Aqui nos artigos da ABRA em diversos momentos destacamos a maior presença das mulheres nos universos das HQs. Assim como também comentamos a diferença em relação aos mangás, pois lá, dentro do gênero voltado a elas, temos tramas dos mais variados temas. Contudo, por aqui ainda estamos alguns passos atrás, tanto que o projeto “Gibi de Menininha” foi um dos mais importantes lançamentos dos quadrinhos brasileiros na última década, quando pensamos no público feminino.
O que é o projeto Gibi de Menininha?
Trata-se de um compilado de histórias curtas idealizado por Germana Viana e lançado no ano de 2018. O que se destaca nessa publicação é a temática abordada, que fica bem clara ao lermos o subtítulo da produção:
“Historietas de Terror e Putaria”
O projeto tem um objetivo bem claro para Germana Viana: desafiar o paradigma do tipo de história que temos nos quadrinhos feitos por mulheres. Em conversa com o Omelete, ela explica um pouco mais do intuito dela ao reunir diversas amigas e conhecidas, que assinam as seis histórias presentes na primeira edição:
“É legal para caramba (temática fofinha), mas não precisa ser necessariamente uma característica da produção feminina. Por exemplo, eu faço ficção científica, aventura e super-heróis, a Camila Torrano só faz terror, a Roberta Cirne só faz terror… Pois então vou fazer um gibi de menininha para quebrar essa ideia de que mulher só faz coisa fofa”.
E dentro dessa quebra de paradigmas, ela também buscou derrubar outro: o de que mulher não consome histórias eróticas:
“Todo mundo acha que feminista não gosta de putaria, mas eu sou uma feminista que consumo pornografia. O que a gente não gosta é relação errada de poder. No Gibi de Menininha você não vai ver estupro ou pedofilia”.
A premiada primeira primeira edição
Após um financiamento coletivo, o projeto seguiu e foi concluído com um total de seis histórias dentro do Gibi de Menininha, que são:
- Por Eras e Eras te amarei – roteiro: Carol Pimentel e arte: Roberta Cirne;
- Para Sempre (ou um marinheiro que me contou) – roteiro: Germana Viana e arte: Renata C B Lzz;
- Doce Inocência: Milena Azevedo e arte: Senhoritas de Patins (Kátia Schittine e Fabiana Signorini);
- Fome – roteiro: Clarice França e arte: Mari.Santtos – Comics, arts and Stuff;
- A última comitiva – roteiro: Ana Carolina Recalde e arte: Talessa Kuguimiya;
- Amarrados – roteiro: Camila Suzuki e arte: Germana Viana.
Contando apenas com mulheres no projeto, a capa ficou por conta de Camila Torrano, que procurou criar uma arte bastante provocativa para a edição. Apesar de ter um foco para o público feminino, a obra teve grande aceitação do público masculino, como destacou Germana Viana.
Além disso, o reconhecimento também veio em forma de premiações, com o prêmio Angelo Agostini de Melhor Lançamento de 2018 e Troféu HQ Mix na categoria Melhor Mix. Tamanho sucesso fez com que Germana Viana desse continuidade ao projeto, que já conta com mais duas edições.
Gibi de Menininha: expandindo horizontes
Aproveitando o sucesso da primeira edição, no ano seguinte tivemos o “Gibi de Menininha 2: O Faroeste é mais embaixo”. Segundo Germana Viana, o intuito nesta nova edição foi explorar uma temática sempre muito associada aos homens: velho oeste.
Ele também contou com seis histórias (uma bônus), 13 quadrinistas e capa da Camila Torrano. Além disso, tem as seguintes histórias:
- Sob nova direção – roteiro de Dane Taranha e arte de Sueli Mendes;
- Monstros de Verdade – roteiro de Clarice França e arte de Renata CB Lzz;
- Luna de Sangre – roteiro de Camila Suzuki e arte de Roberta Cirne;
- Delilah, a Rubra – roteiro e arte: Katia Schittine e Fabiana Signorini;
- Mato a Cobra e Mostro o Pau: roteiro de Milena Azevedo e arte de Ju Loyola;
- Vingança – roteiro de Rebeca Puig e arte de Germana Viana;
- Bônus (mini historieta) – Mama Jellybean – Origens: roteiro e arte de Germana Viana.
Por fim, tivemos o “Gibi de Menininha: Contos de Fodas”, que trouxe uma releitura dos contos de fadas, mas seguindo a mesma linha das edições anteriores. Esta edição trouxe as seguintes histórias:
- Era Uma Vez – Intro – roteiro e arte de Germana Viana;
- Regente Das Fadas – roteiro e arte de Katia Schittine e arte-final de Fabiana Signorini;
- Seremos Os Vilões – roteiro de Clarice França e arte de Germana Viana;
- Semente Obscura – roteiro de Renata CB Lzz e arte de Mari Santtos;
- Caça E Caçadora – roteiro de Milena Azevedo e arte de Germana Viana;
- Abissal – roteiro de Camila Suzuki e arte de Renata CB Lzz;
- Os Três Porquinhos – roteiro de Dane Taranha e arte de Roberta Cirne;
- E Todos Viveram Felizes Para Sempre – roteiro e arte de Germana Viana.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA