Estamos próximos ao Carnaval e é difícil imaginar uma festa com mais cara de Brasil do que está. Só que para além das festas de rua, blocos, trios elétricos, entre outros, os desfiles das escolas de samba (tanto na Sapucaí, como no Anhembi) são as grandes marcas deste evento.
Enquanto ainda aguardamos se teremos os desfiles em 22, depois dos mesmos terem sido adiados por conta da pandemia (e cancelados em 2021), falaremos um pouco mais sobre as origens deste evento e as relações diretas tanto com o mundo da arte, como também da moda.
Carnaval: uma origem muito mais antiga que o próprio Brasil
Apesar de alguns imaginarem que o Carnaval seja uma festa de origem brasileira, os primórdios dela são muito mais antigos, chegando até mesmo à Grécia Antiga. Segundo os historiadores, as primeiras festas eram pagãs e tinham como razão a comemoração pelo ano que se iniciava. Contudo aqui, não é no nosso calendário tradicional, mas sim pela mudança da estação.
As festas “dionísicas” (dedicadas ao deus Dionísio) na Grécia e os “bacanais” (festas dedicadas ao deus Baco) na Roma antiga tinham esse caráter mais liberal e regado também a muita bebida, especialmente vinho. Isso porque mesmo com seu nome diferente, trata-se da mesma entidade, o deus do vinho.
Posteriormente a data acabou entrando no calendário religioso, mas de uma forma um pouco diferente. Até como forma de trazer os seguidores de outras religiões antigas, a igreja adaptou diversas festas delas e o Carnaval não foi exceção.
No entanto neste caso, a maior liberdade do período permaneceu. O que mudou é que ela passou a ser uma espécie de momento de extravasar das pessoas, antes de entrar no período da quaresma, que exigia um resguardo maior. Justamente daí que vem a origem do termo Carnaval, ou seja, a “festa da carne”.
Por conta dessas origens variadas, a festa ocorre de formas diferentes em diversos locais do mundo. Contudo alguns elementos são similares, como as festas de rua, alegorias, fantasias, etc. Neste caso variando muito de acordo com a tradição local.
A chegada do Carnaval ao Brasil
As festas carnavalescas aqui trazem diversos elementos diferentes, que criaram o formato único que conhecemos. Por exemplo: tanto os portugueses, como os escravos contribuíram nos primórdios do evento brasileiro.
No caso dos escravos, eles comemoravam com uma festa chamada “entrudo”. Nela eles se fantasiavam e jogavam água e outras coisas uns nos outros. No entanto, essa festa foi proibida por ser considerada “vulgar” (o que não impediu que ela seguisse acontecendo) pela corte.
Em seu lugar, surgiram os bailes de carnaval, que traziam música como valsa e se assemelhavam muito ao que se tinha em Veneza, com bailes de máscara. Para o povo, eles começaram a fazer desfiles, que contavam com carros alegóricos puxados por animais, como uma forma de inibir a realização do entrudo.
Posteriormente foram surgindo os blocos, cordões, as comemorações regionais, as agremiações carnavalescas com desfiles de rua e depois nos sambódromos, até chegarmos ao Carnaval como conhecemos hoje.
A relação dos desfiles das escolas de samba com a arte
Se formos observar essa relação, primeiro precisamos pensar em como a moda também chegou aos desfiles, através de Clóvis Bornay. Museólogo, além de carnavalesco, ele ficou conhecido pelas suas belíssimas fantasias, a ponto de ser proibido de competir nos concursos de fantasias.
Ele trouxe as inspirações dos bailes de máscara de Veneza (que ocorrem desde o século XIII). Já os modelos que ele criava no período, com muitos brilhantes, com plumas e outros elementos são as principais referências das fantasias que vemos nos desfiles, especialmente nos destaques dos carros alegóricos.
A própria presença destas alegorias, remonta diretamente a obras de arte modernas. As criações muitas vezes trazem elementos que contam uma história ao público, com um cuidadoso trabalho de esculpir em grandes peças de isopor. Juntamente com isso temos até mesmo a presença de obras de arte dos mais diferentes períodos em desfiles.
Por exemplo: em 1992, a escola de samba Estácio de Sá, trouxe como enredo a semana de arte moderna de 22, que então completava 70 anos. Para além da comemoração referente ao evento, Niemeyer, Portinari, Aleijadinho e até mesmo artistas contemporâneos como Romero Brito, foram temas de desfiles das agremiações.
Só que engana-se quem pensa que apenas nestes casos temos obras representadas, pois muitas vezes, de acordo com o tema proposto, alguma obra de arte pode integrar um carro para fazer alusão ao que estão querendo passar.
O Carnaval como tema artístico
Por fim, é interessante destacar que o contrário também ocorre, com artistas usando o tema Carnaval para criar suas obras. Vale destacar três pinturas que retratam a festa no Brasil em diferentes momentos:
Jean-Baptiste Debret – O entrudo no Rio de Janeiro, de 1823.
Tarsila do Amaral – Carnaval em Madureira, de 1924.
Carnaval no Morro, de 1963.
Di Cavalcanti: no caso dele, a fascinação do pintor pelo tema, fez com que o Carnaval estivesse presente em diversas de suas obras. Mas aqui escolhemos apenas uma, o “Carnaval no Morro”, de 1963.
Vale ressaltar que carnavais de outros países também foram temas de diversos grandes nomes da pintura, além de personagens recorrentes como o Pierrot e a Columbina. Entretanto deixamos para registrar obras que mostrassem um pouco mais da nossa realidade de cada época.
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