A Festa Junina é uma das principais manifestações culturais brasileiras, que pode ser vista através dos festejos, das comidas e danças típicas. Sendo um evento de tanta importância em nossa história, é natural que conte com diversas representações artísticas.
Quando falamos em obras relacionadas a data, muitos lembram primeiro de Alfredo Volpi por conta de suas pinturas com bandeirinhas. Contudo, temos um bom número de outros artistas que já retratam a festa junina, os quais mostraremos adiante.
A origem da festa junina
Primeiramente, vamos falar um pouco sobre a origem da data. Como alguns feriados religiosos, essa festa tem uma origem pagã. Neste caso, ela tem relação direta com o solstício de verão no hemisfério norte, que ocorre entre os dias 21 e 22 de junho.
Dessa forma, civilizações antigas, como as gregas, egípcias e celtas, comemoravam essa passagem do calendário com festas regadas ao calor do fogo, muita bebida e comida.
Além de uma celebração à fertilidade, elas também serviam para pedir aos seus respectivos deuses para que eles trouxessem fartura nas próximas colheitas.
Com a evangelização da Europa, esses festejos foram incorporados ao calendário religioso. A ideia era principalmente facilitar o processo de catequese destes povos, assim como enfraquecer a ideologia de suas crenças.
Agora, sobre como a festa junina chegou ao Brasil, a tradição partiu da colonização portuguesa. Entretanto, a forma como celebramos hoje é, na verdade, uma miscelânea de diversas culturas, como a africana, indígena e até mesmo de países europeus.
Podemos ver isso através das comidas típicas, no vestuário, nas danças e até mesmo na presença da fogueira nas festividades. Isso faz com que a festa junina brasileira seja única, mesmo com outros locais ao redor do mundo também realizando esse tipo de evento.
Obras que retratam a festa junina
Como já mencionamos, temos diversos artistas históricos que registraram os festejos juninos. Então, trouxemos algumas das principais obras que mostram a celebração:
1 – Portinari: Festa de São João (1936-39)
A primeira pintura que destacaremos é a de Cândido Portinari. Ao contrário da grande maioria, nesta ele não retrata a festa em si, mas seus preparativos. O artista, em muitas de suas obras, visa retratar a realidade do povo brasileiro e, neste caso, o fez através de uma das principais comemorações do país.
Como podemos ver em outras obras de Portinari, ele traz uma paleta com variações de marrons, vermelhos terrosos e ocres (fazendo uma evocação da terra, do lugar e da origem), contrastando com tons de branco e azuis.
Ela faz parte da galeria do Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (Malba) e com uma curiosidade: além da pintura original, também temos o seu esboço lá. Infelizmente, é a única desta lista que se sabe a qual acervo faz parte.
2 – Di Cavalcanti: São João (1969)
Assim como Portinari, Di Cavalcanti também conta com muitas obras que buscam retratar o cotidiano do povo brasileiro.
Em muitas delas, ele explora a sensualidade da mulher brasileira, o que fez com que ele fosse apelidado de ‘pintor das mulatas’. Contudo, nesta obra, curiosamente, não temos nenhuma representação mais sensual.
Em contrapartida, temos diversos elementos presentes na festa junina, como o balão, a quadrilha (com os noivos à direita), o pau de sebo, entre outros.
3 – Djanira da Motta e Silva: Festa Junina (1968)
Trata-se de uma pintora autodidata que contou com muita influência do modernismo brasileiro, especialmente de Anita Malfatti, Portinari e Tarsila do Amaral.
Muitas de suas obras retratam suas origens e seu contato com o povo mais humilde do campo, o que inclusive pode ser visto na sua pintura acima, “Festa Junina”, na qual ela traz os festejos típicos de cidades do interior.
Um fato interessante sobre esta obra é que ela foi pintada em guache, saindo um pouco das tradicionais pinturas a óleo que costumamos ver.
4 – Alfredo Volpi: Festa de São João (1953)
Alfredo Volpi não poderia ficar de fora desta lista e, neste caso, trouxemos a obra ‘Festa de São João’ de 1953.
Ela é da fase em que ele pintava fachadas e estava iniciando suas pinturas com bandeirinhas. Lembrando que Volpi nunca gostou da fama de ‘pintor de bandeirinhas’; ele sempre se definiu como um pintor de ‘cores e formas’.
Uma curiosidade sobre o artista é que ele era autodidata e também criava suas próprias tintas e pincéis.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA