Para quem acompanha anime e mangá atualmente, é praticamente impossível não ter pelo menos ouvido falar de Demon Slayer (ou Kimetsu no Yaiba). Seu sucesso surpreendeu a muitos, pela rapidez e até pelo pouco apelo que a sua versão em quadrinhos possuía.
Capa do mangá de Demon slayer, um dos mais vendidos no mundo
Apesar de ser um shonen dos mais tradicionais, ele traz muitos fatos interessantes, inclusive históricos. E para que vocês possam conhecer um pouco mais sobre essa importante obra, vamos trazer algumas curiosidades sobre ela.
As dúvidas que cercavam o sexo de Koyoharu Gotouge
Mangakás mulheres em shonen não é nada incomum, mesmo assim ainda é bastante frequente que muitas autoras usem pseudônimos para assinar suas obras para esse público-alvo. Os motivos são diversos, porém o principal ainda é de evitar possíveis preconceitos com a obra.
Apesar de hoje isso não ser um problema como já foi no passado, Koyoharu Gotouge optou por manter em segredo se era um homem ou uma mulher. Alguns fãs da obra suspeitavam, mas apenas em 2020 que um funcionário da Shonen Jump confirmou o fato, “vazando” a informação.
A novidade foi muito bem recebida, tanto com mensagens de apoio, como parabéns. Esse estranho cenário ainda existe em muitas editoras, pois a direção das mesmas acredita que como as obras são para o público masculino, “deve-se ter um coração masculino”. Entretanto, os próprios mangakás homens e outros funcionários, gostariam de uma presença maior de mulheres, pois elas poderiam dar novas ideias sob um ponto de vista diferente.
Demon Slayer é baseado na primeira obra da autora
Koyoharu Gotouge começou sua carreira aos 24 anos, quando participou do 70º Prêmio Jump Treasure Newcomer Manga em 2013 com o trabalho Kagarigari. Este era um mangá de 45 páginas sobre Matar Demônios. Depois, já pela Jump Comics ela publicou 3 one-shot (histórias únicas) entre 2014 e 15, antes de fazer sua primeira serialização com Demon Slayer.
Imagem de Kagarigari
O fato curioso é que, mesmo não sendo a mesma obra ou uma continuação, o mangá lembrava em vários aspectos Kagarigari, especialmente na temática central de matar demônios. Demon Slayer começou a ser publicado em 15 de fevereiro de 2016 e foi encerrado em 18 de maio de 2020 na revista semanal Weekly Shōnen Jump, totalizando 23 edições no formato Takobon.
As obras que inspiraram Koyoharu Gotouge
Pela temática que cerca Demon Slayer, talvez muitos pudessem imaginar referências principalmente em histórias mais clássicas. Contudo, como a mangaká revelou ainda em 2016 (quando a obra começava a ser serializada) em quais obras ela se inspirou.
Segundo Koyoharu Gotouge, muitos foram os mangás que a inspiraram, mas três deles tiveram um maior impacto para a criação de sua obra: Naruto, Jojo’s Bizarre Adventure e Bleach. Especialmente o último teve interferência especial em parte do enredo de Demon Slayer.
Os nove hashiras
Isso porque em Bleach temos o Gotei 13, que são esquadrões que protegem a Soul Society. Eles serviram de base para que Gtouge criasse os nove Hashiras, que apesar de não terem um esquadrão, são os mais poderosos dos caçadores de demônios (similar aos capitães da história de Tite Kubo).
Gotei 13, inspiração para os hashiras de Demon Slayer
A mitologia japonesa em Demon Slayer
A presença de personagens ou referência à mitologia japonesa é bastante comum nos mangás. Isso porque, historicamente, o povo japonês possuía a sua crença em demônios e deuses temíveis. E ela existe até hoje em algumas regiões.
Entre alguns dos seres que já apareceram em Demon Slayer temos:
Nurarihyon
O principal antagonista de Demon Slayer, Muzan Kibutsuji é baseado neste demônio. Esta entidade é como o ancião e líder em todas as reuniões yokai (demônio em japonês). Também chamado de “o Comandante Supremo de Todos os Monstros”, todo Demônio ouve os comandos de Nurarihyon, com muitos deles sendo seus seguidores fiéis;
Tenome
Tenome é um yokai que apareceu no Gazu Hyakki Yagyō de Toriyama Sekien, um livro de ilustração com publicação em 1776. Possui a aparência de uma pessoa velha sem olhos no rosto, pois ele os tem nas palmas das mãos. Este demônio é rápido e possui um olfato poderoso, o que o ajuda a capturar suas vítimas no escuro.
Em Demon Slayer, temos Yahaba, que é um jovem ao invés de um idoso e que também possui os olhos nas mãos.
Raijin
Na mitologia japonesa, Raijin é o deus japonês nascido da morte e pode controlar trovões, relâmpagos e tempestades. Apesar de trazer chuva para o mundo, caos e destruição também chegam.
Raijin voa pelo céu em nuvens escuras e lança relâmpagos em pessoas desavisadas abaixo. Este deus do trovão é sempre visto com uma auréola budista tradicional feita de tambores, que ele utiliza para criar seus relâmpagos. Por outro lado, em Demon Slayer, Kyogai usa os tambores que estão em seu corpo para poder mexer as salas, sumir do ambiente e até mesmo atacar.
5 – Referências histórias em Demon Slayer
A obra de Koyoharu Gotouge conta com muitas referências históricas, especialmente na ambientação do mangá. Primeiramente podemos citar o fato de sempre ressaltarem que estão na “era Taisho”. Normalmente quando temos histórias com referências a samurais, elas costumam se situar no período Edo.
Contudo, a escolha dela foi por um período menor, que durou apenas 15 anos e veio logo em seguida do período Edo. Esta época tem como marca um contraste muito severo entre os níveis da civilização. Por conta disso que há o choque do protagonista ao sair de uma vila no interior e chegar em uma cidade grande. Outras referências interessantes são:
Brincos hanafuda de Tanjiro
Cartas hanafuda
Acredita-se que eles possam ser um tipo de herança, que antepassados dele usavam. Já as cartas de hanafuda são basicamente cartas japonesas, normalmente com flores. A do protagonista provavelmente também é, mas por conta da semelhança com um sol nascente, foi alvo de polêmica em países como a Coréia do Sul, que diziam que eles eram uma provocação por conta de lembrar o símbolo da bandeira imperial japonesa, usada na Segunda Guerra Mundial.
Uniformes dos caçadores de demônios
Apesar de muitos pensarem se tratar de uma espécie de uniforme escolar, na verdade, eram trajes militares da época. Uma curiosidade é que os uniformes escolares são baseados nele também. Por conta disso, a autora consegue passar a impressão de um “ensino médio”, mesmo sendo uma história bem violenta.
Flores de Glicínia
O anime coloca elas em posição de importância, pois são as únicas que conseguem manter os demônios longe. As flores de Glicínia também são conhecidas como “flores imortais” que ocupam a área onde quer que sejam plantadas.
Os corvos mensageiros
A presença de tantos corvos e deles serem os mensageiros pode parecer estranho para muitos, mas tem uma explicação. No Japão a presença deles equivale a dos pombos no ocidente. No entanto a relação deles com as aves (que são maiores e mais inteligentes) é mais respeitosa. Dessa forma, seu uso se explica por eles estarem em basicamente todo lugar.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA