A vida toda as pessoas se deparam com caricaturas. Talvez as mais tradicionais sejam aquelas políticas, mas temos tantas outras dos mais variados temas. Porém, vocês sabem como este estilo, especialmente a versão como conhecemos, surgiu? A seguir traremos um pouco de sua história, além de dicas sobre como fazê-las.
Caricaturas e suas origens no período pós-renascentista
Apesar de ser uma arte bastante antiga, que segundo historiadores data da Grécia Antiga, os primeiros registros do formato como conhecemos, são da Itália no final do século XVI. Inclusive a própria palavra caricatura, deriva do italiano do italiano “caricare” e significa: exagerar, aumentar as proporções de alguma coisa.
Tal termo surgiu para definir a arte de Annibale Carracci, oriundo de uma família de artistas e cofundador da Escola de Bologna. Era vista como inovadora e um contraste às pinturas idealizadas, em voga na época. Posteriormente ele chegou a criar uma galeria com caricaturas de tipos populares da sua cidade no século XVII.
Inclusive a Escola de Bologna notabilizou-se por destacar esta manifestação artística a partir das obras de Domenichino, Guercino e Pier Leone Ghezzi. Inclusive este último é considerado o primeiro a dedicar-se integralmente à criação de caricaturas.
A revolução francesa e a ascensão das caricaturas
Aqui temos um conjunto de fatores que impactam diretamente na ascensão das caricaturas. Primeiramente, o desenvolvimento da imprensa. Em seguida, a litografia, que possibilitava produções em massa. Por fim naturalmente o cenário da revolução francesa favoreceu ao surgimento de jornais satíricos, que denunciavam os abusos cometidos na época.
Neles tínhamos sátiras tanto da sociedade, como da política. Inclusive foi através dos desenhos caricaturais que se evidencia o sistema de três ordens: o terceiro estado (ou a plebe), a nobreza e o clero. Importante destacar que foi a partir daqui que tivemos as caricaturas como um meio de denúncia a um sistema injusto.
Posteriormente, nos anos de 1830, os jornais satíricos se desenvolveram através do desenho de caricatura. Eles buscavam não apenas satirizar, mas também ridicularizar o sistema. Entre os jornais do período, destacam-se o Le Charivari e La Caricature. Já entre os artistas, temos os dramaturgos renomados Daumier, Gavarni, Granville, Cham e Doré com enfoque na sátira política.
Caricatura francesa do final do século XVIII
Contudo, como era de se esperar, muitos responderam na justiça por seus desenhos. Por exemplo, Daumier, que foi preso por ridicularizar Luis Felipe. Posteriormente, com a chegada de Napoleão ao poder, tornou-se impossível esse tipo de publicação. Para se manterem ativos, ela volta-se aos temas sociais.
Finalmente no ano de 1881, já com mais de uma década do final do segundo império, foi criada a lei de liberdade de imprensa, o que possibilitou um boom de jornais satíricos, especialmente no começo do século XX.
A caricatura no Brasil
O primeiro registro de uma caricatura no Brasil, data do ano de 1822. Trata-se de uma publicação em uma gazeta de Pernambuco chamada “O Maribondo”, na qual um homem corcunda é atacado por vários marimbondos. Para entender o contexto: o homem representava Portugal e os insetos, os brasileiros.
Durante o império, tivemos um grande número de artistas despontando na arte das caricaturas. Entre eles podemos destacar: Angelo Agostini, Rafael Bordalo Pinheiro e Cândido Aragonez de Faria. Importante dizer que desde o início, as sátiras aqui sempre tiveram cunho social, mas especialmente político, visando mostrar e denunciar a corrupção na política.
Posteriormente, tivemos o auge da caricatura, durante a ditadura militar, com destaque para “O Pasquim”. Com o endurecimento da repressão, por conta do AI-5, o jornal criado em 1969 passou a ser um porta-voz da indignação da sociedade frente ao regime.
Inclusive nele temos a participação de grandes cartunistas da história do Brasil como Jaguar, Ziraldo, Millôr Fernandes, Henfil, entre outros. Tornou-se um dos grandes fenômenos editoriais brasileiros e um dos principais veículos de oposição à ditadura.
Capa de O Pasquim de 1984
Posteriormente, em 2002 (o jornal foi descontinuado em 1991) tentou-se retomar a publicação. Contudo, o chamado “Pasquim 21” durou apenas dois anos, deixando de ser publicada em 2004.
Dicas para fazer caricaturas
Até hoje, mesmo com a menor circulação de jornais satíricos, o desenho caricatural segue firme e forte, sendo visto das mais diversas formas. Jogos, desenhos animados, artistas digitais, entre outros mantém a caricatura viva e como importante ferramenta de sátira e crítica.
Para quem tem vontade de desenhar caricaturas, seguem algumas dicas:
- Boa capacidade de observação, pois é através dela que pode-se buscar os detalhes a serem destacados;
- Saber desenhar retratos, porque acima de tudo você precisa ser capaz de criar um desenho que remeta a pessoa tema da sátira. Além disso, é preciso respeitar as características do indivíduo, de forma a manter certa harmonia e semelhança;
- Por fim, conhecer bem a pessoa, pois isso facilitará sua caricatura. Saber trejeitos, frases recorrentes, acessórios sempre presentes, hábitos, etc. Tudo isso reforçará a mensagem que você quer passar, além de trazer um toque de humor a sátira
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