A inauguração do edifício anexo do MASP, chamado Pietro Maria Bardi, contará com um importante evento: a exposição de todas as obras de Pierre-Auguste Renoir que fazem parte do acervo do museu, algo que não ocorria há mais de 20 anos.
Mas você sabe quais são as obras dele que estão presentes no museu? Hoje vamos lhes mostrar todas elas!
O período de construção do acervo do MASP: muitas aquisições e doações
O acervo do MASP é o mais importante acervo de arte europeia do Hemisfério Sul. Ele conta com mais de 11 mil obras, entre pinturas, esculturas, objetos, fotografias, vídeos e vestuário de diversos períodos. Só que o museu não abrange somente a produção europeia, mas também a africana, asiática e das Américas.
Essa incrível construção de acervo ocorreu principalmente entre o final dos anos 1940 e a década de 1950, durante as viagens de Pietro Maria Bardi à Europa, sempre acompanhado por Assis Chateaubriand, fundador do museu.
Durante a primeira fase de aquisições, tivemos principalmente obras de artistas renascentistas como Botticelli, Perugino, Tintoretto, uma de Goya (um El Greco), assim como pinturas de Chagall e Max Ernst.
Já a segunda fase foi marcada pelos impressionistas Manet, Degas, Van Gogh, Cézanne e, claro, Pierre-Auguste Renoir. Além deles, Picasso e Matisse foram nomes de destaque entre as compras ou doações.
Merece destaque a atuação de Chateaubriand, o grande responsável por muitas doações feitas ao museu, sendo extremamente persuasivo na hora de convencer os mecenas a comprarem obras para o MASP.
Prova disso está neste impressionante acervo de Renoir, pois das 13 obras dele presentes no museu, 11 são frutos de doações de pessoas físicas ou das mais diversas empresas.
As obras de Renoir presentes no MASP
Todas as obras, um total de 12 quadros e uma estátua, foram adquiridos ou doados entre os anos de 1948 e 1958.
Agora, vamos conhecer cada uma delas (os créditos de todas as imagens são do fotógrafo João Musa):
1 – O pintor Le Coeur caçando na floresta de Fontainebleau – 1866
A pintura, óleo sobre tela, retrata Jules Le Coeur, amigo de Renoir. Oriundo de uma família abastada, ele deixou a arquitetura para se dedicar à pintura. Ambos se tornaram amigos em abril de 1865, nas visitas que Renoir fazia a Le Coeur em Bourron-Marlotte, próximo da floresta de Fontainebleau.
Além da amizade, Renoir também conheceu a companheira de Le Coeur, Clémence Tréhot e sua irmã Lise, que foi namorada e modelo preferida do artista por quase uma década.
2 – A banhista e o cão griffon – Lise à beira do Sena – 1870
Temos aqui justamente sua então namorada Lise Tréhot posando para ele, em um dos muitos papéis que ela representou para Renoir.
A banhista e o cão griffon–Lise à beira do Sena foi exposta no salão de 1870, junto a Odalisca, feita no mesmo ano (de tamanho menor) e que tinha a mesma Lise como modelo.
3 – Dama sorrindo (retrato de Alphonsine Fournaise) – 1875
Inicialmente, levantaram-se teorias sobre quem seria a mulher da foto. Especulou-se que fosse a Madame de Lecomte, uma jovem de Montmartre chamada Nini, apelidada de “Gueule de Raie”, ou até mesmo a “mère Fournaise”, esposa do proprietário do hotel do mesmo nome, situado na ilha de Chatou.
Contudo, especialistas afirmam que, pela jovialidade dos traços fisionômicos, trata-se da jovem Alphonsine Fournaise e não de sua mãe.
Renoir hospedou-se várias vezes no hotel Fournaise durante suas visitas à Chatou. O local, inclusive, é onde ele pintou sua famosa obra “Almoço dos Remadores”. O proprietário do local era Alphonse Fournaise, casado com Louise Braut, e a filha mais velha deles, Louise Alphonsine, foi a jovem que serviu de modelo para a obra “Dama Sorrindo” (Retrato de Alphonsine Fournaise).
4 – Retrato da condessa de Pourtalès – 1877
Esta obra é vista como uma pintura de transição de Renoir, quando ele ainda estava experimentando a prática da pintura rápida. Ela também destaca o bom trânsito do artista dentro da alta sociedade.
