Não é de hoje que a diversidade tem ganhado espaço na mídia, com produções abordando diferentes tipos de neurodivergências, até as menos conhecidas.
Atualmente, percebemos a necessidade de ver todas as vozes, todas as histórias, sendo contadas. E quando se trata de autismo, também vemos muitos exemplos de representatividade, como o caso do filme “Rain Man” (1988) e da série estadunidense “Atypical” (2017). Essa representação não só educa, mas também cria uma ponte de empatia e compreensão.
É exatamente aí que entra “Pablo”, uma animação que tem oferecido uma visão genuína das experiências diárias de uma criança com TEA (transtorno do espectro autista).
Neste blog, vamos descobrir o que faz de “Pablo” uma série tão especial, onde a arte encontra a vida e a imaginação transforma desafios em aventuras.
Uma visão geral de Pablo
Sendo a primeira série infantil protagonizada e interpretada por crianças e jovens com transtorno do espectro autista, foi produzida pela Paper Owl Films, estúdio de animação da Irlanda do Norte. Essa animação mistura live-action com desenhos animados em 2D para criar uma experiência visual única e envolvente.
A produção de Pablo é um verdadeiro trabalho de representatividade, com cada episódio sendo cuidadosamente elaborado para refletir as experiências e emoções reais das crianças autistas. O mais interessante é que os roteiristas e dubladores também são pessoas dentro do espectro, uma exigência dos próprios produtores para que, assim, a série ressoasse com autenticidade.
Originalmente, foi lançada no CBeebies, para quem não conhece é o canal de televisão pertencente a BBC e voltado para o público infantil menor de 8 anos. Após o lançamento, a série rapidamente se expandiu para outros territórios e foi adquirida pelo Nat Geo Kids em 2018, desde então, está disponível em uma variedade de plataformas e canais, permitindo um alcance global.
A importância de Pablo para a Inclusão Social
Pablo vai além de ser apenas uma série animada, a série é um verdadeiro exemplo de inclusão social. Isso porque ela proporciona um espelho para crianças autistas e familiares que se veem representados nos desafios vividos pelo protagonista.
Mas a magia de Pablo não para por aí. A série é uma janela para o mundo do autismo, oferecendo uma perspectiva que muitos desconhecem.
Cada episódio, seja Pablo enfrentando o medo de cortar o cabelo ou lidando com a ansiedade de ir ao supermercado, transmite, tanto para aqueles que convivem com o autismo quanto para os que não, a realidade dos desafios e as vitórias cotidianas das pessoas com TEA. Isso porque cada episódio foi escrito de forma colaborativa com pessoas autistas para que as experiências e situações apresentadas fossem as mais realistas possíveis.
A própria BBC, ao divulgar a série, contou que “Pablo foi criado em colaboração com jovens autistas que forneceram histórias originais e inspiradoras sobre sua própria experiência”.
Por isso que a série apresenta um amplo impacto social, quebrando barreiras sobre o TEA e abrindo diálogos sobre a importância da inclusão e da diversidade. E tudo isso aliando o entretenimento, com a função de desenhos infantis, que também é o de educar e instruir.
Conheça o Pablo e seus amigos imaginários
Agora, vamos conhecer um pouco mais sobre o mundo em 2D criado a partir dos desenhos feitos pelo menino de 5 anos, protagonista da série. Como mencionamos, Pablo utiliza sua imaginação para transformar os desafios e possíveis situações gatilhos comuns para o autismo, em grandes aventuras.
Porém, ele não enfrenta esses desafios sozinho. Ele conta com a ajuda de seus amigos imaginários, cada um representando diferentes aspectos do autismo, que oferecem apoio nas diversas situações vividas. Vamos conhecê-los:
- Ratinha- o próprio nome já diz a que personagem ela se refere. Na série, a rata é representada com uma alta sensibilidade aos cheiros e sons. Com isso, ela ajuda Pablo a lidar com situações sensoriais, como o barulho e a confusão de uma festa de aniversário;
- Lhama- outra personagem com o nome sendo o mesmo ao do animal que ela representa. Sua característica principal é a ecolalia, ou seja, ela repete constantemente o que ela mesma e os outros dizem. Essa repetição constante ajuda Pablo a processar e entender o mundo ao seu redor;
- Tang- um orangotango que tem dificuldade de entender algumas regras sociais, mas está sempre pronto para enfrentar os “monstros” do mundo real, como o medo de cortar o cabelo;
- Rafa- uma girafa muito inteligente que adora dar explicações detalhadas. Sua paixão pelo conhecimento ajuda Pablo a explorar novas ideias e conceitos;
- Tom- o dinossauro, é excelente em matemática, mas pode ficar nervoso em muitas situações. Mesmo assim, Tom mostra a Pablo que é possível encontrar conforto e segurança mesmo nas situações mais estressantes;
- Wren- o passarinho que tem dificuldade de manter o foco e bate as asas constantemente para se sentir mais confortável. Esse comportamento, que simula as estereotipias comuns entre os autistas.
Juntos, Pablo e seus amigos lidam com uma variedade de situações cotidianas, oferecendo estratégias e ensinando lições importantes.
O Mundo da Arte: desenhos que ganham vida
Em Pablo, os desenhos criados pelo protagonista não são apenas ilustrações, eles ganham vida graças aos gizes mágicos dele, e assim “transformam desafios diários em aventuras fantásticas para enfrentar o mundo real”, como explicaram os próprios os produtores da série.
Isso não só ajuda Pablo a enfrentar o mundo real, mas também mostra como o desenho é vital para crianças, especialmente as autistas, na expressão de sentimentos e ideias.
Já comentamos em outras ocasiões que o desenho é a primeira forma de comunicação efetiva para muitas crianças. Desde os primeiros rabiscos, chamados de “garatujas”, as crianças expressam emoções e pensamentos que ainda não conseguem verbalizar. Esses desenhos evoluem com o tempo, auxiliando no desenvolvimento cognitivo e motor, além de fornecer uma janela para o mundo interior da criança.
A importância do desenho vai além da expressão artística, ele é fundamental para o desenvolvimento cognitivo. Ao criar imagens do mundo real, as crianças desenvolvem habilidades motoras e cognitivas.
Para crianças autistas, como Pablo, desenhar pode ser uma forma crucial de comunicação. Através do mundo em 2D criado com seus desenhos, o personagem principal lida com situações difíceis ao lado dos seus amigos imaginários.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA