A produção das comics estadunidenses se tornou globalizada. Isso porque talentos de várias partes do mundo desenham heróis, criam histórias e até mesmo desenvolvem novos personagens. E claro que dentro desta lista de artistas, temos muitos quadrinistas brasileiros inclusos.  

Até por muitas vezes usarem pseudônimos ou mesmo assinaturas que passam a impressão de nomes estrangeiros, pode passar batido a presença deles para os leitores aqui no Brasil. Por conta disso, destacaremos hoje alguns dos mais importantes quadrinistas nacionais que estão presentes nas duas maiores editoras de HQs do mundo. 

1 – Mike Deodato Jr. 

Trata-se de um dos mais antigos e talvez mais famoso dos quadrinistas brasileiros a trabalhar com comics. Sua vocação para área vem de família, pois seu pai Deodato Borges também criava quadrinhos, como, por exemplo “As Aventuras do Flama”, que surgiu nas novelas de rádio em 1963. 

Além de ensinar seu filho, eles chegaram a publicar “Carcará” juntos nos anos 80. Posteriormente nos anos 90 ele ingressa no mercado de HQs nos EUA, ao começar a desenhar a Mulher Maravilha (o que inclusive o tornou conhecido no Brasil também). Apesar de um começo promissor na DC, ele acabou contratado justamente pela maior rival, a Marvel pouco tempo depois. 

Pela casa das ideias, ele trabalhou em muitos grandes títulos como “Os Vingadores”, “Thor”, “Hulk”, além da revista mensal de “Elektra”. Ele seguiu na Marvel até 2019, fechando seu ciclo com trabalhos em Velho Logan, Thanos e Savage Avengers. Atualmente ele tem se dedicado a trabalhos independentes, como Berserker Unbound. 

2 – Ivan Reis 

Outro dos quadrinistas com muito destaque no mercado dos EUA, Ivan Reis começou aqui no Brasil ainda, trabalhando com Maurício de Souza. Ele iniciou no mercado estadunidense na Dark Horse, que inclusive costuma ser o início de muitos que tentam carreira por lá. Lá ele desenhou quadrinhos importantes como “Ghost”, “O Máscara”, “Time Cop” e “Xena”. 

Ele chegou então a Marvel e trabalhou em alguns projetos importantes como Homem de Ferro, Defensores, Vingadores, Mulher-Hulk, Visão e Capitão Marvel. Curiosamente, ele fez o caminho inverso de Mike Deodato Jr, pois em 2004 ele foi contratado para trabalhar exclusivamente na DC Comics. 

Seu trabalho na DC foi importantíssimo, sendo responsável, por exemplo, pela revitalização do Lanterna Verde em 2006. Inclusive, um ano depois ele recebeu o prêmio de melhor desenhista de quadrinhos, graças ao seu excelente trabalho gráfico. Ele trabalhou em projetos de sucesso como “Contagem Regressiva para Crise Infinita” e “Blackest Night” e “Brightest Day”, mega saga da editora entre os anos 2009 e 2010. 

Durante o reboot dos Novos 52, que visava relançar de uma forma simplificada personagens para a nova geração, ele assumiu uma difícil tarefa ao cuidar da revista do Aquaman. Isso porque o herói era sempre motivo de piadas e memes, mas junto ao escritor Geoff Johns, eles conseguiram o transformar num fenômeno de vendas e crítica e o elevar para um status poucas vezes visto entre os principais personagens da editora. 

Tamanha foi sua contribuição dentro da DC, que em 2017 ele recebeu uma exposição no Memorial da América Latina, em São Paulo, intitulada “A Era Heroica – O Universo DC Comics por Ivan Reis”. 

3 – Adriana Melo 

Ela conquistou uma carreira bastante respeitável nos EUA, sendo uma das importantes quadrinistas brasileiras por lá. Seu começo foi com o trabalho de desenhar parte de uma revista do Homem de Ferro. Posteriormente, esteve como desenhista de “Star Wars: Empire series”. Chegando na DC ela participou como capista da revista das Aves de Rapina, e em uma minissérie do Homem-Borracha. 

Um dos grandes momentos de Adriana Melo, foi quando trabalhava na série Witchblade, publicada pela Top Cow e com o selo da Image Comics. Eles fizeram um crossover com o personagem Justiceiro da Marvel e coube a ela desenhá-lo, sendo a primeira mulher a fazê-lo. Ela também chegou a trabalhar na editora, mas desenhando a personagem Ms Marvel. 

4 – Sergio Cariello 

Este foi um verdadeiro prodígio dos quadrinhos, pois conseguiu ter sua primeira história publicada ainda com 11 anos. Foi uma tirinha chamada “Frederico, o Detetive”, publicada em um jornal local e que se tornou periódica durante três anos.  

Ele conseguiu entrar no mercado estadunidense enquanto estudava na “Joe Kubert School of Cartoon and Graphic Art”. Lá ele se destacou ao fazer seu primeiro quadrinho, o “Dagon, the Worlds of HP Lovecraft”. Seu talento chamou atenção de Virginia Romita, que o contratou para trabalha na Marvel como letrista.   

Durante este período ele desenhou para os quadrinhos de Demolidor e trabalhou em Marvel Comics Presents: Spellbound. Tempos depois ele seguiu Pat Garrahay, que o convidou para trabalhar na DC, nos quadrinhos de Deathstroke.  

Desde então ele já desenhou os seguintes quadrinhos: Batman, Mulher Gato, Mulher Maravilha, Lanterna Verde, Flash, Azrael, entre muitos outros. 

5 – Rafael Albuquerque 

Ele fez um caminho um pouco diferente dos demais, construindo uma carreira sólida no Brasil. Inicialmente fez ilustrações e desenhou peças para o mercado publicitário brasileiro. Já em 2003 ele trabalhou na editora egípcia AK Comics e dois anos depois fundou sua própria editora, a PopArt Comics Studio, com outros quadrinistas. 

Feita com o direcionamento de produzir trabalhos para editoras estrangeiras, ele trabalhou com a Image Comics, que publicou uma obra de sua autoria, uma graphic novel chamada Crimeland. Trabalhou também para a Boom Studios ilustrando séries como Savage Brothers, Pirate Tales e Jeremiah Harm. 

Já com a DC Comics ele trabalhou em publicações importantes como Besouro Azul, Robin e Superman/Batman. Apesar de um currículo mais modesto que os demais, ele ganhou notoriedade pela série Vampiro Americano, escrita por Scott Snyder e o conhecido novelista Stephen King. Ela chegou a ganhar o prêmio Eisner em 2011 de melhor série nova. 

Inicialmente ele era apenas o desenhista da série, mas desde a edição de número 13, lhe foi atribuído o título de co-criador, que segue sendo publicada até hoje.

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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA