Quando pensamos em Carnaval, as fantasias são a primeira coisa que nos vem à mente. Só que, diferente das que vemos em festas populares ou blocos, que são usadas apenas para diversão, os figurinos dos desfiles das escolas de samba são coisa séria, são muito significativos para as comunidades que elas representam e, claro, para a disputa pelo título de melhor agremiação.
Muitas pessoas não imaginam todo o trabalho por trás da criação das fantasias para entregar desfiles impressionantes nos sambódromos do Brasil.
Até por isso, existe um processo todo especial para que ela seja criada, sobre o qual vamos falar hoje.
Fantasias das escolas de samba: planejamento
Como talvez alguns já saibam, o trabalho em uma escola de samba é praticamente ininterrupto, com apenas um descanso de cerca de um mês após o final dos desfiles. Após este período, o carnavalesco já começa o estudo para o samba-enredo do próximo ano.
É um período em que buscam ideias, viajam e fazem muitas pesquisas. Uma coisa importante para destacar aqui, são os temas a serem abordados, pois os carnavalescos buscam cada vez mais evidenciar grupos que sejam marginalizados (atualmente ou mesmo na história), assim como homenagear personalidades que, muitas vezes, foram esquecidas pela sociedade pelo seu caráter disruptivo.
Posteriormente, ele passa pela aprovação (geralmente temos dois ou três enredos postos em votação para a comunidade) e, a partir da decisão do vencedor, teremos a criação de uma sinopse. Ela será a base de toda construção audiovisual, como samba enredo, fantasias e alegorias.
Os primeiros esboços
Depois do enredo e sinopse serem definidos pela escola de samba, entra um processo que lembra muito o das semanas de moda: a criação de diversos esboços, croquis, estudo de cores, tudo para criar as peças que melhor se encaixem ao tema proposto.
E no caso das escolas de samba, entra o momento de produzir as chamadas “peças piloto”. Elas são importantes para analisar a necessidade de materiais, assim como sua viabilidade, pois pode não haver tempo hábil para conseguir aquela quantidade exigida de matéria-prima.
Tanto que depois vem um verdadeiro processo de logística do carnavalesco com a sua equipe, que precisam entender se os materiais idealizados na fase de concepção estarão disponíveis no tempo e na quantidade necessária.
As complexidades por trás de cada fantasia
Além da considerável quantidade de fantasias, que por si só já demanda um grande trabalho, há também a questão da sua complexidade, pois ela varia de acordo com a ala, e ainda tem um peso enorme para a avaliação final.
Ainda assim, não existem exatamente fantasias fáceis neste processo. Primeiramente temos as fantasias que exigem maior atenção na sua criação, que são:
- Primeiro casal de mestre-sala e porta bandeira;
- Comissão de frente;
- Bateria;
- Destaques de alegoria.
Todas elas pedem uma atenção especial, pois contam com muitas especificidades que precisam ser respeitadas pelos carnavalescos. O principal exemplo é o do casal de mestre-sala e porta bandeia, o figurino não pode atrapalhar o bailado e precisa de destaque. Ele é como alta-costura, feito sob medida, com diversas provas e pode levar até três meses para ficar pronto.
Da mesma forma temos a questão da comissão de frente, que se tornou muito mais teatral e quase sempre exigem figurinos diferenciados, mas que em nenhum momento podem prejudicar a movimentação dos integrantes.
Já as outras alas contam com um processo um pouco mais simples, pois temos uma reprodução do modelo aprovado. Porém, isso não significa menos trabalho, já que temos escolas com mais de 20 alas e algumas com duas fantasias diferentes, exigindo uma verdadeira força-tarefa para produzi-las.
O pós-desfile
Terminado o desfile, o que acontece com as fantasias? A palavra de ordem é reaproveitar, e isso pode ser feito de diversas formas. Por exemplo: algumas escolas doam as fantasias para outras de grupos inferiores, que irão fazer seu reuso para seus próprios desfiles.
Contudo, até por uma questão de sobrevivência (já que o custo é altíssimo para realizar um desfile), normalmente elas buscam reaproveitar tudo que é possível. As estruturas de ferro de muitas fantasias chegam a ser usadas ao menos duas vezes, enquanto parte dos materiais e tecidos, também são reutilizados em outros figurinos.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA