Pierre – Auguste Renoir sem dúvida nenhuma está entre os grandes nomes da história da pintura. Ao longo de sua vida, ele teve duas fases marcantes: a do impressionismo e mais para o final de sua vida, no estilo clássico. Esse último veio após uma visita à Itália, onde estudou obras de mestres do gênero.
Contudo, a obra da qual falaremos antes é de sua fase impressionista e tida como uma das mais importantes do movimento: “O Almoço dos Barqueiros”.
O Almoço dos Barqueiros: uma obra que saia do lugar comum impressionista
Renoir pintou este quadro entre 1880 e 1881 e chamava atenção a escolha do tema: os subúrbios. Isso porque os impressionistas normalmente escolhiam como tema, cenas da cidade (grandes centros), mas ele optou por algo diferente. Ele desde o início de sua obra, tratava-a como um ambicioso projeto, juntamente com o fato de ter como tema um desejo antigo seu: remadores.
A ideia era poder representar a sociedade francesa do final do século XIX, com diversas classes juntas. Já o local escolhido foi o Maison Fournaise, em Chatou, pois era um dos mais populares de Paris e também um dos favoritos do pintor.
Análise da obra
Em primeiro lugar, é interessante observar que, ao invés de priorizar algum aspecto mais íntimo, Renoir opta por dar enfoque a atmosfera geral, dando importância para todos na obra. Apesar de falarmos de um ambiente de subúrbio, a paisagem (característica destacável do impressionismo) está presente, com o cenário do Rio Sena ao fundo, junto com barcos.
Ao olharmos a obra, temos a impressão de ver uma cena casual retratada, mas ela foi cuidadosamente pensada por Renoir. A sua concepção inclusive foi feita em seu atelier, com as pessoas da foto indo lá para posar. A explicação é que todos presentes na cena, eram amigos do pintor.
A pintura “O Almoço dos Barqueiros” também foi geometricamente pensada pelo artista. Pode-se inclusive notar a linha diagonal que sai da mesa no canto esquerdo e sobe em direção à extremidade direita, trazendo a noção de profundidade para quem a vê. Juntamente com ela, temos uma natureza morta à mesa, tema que voltava a estar em alta na época.
Só que talvez o que mais chame atenção é que mesmo sendo uma obra impressionista, Renoir não as “mistura” as pessoas com a paisagem, mas sim procura deixá-las mais nítidas. Esse respeito pelas formas, era também um prenúncio de sua fase clássica, que viria a seguir.
Por fim, vale destacar outras características do impressionismo presentes na obra: as pinceladas cintilantes, as cores “puras” e o jogo de luz, usado para distinguir os elementos no movimento impressionista. Juntamente com isso, a se destacar a precisão da localização da luz na obra.
Curiosidades sobre “O Almoço dos Barqueiros”
Como citamos antes, todos presentes na obra, eram amigos de Renoir, mas o destaque fica para Aline Charigot, que viria a ser sua esposa (brincando com o cachorro). Ainda na mesa temos a atriz Angèle Legault e o pintor Gustave Caillebotte (de chapéu) a seu lado. Já o jornalista italiano Adrien Maggiolo é o que está em pé ao lado dela.
Já no corrimão, temos um homem apoiado e uma mulher, mais ao fundo. Ambos são os filhos do proprietário do Maison Fournaise: Alphonse Fournaise Jr e Louise-Alphonsine Fournaise, respectivamente. Juntamente com ela, temos um homem de costas, com um chapéu marrom. Trata-se do antigo prefeito da Saigon Colonial, Baron Raoul Barbier.
Ainda na segunda mesa temos a atriz Ellen Andrée tomando vinho. Há um outro rapaz na mesa, mas não se sabe a identidade dele. À direita temos um grupo de três pessoas conversando. A mulher é a atriz Jeanne Samary. Já conversando com ela, temos o artista Paul Lhote (de chapéu claro) e em frente a ela, o burocrata Eugène Pierre Lestringez (de cartola).
Por fim, temos dois homens conversando ao fundo. Trata-se do poeta e crítico Jules Laforgue e conversando com ele, de costas e cartola, o historiador de arte Charles Ephrussi.
Além dessa composição de nomes conhecidos da sociedade parisiense da época, também podemos destacar:
- O local que serviu de inspiração, o Maison Fournaise, existe até hoje na França;
- Ela foi exposta no Salão dos Impressionistas em Paris, em 1882 e foi considerada a melhor pintura da exposição;
- Posteriormente, foi adquirida pelo famoso negociante de arte Paul Durand-Ruel. Logo após, em 1923, comprada por Duncan Phillips. Ele a levou para museu de arte fundado por ele e sua mulher (Marjorie Acker Phillips), o “The Phillips Collection”, onde ele está até hoje.