A cidade de São Paulo é famosa por ser um pólo cultural diverso, com arte para todos os gostos e preferências. E dentro deste universo, talvez um dos pontos turísticos mais peculiares e interessantes seja o Beco do Batman, na Vila Madelena.
“O que antes era um ponto de encontro de grafiteiros agora se tornou referência na cidade quando o assunto é arte urbana. Pensando nisso, hoje vamos falar um pouco sobre como ocorreu essa transformação do local e como ele está atualmente.
Beco do Batman: desde o início uma fonte de referências ao herói
Parece até o nome de um filme do Homem-Morcego, não é mesmo? Mas o fato é que o local, muito antes de ser conhecido por esse nome, já contava com algumas alusões ao herói da DC. Isso ocorria porque a viela sem nome, que ligava a rua Harmonia à Medeiros de Albuquerque, era um lugar ermo e escuro, iluminado apenas pela lanterna dos poucos carros de moradores ou passantes esporádicos.
Esse cenário sombrio fez com que, por muitas décadas, as crianças da região usassem o lugar como uma referência à Batcaverna. Contudo, o polo artístico demorou a surgir.
Os diversos nomes do espaço ao longo da história
Inicialmente, a região da Vila Madalena era distante do centro, com o Beco do Batman sendo ainda mais periférico. Isso mudou com a chegada da Imporbox, uma serralheria, produtora de boxes de acrílico com alumínio, que levou mais gente para o bairro. Por um tempo, a região ficou conhecida pelo nome da empresa e era local de prática de esportes, como futebol e vôlei.
Durante os anos 70, ele passou a ser conhecido como o ‘larguinho’, sendo principalmente um ponto de encontro para as pessoas jogarem bola. Foi nessa época que começou o hábito de pintar a região, por conta da Copa do Mundo. Muitos jovens da época também se reuniam ali para paquerar, ao som de música vinda dos carros estacionados por lá.
A mudança para o aspecto artístico ocorreu entre as décadas de 80 e 90, quando estudantes da USP começaram a se mudar para a região.”
Os primeiros grafites do beco e a lenda por trás do nome “Beco do Batman”
A mudança dos moradores da Vila Madalena (a alta presença de jovens estudantes e artistas), que além do estudo, também frequentavam os bares da região, começou a tornar o bairro um polo artístico e cultural, o que atraiu artistas como Zé Carratu e seu grupo, o Tupinaodá, o primeiro coletivo de arte urbana do Brasil.
Eles foram os primeiros a grafitar o beco, quando esse tipo de arte sequer ainda tinha esse nome. Inclusive, eles pintaram muitos outros muros da região, como explicou Zé Carratu ao site da Galeria ZIV, que fica no próprio Beco do Batman.
Finalmente, após a passagem de Zé Carratu, Tupinaodá e Alex Vallauri (o pioneiro do graffiti no Brasil), chegou a famosa pintura do Batman, que há muito tempo não está mais lá.
Segundo Carratu, ela era feita em estêncil e estava localizada em uma parede à direita da viela, vindo da rua Harmonia, em uma inclinação, antes de chegar ao ‘larguinho’. Ela surgiu da noite para o dia no final da década de 80 e tem autoria incerta, com diversas teorias levantadas pelos frequentadores do local.
Carratu cita dois garotos de São Caetano do Sul, há quem cite um cenógrafo que prefere não falar no assunto, além de outros grafiteiros. Fato é que a presença dela consolidou o local como ponto artístico e cultural, fazendo com que nas décadas seguintes o lugar ficasse repleto de grafites, se tornando o museu a céu aberto como conhecemos hoje.
O Beco do Batman nos dias de hoje
A mudança ao longo das décadas na região fez com que ali fosse um ponto artístico que até ganhou placas de acesso no bairro. O lugar é frequentado praticamente todos os dias da semana por quem quer conhecer, tirar fotos ou mesmo fazer selfies em meio aos inúmeros grafites do Beco do Batman.
O funcionamento da região também mudou, pois desde 2015 não passam mais carros na viela e desde 2016 ali conta com iluminação noturna. Apesar disso, tivemos alguns problemas por conta do excesso de barulho à noite, o que fez com que um dos moradores pintasse o muro de sua casa de cinza. Felizmente, o problema foi resolvido, e hoje ele está pintado normalmente.
Seu funcionamento hoje é bastante curioso: começa que as obras não são fixas. Ou seja, daqui um tempo, quem foi lá, deve encontrar obras totalmente diferentes. Contudo, há uma organização em meio ao disputadíssimo espaço: apenas o próprio artista pode pintar por cima de uma obra sua ou então um outro artista pode fazê-lo, desde que com autorização do atual.
Para manter o espaço bem cuidado, um grupo de artistas faz a manutenção dos muros periodicamente, mas sem alterar obra de nenhum dos outros. A obra que deu nome ao Beco do Batman infelizmente não está mais lá, mas na ZIV Gallery temos um novo grafite do homem-morcego, feito por Pedro Cobiaco, em parceria com a própria galeria e com a Warner.
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