Comemora-se no mês de junho o “orgulho LGBTQIA+”. Trata-se de uma data que surgiu por conta da Rebelião de Stonewall. Esta começou no dia 8 de junho de 1969 e foram uma série de manifestações contra a invasão policial em um bar de mesmo nome.
Os resultados das semanas de protestos, em que organizações de direitos homossexuais foram criadas, assim como grupos de ativistas se formaram, buscando trazer segurança de gays e lésbicas de frequentarem lugares sem risco de ser presos, fez com que no ano seguinte, em 1970, ocorressem as primeiras marchas do orgulho gay.
Estes foram o embrião do movimento, que teve sua primeira parada em 1997 no Brasil e que hoje engloba diversas outras minorias que lutam para ter seus direitos respeitados. Indo para a arte e pintura, vivemos um período de muita repressão pós-renascimento, graças as muitas perseguições religiosas do período.
Contudo, no final do século XIX, junto com a conquista do espaço na arte pelas mulheres, também começamos a ter a presença de artistas que não apenas declaravam sua sexualidade, mas também em suas obras traziam como temas a androginia, a homoafetividade, homoerotismo, entre outros.
Sendo assim, vamos destacar alguns desses artistas, que foram importantíssimos para conquistar a maior liberdade na arte que a comunidade LGBTQIA+ tem hoje.
Simeon Solomon (1840-1905)
Ele foi um importante pintor de um movimento chamado “pré-rafaelitas”, que como o nome dizia buscavam resgatar um estilo anterior ao pintor renascentista Rafael. Contudo, a vida pessoal atribulada, fez com que a elite artística da época o rejeitasse, inclusive seguidores do pré-rafaelismo.
Ele era de família judia, sendo este um tema presente em muitas de suas obras. Aproveitando do estilo pré-rafaelista que traziam proximidade física sensual e figuras andróginas, Solomon usou esse estilo estético para representar pessoas como ele e explorar o desejo homoerótico e o romance.
Inclusive podemos ver isso em uma de suas obras mais famosas: “Safo e Erinna”. Nela temos a poetisa grega Safo, uma pessoa lendária que se tornou sinônimo de sua identidade lésbica, está compartilhando um momento de ternura com a amante Erinna. Até o fim da vida ele fez trabalhos com a temática LGBTQIA+.
Safo e Erinna
Lili Elbe (1882-1931) e Gerda Wegener (1885-1940)
Trazemos as duas juntas, pois elas também foram casadas por 26 anos. Lili Elbe também é conhecida por ser a primeira mulher trans a fazer cirurgia de redesignação sexual, mas que infelizmente morreu por complicações em um destes procedimentos.
Inclusive foi por conta dessas cirurgias que elas tiveram de se separar em 1930, pois o casamento entre duas mulheres era proibido na época. Entretanto, com isso foi possível que Lili pudesse alterar seu nome em diversos documentos.
Ela estudou na Academia Real Dinamarquesa de Belas Artes, onde conheceu Gerda. Enquanto Lili pintava paisagens pós-impressionistas em paletas suaves, Wegener trazia uma temática mais “chocante” para a sociedade da época.
Isso porque pintava quadros que representavam cenas eróticas focadas no prazer feminino. Além disso ficou muito conhecida pelos seus retratos de mulheres, especialmente de Lili, que comumente posava para ela. Outro destaque eram suas ilustrações para o mundo Fashion.
Air de Capri – Gerda Wegener
Gerda chegou a ganhar duas medalhas, uma de ouro e outra de bronze, pelo seu trabalho na Exposição Mundial (World’s Fair) em Paris, no ano de 1925.
Frida Kahlo (1907-1954)
Figura importantíssima e um ícone do feminismo, Frida Kahlo também tem papel de destaque dentro da comunidade LGBTQIA+. Além de ser uma bissexual assumida, ela também costumava se mostrar com uma aparência andrógina, aparecendo em público em diversas ocasiões vestindo roupas consideradas “masculinas”.
Por exemplo: uma de suas obras mais famosas, a “Autorretrato com Cabelo Cortado” mostra esse lado de Frida. Posteriormente ao seu divórcio com Diego Rivera, ela pintou esta obra. Nela, vemos a figura de Frida ao centro, já sem as tradicionais flores no cabelo e o vestido tehuana. Ao invés disso, temos roupas mais sóbrias como terno, sapato e camisa.
Autorretrato com Cabelo Cortado
Só que o que chama mais atenção é seu cabelo curto, com as mechas espalhadas pelo chão. Segundo ela, o corte também foi uma forma de remodelar sua vida e deixar o passado para trás. Inclusive neste período tivemos seu lado feminista aflorado, pois ela retratava todo e qualquer destrato ou violência contra as mulheres.
Gluck (1895-1978)
Por fim, destacamos Gluck, que optou por adotar um nome neutro. Nascida Hannah Gluckstein, passou a adotar o novo nome e insistir no “sem prefixo, sufixo ou aspas” em torno de seu nome de gênero neutro. Também passou a adotar uma identidade andrógina, com cabelos curtos e roupas consideradas masculinas, sendo inspiração de muitos artistas LGBTQIA+.
Nunca se identificou com um estilo em especial, mas entre suas obras de destaque temos a temática obras naturalistas de arranjos florais. Neste período esteve se relacionando com Constance Spry, que acredita-se, teve influência nas suas pinturas deste período.
Só que sua obra mais famosa é do período que relacionou-se com Nesta Obermer. Com o título de “Medallion”, Gluck definiu-a como a foto de casamento do casal, muito tempo antes do casamento gay ser permitido. A obra é de 1936 e retrata ambos de perfil, com o artista na frente.
Medallion
Inclusive, Medallion eternizou-se para além da pintura, pois foi capa de um livro, originalmente escrito em 1928. Chama-se “The Wall Of Loneliness”, da autora Radclyffe Hall, tendo como história justamente um romance lésbico.
Exercite sua criatividade na ABRA
Ficou interessado no assunto? Conheça os cursos da ABRA e venha exercitar a criatividade do seu filho(a). Temos opções Presenciais, Online e EaD ao Vivo.