradicionais do oriente), inkstone (a pedra onde normalmente colocam a inkstick), pincel de tinta e papel na China, que são chamados coletivamente de “quatro tesouros do estudo”.
A compilação fala de uma espécie de papel decorativo chamado Liu Sha Jian, que significa “areia movediça” ou “papel de areia que corre”, feito na região de Sichuan. Só que ele traz uma forma um pouco diferente, pois ele foi feito arrastando um pedaço de papel por uma pasta de farinha fermentada misturada com várias cores, que criou um desenho livre e irregular.
Além dela, temos também um segundo tipo foi feito com uma pasta preparada a partir de vagens de mel, misturada com óleo de croton e diluída com água.
A origem japonesa é de um período posterior, do século XII, em uma técnica conhecida como Suminagashi (ou “tinta flutuante”). Este processo de marmorização de papel utiliza nanquim e água e se usava no período para escrever poemas e textos budistas.
Um exemplo do Suminagashi: Sanjuurokuninshuu
Como a técnica chegou ao que conhecemos hoje?
Como muitas outras técnicas artísticas que conhecemos, ela acabou por chegar ao ocidente pelo oriente médio. Neste caso, ela passou por algumas adaptações na região onde hoje é a Turquia e que a aproximou ao estilo como é feito nos dias de hoje.
Acredita-se que as primeiras obras na região datem do século XV, mas não há registros precisos em relação a elas. Já os registros europeus são do século XVII, quando viajantes que foram ao Oriente Médio trouxeram diversos exemplares deste tipo de pintura.
A partir destas informações tivemos muitos cientistas do renascimento que se interessam pelo processo. Neste período surgem os primeiros relatos sobre a técnica, através de Gerhard ter Brugghen em seu Verlichtery Kunst-Boeck, de 1616 e de Daniel Schwenter, publicado postumamente na sua Delicæ Physico-Mathematicæ, de 1671
Enquanto isso, o primeiro relato com ilustrações da ebru art e também das ferramentas que usavam para fazê-la, foi lançada na na Encyclopédie of Denis Diderot e Jean le Rond d’Alembert.
Foi apenas no século XIX que a técnica passou a ter seu uso mais voltado para o artesanato. Já sob o nome de “marbling”, o inglês Charles Woolnough publicou sua obra “The Art of Marbling”, de 1853. Sua importância vem do fato que ali ele descreve como ele adaptou um método de marmorização em livro-pano, que ele exibiu na exposição do Palácio de cristal em 1851.
Um livro de 1870 com marmorização na capa
Como preparar a superfície para a Ebru Art?
A técnica mesmo sendo relativamente simples de se fazer, exige certa perícia para conseguir desenhar sobre a superfície. Primeiramente precisamos preparar a superfície em que ela será feita. Esta pode ser tanto de água pura, como com um agente espessante.
A diferença ficará no que você pretende desenhar, pois na água pura é possível tirar um maior partido dos motivos soltos produzidos naturalmente pelo movimento da água. Por outro lado, com o agente espessante pode-se criar formas e desenhos, mas sem perder os efeitos sinuosos do meio líquido.
Para poder dar viscosidade a água, os materiais mais comuns são:
- Goma adragante – usa-se para a confecção de cobertura de bolos e como ligante na confecção dos pastéis secos para pintar. Tradicionalmente escolhem ela na confecção dos marmoreados orientais;
- Carragenina – seu uso é comum como espessante ou emulsionante em produtos alimentares. Já esta usa-se normalmente na confecção de marmoreados ocidentais;
- Amido de milho;
- Ésteres de celulose como metilcelulose, CMC (ou carboximetilcelulose), metilidroxietilcelulose, entre outros na mesma linha;
A vantagem no caso dos três últimos é a maior facilidade de encontrá-los, além de serem mais acessíveis.
Pintando na superfície aquosa
Para pintar você poderá utilizar tintas a óleo, pois estas não se misturam, ficando sobre a superfície da água. Outros materiais também podem ser usados como esmalte de unha, além de tintas feitas especialmente para este tipo de técnica.
Para aplicar, algumas já vem com um conta-gotas para facilitar, mas também pode-se usar um pincel, uma brocha ou qualquer coisa que lhe possibilite jogar gotas sobre a superfície. A partir daí você poderá manipular e criar os desenhos usando escovas, palitos de bambu, ou mesmo agulhas mais grossas, que possam movimentar a tinta e dar forma às imagens. Abaixo vemos imagens de uma ebru art:
Quais são suas principais aplicações?
Uma das grandes vantagens da ebru art é sua versatilidade de aplicações. Para transferir o resultado do desenho para o papel normalmente se usa o “papel washi”. Ele é muito resistente porque é feito de pasta de madeira.
Só que para além do papel você pode aplicar o resultado em caixas de madeira, peças de vestuário, vasos, canecas e demais objetos de porcelana, entre outros. Uma coisa que deve ser destacada é que o resultado terá ligeiras diferenças na hora da transferência da imagem, mas nada que prejudique a obra, apenas lhe dará uma sinuosidade característica da Ebru Art.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA