Estamos no mês dos namorados no Brasil (lembrando que a data aqui difere do resto do mundo, que comemora em fevereiro), e na história uma das fotos que sempre foi sinônimo de casais apaixonados é “O Beijo Em Times Square” de Alfred Einsenstaedt.
A icônica foto mostrava o beijo intenso de um marinheiro e uma enfermeira, que juntos comemoravam o fim da Segunda Guerra Mundial. Contudo, essa é uma imagem idealizada da cena, pois o que realmente aconteceu naquele momento foi muito diferente da narrativa que perdurou por décadas sobre a imagem. Vem que a gente te explica!
O Beijo em Times Square: quem foi Alfred Einsentaedt, autor da foto?
Falar que o contexto da imagem é a comemoração pelo fim da guerra é desnecessário, pois era exatamente isso que Alfred Eisenstaedt queria retratar. Segundo o próprio fotógrafo, ele saiu às ruas para extravasar a alegria pelo momento, mas aproveitou para levar sua câmera e capturar as reações das pessoas.
Alfred Eisenstaedt autografando a famosa foto
Alfred era um renomado fotógrafo e para ele a derrota do Eixo tinha algo especial. Isso porque ele era um judeu que vivia originalmente na Prússia (nome antigo do território alemão) e fugiu para os EUA em 1935, quando a perseguição nazista se intensificou.
Em território estadunidense, ele começou a trabalhar para a revista Life e ao longo de sua vida tirou fotos importantíssimas. Para se ter uma ideia de seu portfólio, ele documentou os efeitos da Bomba Atômica no Japão, retratou as tropas dos EUA na Coreia, a miséria da Itália pós-guerra, entre outros eventos.
Personalidades históricas também foram alvo de suas lentes. Enquanto ainda estava na Europa, trabalhou como freelancer para a Pacific and Atlantic Press (que depois mudaria de nome para Associated Press) e em 1933 registrou simplesmente o encontro entre Hitler e Mussolini para a agência.
Posteriormente, já como fotógrafo da revista Life, fotografou personalidades de diversas áreas, como Winston Churichill, Marlene Dietrich, Marilyn Monroe, JFK, Ernest Hemingway, entre outros. Observar esse vasto currículo é interessante, pois mostra o quanto a foto do Beijo em Times Square ganhou importância.
O retrato de um casal?
A foto caiu no imaginário popular após ser publicada e para muitos, era considerada a representação de um casal apaixonado, mas segundo o próprio fotógrafo, a realidade era bem diferente. Enquanto registrava as diversas comemorações, Alfred já havia visto o marinheiro. Porém, ele estava festejando de uma forma bastante peculiar: beijando todas as enfermeiras que via pela rua.
A explicação para esse gesto era o desejo de agradecer a todos pelos serviços prestados durante o conflito. Vale ressaltar que essa ideia de agradecimento, bastante discutível, precisa ser observada dentro do contexto da época, considerando também a embriaguez do marinheiro e o êxtase do momento. Isso pode explicar tal fato ter passado imune às críticas ao longo de décadas.
Todavia, ainda temos alguns agravantes na história. Posteriormente descobriu-se que o nome do marinheiro era George Mendonsa e que ele estava acompanhado de sua noiva, Rita. Além disso, Alfred tirou quatro fotos desse momento e em uma delas pode-se ver ela ao fundo rindo, sem se importar com o comportamento dele. Tanto que casaram pouco tempo depois.
Ou seja, eles eram completos desconhecidos e que depois do momento, nunca mais tiveram contato.
Quem era a “enfermeira” de O Beijo em Times Square?
A identidade da enfermeira, como o fotógrafo não identificou os personagens, também era envolta em mistério. Para se ter uma ideia, por muito tempo acreditou-se que a mulher da foto era Edith Shain. Entretanto, em 2012, os autores do livro “The Kissing Sailor” utilizaram pesquisas com antropólogos forenses para chegar à conclusão de que a moça era Greta Zimmer Friedman.
Temos aí uma coincidência, pois Greta, assim como Eisentaedt, também era uma fugitiva do nazismo. No entanto, ela era austríaca e foi para os EUA quando seu país foi anexado pelos alemães. Além disso, Greta sofreu uma tragédia pessoal, pois seus pais não conseguiram escapar e acabaram falecendo em um campo de concentração.
O mais inusitado é que ela não sabia que havia sido fotografada. Greta só veio a descobrir isso 20 anos depois, ao ler um livro. Ela chegou a pedir uma cópia da foto, mas a revista Life recusou, alegando que muitas diziam ser a mulher da foto. Contudo, a pior parte foi a declaração que ela deu em 2005 para o Veterans History Project, em que relembrou o ocorrido:
“De repente, eu fui agarrada pelo marinheiro. Não era exatamente um beijo. Senti que ele era muito forte, e estava me segurando firme. Não tenho certeza sobre o beijo… era só alguém celebrando. Não era um evento romântico”.
Dessa forma, mesmo com a narrativa que se criou, na verdade, a icônica foto era de uma mulher que foi beijada à força por alguém alcoolizado. Apesar de todos esses fatos revelados, a imagem continua sendo associada ao amor até os dias atuais.
Por fim, uma curiosidade adicional: ela nem sequer era uma enfermeira, mas sim uma assistente de dentista, o que explicava as roupas brancas.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA