O final do século XIX e o início do século XX foram momentos de efervescência artística, com muitos movimentos surgindo pelo mundo. Entre eles, destacamos o neoimpressionismo, tendo Georges Seurat como seu precursor. Tudo teve início com sua obra mais importante, intitulada “Uma Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte”.
Além de ser o pontapé inicial no movimento que veio para substituir o impressionismo (que Seurat fazia parte), ele também trouxe uma técnica inovadora para a época: o pontilhismo.
Hoje, vamos falar um pouco mais sobre ela e explicar o conceito por trás do pontilhismo.
Análise de Tarde de Domingo na Ilha de Grand Jatte
Primeiramente, vale mencionar o tamanho impressionante da obra, que mede 207,6 cm × 308 cm. Georges Seurat a pintou entre 1884 e 1886, e esse processo envolveu um extenso estudo antes de chegar à pintura final que conhecemos. Para compreender melhor, ele produziu cerca de 23 esboços e 38 telas preliminares.
Durante esse período de estudo e início da produção, Georges Seurat passou seis meses visitando a ilha diariamente. Ele pintava a paisagem nos dias de menor movimento e as figuras humanas nos fins de semana e feriados, tudo isso com o propósito de posteriormente incorporá-las à obra final. O resultado é uma pintura que retrata 48 pessoas, 8 barcos, 3 cães e 1 macaco.
Dentro deste grande número de pessoas temos diversas situações interessantes que merecem menção:
- A mulher com a criança, que está centralizada na obra, é a única a estar vindo em direção ao espectador. Apesar de quase todas as pessoas estarem com roupas coloridas, o fato de ela e a criança estarem de branco, lhes dão um destaque;
- Há um único macaco em toda a obra. Pode parecer estranho aos nossos olhos, mas na época, era bastante comum as pessoas terem macacos-prego como animais de estimação. No entanto, há uma mensagem subliminar de Seurat nisso. Isso se deve ao fato de que, na gíria da época, a palavra feminina para macaco era usada para se referir a prostitutas. Portanto, ele quis insinuar que a mulher retratada na pintura era uma profissional que estava saindo com um cliente. Vale ressaltar que, além disso, Seurat também tinha um gosto pessoal por macacos, o que poderia explicar sua escolha na composição da obra.
- O caso da mulher pescando é similar, pois como era proibida a prostituição na época, muitas disfarçavam com atitudes menos suspeitas;
- A escolha pela repetição de alguns padrões nas pessoas pintadas pode indicar uma sensação de ritmo. Contudo, também pode ser uma coincidência, já que falamos de vestimentas comuns para dias no parque (como sombrinhas, por exemplo).
A Técnica do pontilhismo
Para preparar a tela para a obra, Seurat começa a pintura cobrindo a tela com uma camada de fundo e depois retorna a cada área para trabalhar em detalhes. Isso também explica a quantidade de esboços e telas preliminares. Além disso, diferente da representação naturalista da cena, comum no impressionismo, pode-se notar uma busca pela harmonia das cores e o efeito que isso teria sobre o espectador. Isso já mostrava tendências que seriam vistas no neo-impressionismo.
Agora, vamos observar mais a fundo o pontilhismo. Trata-se de uma técnica desenvolvida pelo próprio Georges Seurat, a partir de experimentações feitas pelos impressionistas. O fato de ter sido vista pela primeira vez justamente no Tarde de Domingo na Ilha de Grand Jatte, que faz a obra ser tão revolucionária.
A técnica tem um entendimento bem simples, pois implica aplicar inúmeros pontos de cor pura na tela. Dessa forma, esses pontos se fundem na mente do espectador. Em vez de misturar as cores da paleta diretamente na tela, é o próprio olho que faz essa mescla para nós. Para alcançar esse efeito, basta que o espectador observe a obra de uma certa distância, e assim ocorrerá essa “fusão”.
Contrariamente ao que muitos podem imaginar Georges Seurat não criava as figuras utilizando apenas uma cor. Por exemplo, o verde brilhante da grama iluminada pelo sol é composto por pontos de amarelo e laranja, enquanto as áreas de sombra são compostas por azul e rosa.
Onde está a obra atualmente?
Um fato curioso é que “Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte” não foi bem aceita inicialmente e acabou sendo comprada por um empresário estadunidense, que a presenteou a sua filha. Apesar dos esforços da França para tentar recuperá-la, a obra permanece até hoje no Art Institute Of Chicago.
Aprenda Pintura na ABRA
Você conhecia a técnica do pontilhismo? E o que acha de poder aprender mais sobre a aplicação das cores e poder criar suas próprias obras a partir das experiências de grandes mestres? Pensando nisso, que a ABRA oferece o curso presencial de “Teoria e Aplicação das Cores”.
Através do nosso curso, além da aplicação intuitiva (que muitos artistas já possuem), também será possível aliar isso a entender aspectos físicos da cor conhecer os experimentos cromáticos de grandes estudiosos e saber como preparar e aplicar as cores. Tudo isso será de grande ajuda no desenvolvimento do processo criativo.
Conheça agora mesmo os benefícios e metodologias dos cursos clicando aqui e faça a sua matrícula agora mesmo!
Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA