É inquestionável a contribuição de Cândido Portinari para a arte brasileira e mundial. Falamos de um artista que retratou como poucos a realidade do nosso país. No entanto, a sua participação foi além dos quadros que pintou, ela também se estendeu à literatura.
Isso ocorreu porque ele participou de um projeto na década de 40, ilustrando “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, um dos muitos clássicos de Machado de Assis. Por décadas, esse tesouro artístico ficou esquecido, mas recentemente a editora Antofágica o resgatou, republicando essa edição que contou com uma tiragem limitada na época.
Capa da versão ilustrada por Portinari
Vamos falar um pouco mais sobre este projeto, assim como mostrar algumas das muitas ilustrações de Portinari para o livro.
A idealização do projeto de ilustrar Memórias Póstumas de Brás Cubas
Durante a primeira metade do século XX, era bastante comum empresários, barões, entre outros mecenas investirem em arte. Os motivos eram diversos, mas ainda que boa parte o fizesse apenas por status, essas contribuições estão presentes até hoje em museus, centros de exposições, pinturas, entre outros.
O caso do livro se enquadra nesta situação, pois foi o empresário e mecena Raymundo de Castro Maia que encomendou a Candido Portinari uma série de desenhos inspirados em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, clássico de Machado de Assis.
Seu intuito era colocar as artes em um livro feito especialmente para a Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil. Sua criação veio para incentivar a publicação no país de obras feitas com grande esmero, em edições de luxo e tiragem limitada.
Esse tipo de produção hoje é bastante comum, mas para a época, era visto como uma grande novidade. O pedido foi feito no começo da década de 40, e o lançamento do livro ocorreu em 1944, com uma tiragem de apenas 400 exemplares. Eles rapidamente se esgotaram, indo parar nas mãos de colecionadores individuais.
Tal fato prejudicou o conhecimento da obra pelo grande público, e isso fez com que o livro e os desenhos caíssem no esquecimento. Posteriormente, a obra ressurgiu e ganhou uma nova versão que foi lançada em 2019.
Como Cândido Portinari se inspirou para criar as artes para o livro?
Temos um número bastante impressionante de desenhos feitos por Portinari para “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. São, ao todo, sete águas-fortes (gravuras feitas com metal) e 74 desenhos feitos em clichê, todos inspirados na narrativa do defunto autor.
São diversas imagens baseadas nas mais diferentes passagens da história presente nas 456 páginas do livro de Machado de Assis. O melhor relato sobre essas criações vieram do próprio Portinari, quando enviou uma carta para Mário de Andrade falando sobre o projeto:
“Já comecei a fazer o Brás Cubas. Fiz o plano e estou executando. Em vez de fazer vinhetas, fiz o retrato de cada personagem; ainda faltam alguns. Já gravei uma placa — gostaria que v. a visse, pois creio que progredi muito. Estou respeitando o texto — tenho estudado indumentária. Os retratos estou procurando dar um jeitão de gente que existiu mesmo”
Sobre as imagens presentes no livro
Diferente do que muitos podem imaginar, não estamos falando de pinturas coloridas, mas sim de desenhos em preto e branco, que em muitos momentos até mesmo parecem rascunhos. A própria capa do livro é um dos seus desenhos. Confira abaixo alguns deles e seus respectivos títulos (destacando que boa parte conta também com a assinatura de Portinari e o ano de 1943):
Velório
Óbito do Autor
O primeiro Beijo
O Delírio
Menina Rezando
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA