Anteriormente falamos sobre a história do cubismo e a obra que é tida como marco inicial é “Les Demoiselles d’Avignon”. Pois ela será nosso tema de hoje, em que traremos mais detalhes sobre sua concepção e as inspirações de Picasso em uma de suas pinturas mais importantes, que revolucionou o mundo artístico.   

As inspirações de Picasso para “Les Demoiselles d’Avignon”  

O artista saia do que era chamada sua “fase azul” (momento em que predominava o pigmento em suas obras e que acredita-se, motivada por uma tristeza pela perda de um amigo, que se suicidou) e buscava criar algo inovador. Isso fica mais claro ao sabermos que foram centenas de desenhos e pinturas preparatórias para criação de “Les Demoiselles d’Avignon” .  

O contexto histórico da arte na Europa já vinha trazendo obras pós-impressionistas como as de Cézanne (uma das inspirações de Picasso). Só que o espanhol queria ir mais além e ao longo da concepção de “Les Demoiselles d’Avignon” juntou referências ao estilo ibérico, com a arte de máscaras africanas.   

Inclusive foi em 1907 que ele se deparou pela primeira vez com a arte africana, ao visitar o Musée d’Ethnographie du Trocadéro em Paris, o 1º museu antropológico da cidade. O impacto delas foi tão grande em Picasso, que serviram de inspiração para sua obra prima.                                                     

Um fato curioso é o local que ele escolheu para representar, pois apesar do nome francês, trata-se de um local espanhol. Era uma rua em Barcelona, chamada Carrer d’Avinyó, famosa pelos seus bordéis.

Les Demoiselles d’Avignon – Picasso

Primeiramente vale observar referências ao barroco, especialmente na escolha do tema. Isso porque este estilo buscava retratar mais o cotidiano, enquanto outros tinham como foco ídolos religiosos ou a nobreza.   

Posteriormente podemos nos ater aos rostos das prostitutas, pois temos os dois à direita pintados com referência a arte africana, enquanto os outros três seguem o estilo ibérico. Inclusive para alguns, a primeira à esquerda traz inspirações de pinturas egípcias.  

Outra coisa que vale observar é a ruptura da perspectiva tradicional das pinturas da época. Tanto que temos uma composição que não traz uma sensação de profundidade, mas sim de bidimensionalidade. Ainda assim, temos algumas partes que parecem projetar-se para frente, como a natureza morta em primeiro plano.  

Em “Les Demoiselles d’Avignon” não temos a noção do claro-escuro presente nas obras até então. Isso porque Picasso opta pelo uso de cores fortes. Neste caso o contraste fica entre a cor rosada da pele das mulheres e o fundo, que conta com cores azul, branca e marrom. Inclusive o próprio fundo é fragmentado, reforçando a ideia de falta de profundidade da pintura.  

Por fim é podemos destacar a disposição uniforme das garotas e o fato de elas olharem o espectador, como se representando de fato uma cena cotidiana da região.  

Curiosidades sobre “Les Demoiselles d’Avignon”  

• Picasso estava tão inseguro sobre esta obra, que ela foi ser exposta apenas em 1916. Como esperado, ela foi aclamada por muitos, mas vista como imoral e obscena (especialmente pelo tema escolhido);  
• Inicialmente a obra deveria conter três mulheres e dois homens, mas esta ideia acabou abandonada pelo artista;  
• Atualmente ela encontra-se exposta no MoMa em Nova York. Contudo existe uma história curiosa sobre, pois Picasso vendeu a obra para Jacques Doucet, pois acreditava que ele estipularia que ela fosse dada ao Museu do Louvre quando morresse. Entretanto isso não se confirmou e após sua morte, ela passou pelas mãos de negociantes privados. Isso foi até 1937, quando ela foi exposta na Jacques Seligmann and Co. em Nova York. Segundo relato, o então diretor do museu fez com que comprassem “Les Demoiselles d’Avignon”, que foi exposto lá pela primeira vez em 1939, permanecendo até hoje.  

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