Ao pensar em design de interiores e organização de ambientes privados ou públicos atualmente, a questão de acessibilidade passou a ser um dos temas centrais. Entretanto aqui não falamos apenas de cadeirantes ou mobilidade reduzida, mas no termo mais abrangente (deficientes visuais, obesos, etc.).
NBR 9050: a evolução da acessibilidade ao longo dos anos
Um dos referenciais quando falamos de regras de acessibilidade é a NBR 9050. Elaborada pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) em 1985 com diversos desenhos técnicos, foi a primeira abordagem ao tema. Contudo, na época passou longe da formação dos profissionais de arquitetura e urbanismo.
Ela recebeu revisões em três ocasiões: 1994, 2004 e 2015, mas foi na última que tivemos as maiores mudanças. No lugar dos desenhos, entraram longos textos com temáticas direcionadas a explicação para os profissionais da área (aqui já inclusos os designers de interiores). Só que com tantas especificações, algumas normas complementares foram necessárias.
Podemos destacar duas: NM 313 de 2007 (que substituiu a antiga norma de elevadores NBR 13.994) e a NBR 16.537 de 2016 que trata exclusivamente sobre sinalização tátil. Essa mudança ao longo dos anos da NBR 9050 trouxe diversos avanços importantes. Por exemplo: cão guia, os intérpretes de língua de sinais e as tecnologias assistivas são agora parte integrante dos projetos.
Além disso, transportes e comunicação também foram inclusos, não ficando mais restritos os projetos as áreas urbanas. Atualmente ela é das mais consultada na ABNT e tanto o CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo), como o CREA exigem o cumprimento da NBR 9050 no momento do cadastro de um trabalho técnico de seus profissionais.
O design de interiores e a acessibilidade
Parte do que foi citado anteriormente refere-se especialmente a projetos de arquitetura e urbanismo. Por exemplo: escadas, elevadores, rampas etc. Entretanto a parte do design de interiores em um ambiente acessível também se faz de vital importância. Primeiramente é preciso observar quem será o usuário daquele ambiente em que se desenvolverá o trabalho.
Por exemplo: um ambiente para um cadeirante será diferente para alguém com mobilidade reduzida, como será diferente para um idoso, entre outros. Para cada caso, haverá algumas diferenças nos ambientes. No entanto se pensarmos em espaços públicos, todas as variáveis precisam ser levadas em conta, para torná-lo o mais acessível possível.
Ambientes externos
Em primeiro lugar, falaremos do exterior e aqui é importante destacar que também estão inclusos exemplos estruturais, ou seja, da parte de arquitetura e engenharia. No entanto também temos obras que podem ser feitas por um design de interiores.
- Escadas e rampas – para circular e/ou acessar o local devemos ter rampas para pessoas com mobilidade reduzida. Caso não seja possível, que sejam colocados elevadores para possibilitar o acesso deles. Corrimão em ambos, fita antiderrapante, bordas de proteção (no caso de rampas), guia para deficientes visuais e plataforma de descanso para idosos (no caso da escadaria) são apenas alguns dos exemplos do que não pode faltar;
- Calçadas – primeiramente é preciso que elas sejam regulares, para facilitar o trânsito de todo tipo de gente sem riscos de acidente. Depois ter pisos especiais para deficientes visuais (de cor e textura diferenciadas) e que estes não tenham com nenhum tipo de obstáculo. Rampas de acesso para mudanças de nível também são fundamentais;
- Elevadores – contando com espaço mínimo (segundo a NM 313:2007, adotada pela ABNT, 1,40m de profundidade x 1,10 de largura). Importante a botoeira contar com uma altura menor, com teclas em braile e anúncio sonoro;
- Outros – objetos como lixeiras, telefones públicos, entre outros devem contar com uma altura condizente para atender pessoas de mobilidade reduzida.
Ambientes internos
Aqui praticamente todos os ambientes têm sua especificidade, de acordo com a necessidade dos moradores. Acessibilidade para idosos ganha importância ano a ano, pelo seu aumento na sociedade. Agora vamos aos principais exemplos:
- Disposição dos móveis – precisam ser alocados de forma a possibilitar circular no ambiente com cadeira de rodas ou então andadores;
- Pintura e iluminação – quanto mais claros os ambientes, melhor para facilitar o deslocamento. Assim como um piso com cor bem diferente das paredes, como forma de deixar bem demarcada a área do lugar;
- Piso – colocar pisos que não escorregam, especialmente em banheiros, cozinha e áreas externas, pois assim evita-se o risco de escorregões. Tentar também eliminar desníveis e degraus, mas caso não seja possível corrimãos, fitas antiderrapantes, iluminação e guarda corpos são uma boa alternativa;
- Cama e cortinas – Apesar de práticas, camas box não são o ideal, sendo melhores as tradicionais, mais baixas. No caso das cortinas, optar pelas clássicas de pano, pois estas demandam menos esforço que as persianas;
- Banheiro – por fim, um dos principais problemas ao falarmos de acessibilidade. Isso porque aqui é onde costumam ocorrer mais acidentes. As opções são muitas, mas podemos citar as barras de segurança para proteção e utilização do vaso sanitário. Para o chuveiro um banco articulado, também usar barras horizontais e verticais, além de um controle de fluxo de água manual e acionamento por alavanca.
Conclusão
Os exemplos de acessibilidade são muitos, tanto que trouxemos apenas uma pequena parte das situações. Sendo assim, é preciso atenção na hora de fazer o projeto, para atender exatamente as necessidades de quem usará aquele ambiente. Apesar de similares em alguns pontos, necessidade de pessoas com mobilidade reduzida e idosos por exemplo, tem diferenças.
Mais do que apenas fazer um projeto acessível, se falarmos de um local público ou de grande fluxo, será um investimento para o futuro, mesmo que pareça um gasto excessivo. Afinal, com a média de idade crescendo, cada vez mais ambientes assim terão vantagem, pois famílias com pessoas nessas condições ou mesmo elas sozinhas, buscarão o lugar que lhes oferece mais conforto.
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