A tela nos mostra Mélanie Pourtalès, figura conhecida na sociedade parisiense, pois durante o Segundo Império Francês, ela foi dama de companhia da Imperatriz Eugênia, esposa de Napoleão III. Mesmo após a extinção do império, a condessa preservou seu prestígio social.
5 – Retrato de Marthe Bérard – 1879
Retrato de Marthe Bérard foi a primeira encomenda do diplomata e banqueiro Paul Antoine Bérard, para Renoir. Após a pintura de sua filha mais velha, então com nove anos, ele ainda comissionou diversas obras do artista, que frequentava regularmente suas residências, já que eles se tornaram amigos.
Além de Marthe, ele também pintou o próprio Paul Bérard, sua esposa, os outros filhos dele Margot, André e Lucie, além dos sobrinhos Thérèse e Alfred.
6 – Rosa e azul – As meninas Cahen d’Anvers – 1881
Uma das obras favoritas dos visitantes do museu, ela retrata as irmãs Alice (de vestido rosa) e Elisabeth (de azul), filhas do banqueiro judeu Louis Raphael Cahen d’Anvers.
Um fato curioso é que a pintura não agradou aos pais, provavelmente pela cara de choro de Alice, cansada de ficar tanto tempo posando para Renoir. Por conta disso, a obra foi colocada na área que era habitada pelos empregados.
7 – Menina com as espigas – 1888
Menina com as espigas é uma obra em que se nota que Renoir retornou à sua técnica da primeira fase da carreira, talvez motivado por uma crise criativa que teve no ano anterior.
Já a modelo da obra, acredita-se que seja a pequena Helyone, caçula do poeta Catulle Mendès. Ela também foi retratada por Renoir com a irmã em outro quadro, também datado de 1888.
8 – Retrato de Coco (Claude Renoir) – 1903-04
Temos aqui uma pintura retratando o terceiro filho de Renoir, também chamado Claude, mas apelidado de “Coco”.
Ela traz um misto de técnicas do artista, como as pinceladas rápidas presentes na roupa da criança e o uso do “claro-escuro” em seu rosto.
9 – Quatro cabeças (Jean Renoir) – 1905-06
Agora, podemos ver uma pintura que retrata o segundo filho de Renoir, Jean, que viria a se tornar um famoso diretor de cinema.
Renoir conta com diversos trabalhos semelhantes ao “Quatro cabeças” que, segundo ele, era um exercício ao qual recorria quando não conseguia concentrar-se numa pintura maior, ou então uma maneira de refletir sobre o próprio trabalho.
Um fato curioso é que o próprio artista não as destinava a serem expostas, pois as considerava inacabadas.
10 – Retrato de Claude Renoir – por volta de 1908
Novamente, podemos ver retratado o terceiro filho de Renoir, Claude (ou “Coco”), em uma obra presente no MASP.
O grande destaque de “Retrato de Claude Renoir” é que ela evidencia o desenvolvimento da técnica da tinta opaca do artista.
11 e 12 – Banhista enxugando a perna direita – por volta de 1910 / Banhista enxugando o braço direito – 1912
Ambas as pinturas pertencem ao período da obra tardia de Pierre-Auguste Renoir. Esta mudança se iniciou após ele pintar algumas de suas telas mais importantes do impressionismo e resolver passar uma temporada na Itália, para ter contato mais intenso com grandes mestres renascentistas, principalmente Rafael e Ticiano
O impacto foi tão grande em Renoir que, gradualmente, ele se afastou do estilo que o consagrou. A única coisa que nunca mudou foi a predileção pelo tema banhistas, que sempre estiveram presentes nas obras do artista e que, no final da carreira, tornou-se o principal tema, até sua morte, em 1917.
13 – Vênus Vitoriosa (Venus Victrix) – 1916
Por fim, temos a única escultura do acervo do MASP. Ela faz parte de uma série de estátuas criadas com base na pintura de Renoir “O Julgamento de Páris”, feita por ele alguns anos antes.
Ela se refere ao episódio da mitologia grega conhecido como “pomo da discórdia”, a disputa entre Juno (Hera), Minerva (Atena) e Vênus (Afrodite) pela maçã de ouro que deveria ser destinada à mais bela.
Nesta fase final de carreira, ele contou com a ajuda do jovem Richard Guino para fazer as esculturas. Sendo assim, enquanto Renoir rascunhava esboços, o artista os traduzia em modelagem, ajustando conforme Pierre apontava os pontos a serem modificados.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA