A partir do próximo dia 21 de outubro, chegará a São Paulo a exposição “Monet à Beira D’água”. Trata-se de uma mostra imersiva do pintor francês, ícone do impressionismo, que destacará cerca de 280 de suas obras, com projeções 360º. Aqui uma breve definição sobre o que poderá ser visto:
“Uma exposição que o levará em uma viagem sensorial pelas paisagens pintadas pelo artista francês às margens de rios, mares e lagos. Projetadas das paredes ao chão, as pinturas apresentam-se em sequências de animações digitais 2D e 3D, formando oito narrativas audiovisuais”.
Entre tantas obras, temos como destaque cinco séries de Claude Monet. São elas: Estação Saint-Lazare (1877), da Catedral de Rouen (1892-93), do Lago das Ninfeias (1895-1926), do Palácio de Westminster (1899-1901) e do Grand Canal de Veneza (1908). E hoje falaremos um pouco sobre cada uma delas, que são parte do imenso acervo do artista.
Série estação de Saint-Lazare (1877)
Ela conta com 12 obras e foi um marco na carreira artística de Claude Monet, pois foi a primeira vez que ele fez uma série de pinturas em que se concentrou em um único tema. Inicialmente a ideia do artista era de pintar a estação Paris-Nord, mas acabou pedindo permissão ao diretor da Compagnie des Chemins de fer de l’Ouest para pintar ao ar livre a estação de Saint-Lazare.
A partir daí, as obras de Claude Monet retrataram o interior esfumaçado da estação nas mais variadas condições atmosféricas. Além disso, ele também buscou retratar o local de ângulos diversos. Desta dúzia de pinturas, oito deles fizeram parte da Terceira Exposição Impressionista de abril de 1877, realizada em Paris.
Série Catedral de Rouen (1892-93)
Esta série de Monet é bem maior, contanto com mais de 30 quadros. Ele a realizou entre os anos de 1892 e 1893, pintando a fachada da Catedral de Rouen em diferentes momentos do dia e do ano. Contudo, ele retrabalhou nelas em 1894, antes de colocar parte do conjunto de obras à venda um ano depois.
Colocadas na galeria de um negociante amigo seu, Claude Monet vendeu oito delas no período. Com isso a coleção não ficou completa, como muitos franceses gostariam que estivesse para visitação pública, chegando até mesmo a apelar para que o estado as comprasse, o que não foi atendido.
Segundo o próprio artista, esta foi uma de suas séries mais difíceis, pois por conta da incidência da luz, ele alegava que a cada dia ele via um detalhe novo na Catedral de Rouen, o que segundo Monet, o fazia “pintar o impossível”.
Com isso, um dos principais destaques da série de obras, para além do próprio tema, era a importância da luz na nossa percepção de um assunto. Inclusive para Monet, esse fato passou a ser tão importante quanto o próprio objeto a ser pintado. Especialmente para este conjunto de pinturas, o artista optou por utilizar camadas de tinta ricamente texturizadas, de forma a retratar a natureza intrincada do local.
Série o Lago das Ninfeias (1895-1926)
Uma das salas do Museu Orangerie, projetadas com ajuda de Claude Monet
Temos aqui a grande paixão de Claude Monet, suas ninfeias (ou nenúfares). Falamos aqui de uma série com incríveis mais de 250 quadros. Sendo assim, é bastante complexo explicar detalhadamente cada uma delas, já que foram feitas em diferentes períodos da vida do artista.
Por exemplo, um grupo que se destaca bastante foi o das obras chamadas “ponte japonesa e lago com nenúfares”. Esta seguia um padrão similar ao das obras anteriores: retratar um mesmo tema em diferentes ângulos, períodos do dia e estações do ano.
Só que sem dúvida o conjunto mais grandioso (e um dos mais impressionantes do artista), são a série de painéis pintados por ele para o Museu Orangerie, em Paris. Ele levou nada menos que 12 anos (durante o período começou a ter problemas de visão, mas conseguiu terminar a obra).
Para se ter uma ideia da grandiosidade do projeto, o próprio Monet esteve junto do arquiteto Camille Lefèvre, para que o local onde eles ficariam estivesse exatamente de acordo com o que tinha idealizado. Dessa forma, os painéis de quase dois metros de altura, com comprimento total de 91 metros ficaram dispostos em duas salas sucessivas, de plantas ovais que formam o símbolo do infinito.
Cada um deles tem bancos no centro, também em formato oval, para que suas obras possam ser contempladas. Temos um total de oito painéis e segundo Monet, a ideia é que um dia as quatro estações passassem diante dos olhos dos espectadores naquelas salas.
Série do Palácio de Westminster (1899-1901)
Esta série de pinturas foi feita durante a estadia de Claude Monet em Londres. Entretanto, elas trazem uma diferença em relação às anteriores: desta vez não temos ângulos diferentes do Palácio de Westminster. Apesar de ainda termos as capturas em diferentes momentos do dia e do ano (ele pintou outono de 1899 e nos primeiros meses de 1900 e 1901), todas as capturas são do mesmo lugar.
Ele retratou o Palácio do mesmo ponto de vista: sua janela ou um terraço no Hospital St Thomas com vista para o Tâmisa. Outra diferença é que já ali ele passou a retrabalhar a obra não estando mais à frente dela. Em muitos momentos inclusive ele o fez a partir de fotografias do local.
Série do Grand Canal de Veneza (1908)
Por fim, temos a série de 37 obras que Claude Monet pintou enquanto esteve na Itália. Dentre estas obras, temos uma menor chamada “Le Grand Canal”, que conta com seis quadros. Ele as fez como as outras: pintando-as em diferentes períodos do dia este trecho da hidrovia, perto da igreja de Santa Maria della Salute.
Durante sua estada em Veneza, ele ficou sempre acomodado na região do Grande Canal, primeiro no Palazzo Barbaro e depois em um hotel próximo. Contudo, desta vez as linhas da construção foram reduzidas a contornos, mas mantendo os traços fortes das bordas do edifício, que criam uma grade vertical e horizontal no canto direito. Além disso, as linhas verticais da pintura são enfatizadas pelos postes de gôndola saindo da água e alcançando o céu.
O fato de Claude Monet ter pintado do centro do canal, dá ao espectador a sensação de estar dentro dos canais, com a própria construção flutuando ao fundo, graças aos efeitos de seu reflexo na água, retratados pelo artista.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA