O Oscar de 2025 teve como um de seus destaques o filme “O Brutalista”, indicado em 10 categorias e vencedor de 3 delas (melhor ator, trilha original e melhor fotografia). Sua história, que tem como pano de fundo o brutalismo na arquitetura, reacendeu a discussão sobre o estilo.
Como até hoje o movimento conta com muitos adeptos e críticos também, vamos conhecer um pouco mais sobre suas origens, além de obras de destaque no Brasil e no mundo.
A origem do brutalismo
Este nome pode ser confuso, mas seu significado vem do francês “béton brut”, que pode ser traduzido como “cimento bruto” e representa uma das principais características do movimento brutalista.
O brutalismo surgiu na metade do século XX e tem relação direta com o contexto histórico do pós-guerra.
Até então, a Europa tinha como marca uma arquitetura de desenhos ornamentais e decorativos. Porém, por conta da gravíssima crise causada pela Segunda Guerra Mundial, eles precisaram encontrar opções para reerguer as cidades de forma funcional. A solução foi apostar em materiais de baixo custo, como o cimento.
Neste período, o movimento modernista estava em alta, à medida que os arquitetos buscavam criar designs eficientes e minimalistas. Podemos aqui encontrar os princípios do modernismo, que enfatiza linhas limpas, formas geométricas e o uso de novos materiais, como concreto e aço.
Arquitetos como Le Corbusier e Auguste Perret foram importantes na formação do movimento modernista e trouxeram as bases para o surgimento do brutalismo.
Inclusive, o estilo se consolidou no ano de 1953, quando Le Corbusier finalizou a primeira unidade das Unidades de Habitação. Eles são um conjunto de edifícios modulares localizado em Marselha, na França, mas que se espalharam para outros países como a Alemanha.

A unidade de habitação de Marselha de Le Corbusier
As características do brutalismo
Tendo surgido como uma vertente do modernismo, ele traz algumas semelhanças com o movimento. No entanto, ele tem características marcantes que o diferenciam, além do próprio uso do concreto aparente, que são:
- Formas geométricas: as criações têm como marca linhas retas e ângulos agudos, dando uma sensação de rigidez;
- Estrutura exposta: colunas, vigas e pilares aparentes, mostrando o material de origem, que normalmente é o próprio concreto, a madeira, o metal ou o aço;
- Ausência de ornamentos: como o movimento brutalista valoriza a simplicidade e a funcionalidade, quase não temos ornamentos ou detalhes decorativos;
- Aberturas com vidros: as construções contam com grandes janelas que dão espaço para a iluminação natural e, na maioria das vezes, estão cobertas por vidros;
- Escala monumental: uma marca deste movimento é o tamanho das construções. Normalmente são grandes e imponentes, criando uma sensação de monumentalidade.
Essa característica totalmente funcional, sem acessórios ou elementos considerados “fúteis”, é o motivo de tanta controvérsia com o estilo. Muitas pessoas o veem como esteticamente “feio” e, em alguns casos, o associam até mesmo com bunkers.
Ainda assim, temos também os entusiastas deste movimento. Prova disso é que muitas construções históricas do brutalismo são tombadas em seus países e algumas outras até mesmo pela Unesco.
Principais construções do movimento brutalista
Além do prédio construído por Le Corbusier, considerado patrimônio mundial pela Unesco desde 2016, temos diversas construções famosas do brutalismo, especialmente no Brasil. Vamos conhecer algumas delas:
1 – MASP
A primeira delas é, sem dúvida, a mais famosa: a imponente construção de Lina Bo Bardi. Além do MASP, outra obra de destaque dela é o SESC Pompéia, também ícone do movimento brutalista.
2 – Instituto de Pesquisa em Medicina Experimental
Uma das construções mais curiosas da lista fica em Berlim. Seu apelido, “Mäusebunker” (bunker dos camundongos), vem do fato de que lá originalmente era uma estação de experimentos com animais do Hospital Charité.
Já a aparência que lembra muitas naves de filmes de ficção não é obra do acaso, como explicou o historiador Felix Torkar à emissora Deutschlandfunk:
“O planejamento foi no fim dos anos 60, o homem acabou de parar na Lua. E aí o motivo do navio, do modernismo clássico, encontra a arquitetura de ficção científica dos anos 60 e 70, e nasce esse Star Destroyer “.
3 – Habitat 67
Esta fica em Montreal, no Canadá, e é um exemplo pioneiro da arquitetura residencial brutalista. Trata-se de um complexo habitacional modular composto por 354 unidades de concreto pré-fabricadas dispostas a criar terraços e espaços ao ar livre.
Ele recebeu este nome por conta da Exposição Mundial de 1967 (Expo 67), onde seu criador apresentou a necessidade de soluções habitacionais acessíveis e eficientes em ambientes urbanos. O impacto do projeto foi tão grande que até hoje o Habitat 67 continua sendo um símbolo da experimentação do movimento brutalista no design habitacional.
4 – Teatro Nacional
Um dos edifícios mais famosos do movimento brutalista. Ele fica em Londres e nos traz um exemplo impressionante da estética de concreto bruto do movimento.
Seu design apresenta uma série de terraços e plataformas interconectadas, conferindo-lhe uma aparência em camadas. Já sua fachada de concreto exposta e formas esculturais criam um senso de monumentalidade, refletindo a essência da arquitetura brutalista.
5 – MAM-RJ
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro é considerado o primeiro edifício do movimento brutalista no Brasil. Quem o criou foi Affonso Eduardo Reidy, um dos expoentes do movimento no país, junto da própria Lina Bo Bardi, Vilanova Artigas e Paulo Mendes da Rocha.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA