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O mês de abril marca a data da morte daquele que é visto como um dos grandes heróis da república brasileira: Tiradentes. Isso fez com que ele fosse um dos personagens mais retratados até hoje por artistas e das mais diversas formas. No entanto, nenhuma dessas obras causou tanto impacto quanto a de Pedro Américo, chamada “Tiradentes Esquartejado” (ou Tiradentes Supliciado, seu primeiro nome).

O cenário político que levou a criação de Tiradentes Esquartejado

Conhecer o cenário político do Brasil na época é fundamental para entender a escolha do tema. Isso porque a república fora proclamada em 1889 e não estava plenamente consolidada. Provas disso foram a renúncia de Deodoro em 1891 e duas revoltas no Sul: Revolta da Armada e Revolução Federalista, além da falta de apoio popular.

O governo precisava de uma maior integração neste novo projeto de construir uma nação. Mas, para isso faltava especialmente a figura de um herói, alguém que pudesse representar os ideais do povo. Apesar de tentarem com os generais que participaram da proclamação em 15 de novembro, as figuras de Deodoro, Benjamin Constant e Joaquim Floriano não conseguiram penetrar o imaginário popular.  

Sendo assim, havia a necessidade de alguém que evocasse esse desejo de liberdade, de ser um mártir contra a opressão do império. Pois, justamente Tiradentes atendia a todos esses requisitos. Além disso, ainda trazia outros elementos que compunham essa imagem do mártir: ele perdeu os pais cedo, sofreu com a pobreza (após a morte deles), trabalhou em diversas profissões de “pessoas comuns” e ainda tinha um histórico de ajudar o povo humilde.

A própria forma como sua execução ocorreu ajudava a completar o mito heroico. A razão é que houve uma carta de clemência a todos os presos na Inconfidência Mineira, que os livrou da morte, com exceção de Tiradentes, que apenas teve a troca de morte cruel, para enforcamento.

Ele não teve sua vida poupada por ser, dentro todos os revolucionários, aquele com patente militar mais baixa, assim como posição social humilde (tinham muitos ricos no movimento).

Tiradentes: a criação do herói da república

Todos esses fatores já faziam com que ele fosse uma figura bastante popular, sendo exaltado como herói pelos setores republicanos mais radicais da época. Os governantes tinham então nele a pessoa perfeita para iniciar o “panteão de heróis da república”.  

Todavia, mesmo sendo um símbolo da república e a data de sua morte (21 de abril) virar um feriado nacional em 1890, ainda faltava uma maior consolidação de Tiradentes como esse herói da integração nacional.

Ela se deu quando o país passava por uma série de reformas e construções de prédios que abrigassem as funções administrativas do novo governo. E para decorá-los foram feitas diversas pinturas que evocavam o culto patriótico e o país. E o escolhido para muitas delas era justamente Tiradentes, sempre como figura central.

Essas pinturas passaram a ser veiculadas em revistas, jornais e livros escolares, reforçando sua imagem como herói. É neste momento que ressurge a figura de Pedro Américo.

O pintor do império em um cenário de nova república

A importância na história da arte brasileira de Pedro Américo é inegável, tanto que muitas das pinturas “históricas” retratadas em livros são justamente dele. No entanto, a imagem dele para o momento da consolidação do país como uma nação democrática era, no mínimo, controversa.  

Apesar de estar simplesmente trabalhando como pintor da corte, sua imagem era fortemente associada ao império. Isso porque seus estudos no exterior foram financiados por Dom Pedro II e são dele quadros como “Independência ou Morte”, “Batalha do Avaí”, “Fala do Trono”, “Batalha de Campo Grande”, todos exaltando feitos da coroa.

Com o fim do regime, Pedro Américo perdeu este posto de pintor oficial do império, assim como sua posição como professor na Academia de Belas Artes. Essa relação muito próxima passou a ser um problema para ele, que tinha dificuldade de arrumar novos trabalhos.  

A série de cinco pinturas que nunca saiu do projeto

Para tentar se aproximar do atual governo, ele decide por conta própria criar uma série de cinco pinturas destacando passagens da Inconfidência Mineira. Eram elas: “a cena idílica de Gonzaga a bordar a fio de ouro o vestido nupcial de sua Marília”, “a mais importante das reuniões dos conjurados”, “a cena da constatação de óbito de Cláudio Manuel da Costa”, “a prisão de Tiradentes” e “Tiradentes Esquartejado”.

Contudo, apenas a última destas cinco obras foi finalizada, com as outras não saindo dos estudos de tela e esboços a óleo. Chama atenção o fato de ele ter começado a série pela última obra, o que segundo o próprio, prejudicou a interpretação de “Tiradentes Esquartejado”, pois faltava-lhe contexto.

Ele a pintou em Florença em apenas 13 dias e acredita-se que mesmo sem apoio governamental, ele tenha recebido o financiamento do Barão do Rio Branco, seu amigo e membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Inclusive, muitos atribuem a ele a escolha da Inconfidência Mineira como tema, assim como a sugestão de livros de referência para a criação das obras.

Análise de Tiradentes Esquartejado

A obra traz uma imagem nada comum para a época, pois mostra Tiradentes após o enforcamento e esquartejado, com os pedaços de seu corpo muito bem detalhados. A cabeça repousa sobre um pano branco, que tem um pouco de sangue, enquanto o troco está deitado no que se acredita ser o cadafalso da forca, mas com a parte inferior coberta por uma toalha. Por fim, temos uma das pernas pendurada com estacas de madeira e amarrada. Enquanto isso a outra está ao lado do tronco.

O cenário do local é montanhoso e tem ao fundo uma casa com pessoas na porta, como se tivessem acabado de ver o espetáculo grotesco que ocorreu ali.  

Como era muito comum nas obras de Pedro Américo, temos diversas “licenças poéticas” dentro de sua obra. Por exemplo: o cenário montanhoso remete a Minas Gerais. Mas, na verdade, ele foi enforcado em Lampadosa (atual Praça Tiradentes) no Rio de Janeiro e só posteriormente seus restos mortais foram levados ao seu estado natal.

A própria representação do corpo de Tiradentes sem deformidades e com pouco sangue à mostra mostram uma cena mais “idealizada”, mesmo com o tom mais pálido da pele. Ainda assim temos uma incrível riqueza de detalhes na sua retratação, mostrando muitas referências de obras do Renascimento.

O herói cívico-religioso

Algo que chama muita atenção em todas as obras que retratam Tiradentes são suas barbas longas, cabelos compridos e quase sempre um olhar sereno e altivo para o alto. Porém, além de não se ter retratos dele, as descrições são muito imprecisas. Por exemplo: não se sabe sua cor de pele, se era branco ou pardo.

O que se sabe é que como militar ele não tinha a barba aparada, tendo apenas um bigode. Além disso, quando foi enforcado, estava de fato com um camisolão branco, mas estava com barba e cabelos raspados. No entanto, como todos sabemos, a imagem dada a ele foi totalmente diferente e se valeu de estarmos em um país com predominância cristã.

Com isso, essa forma de retratá-lo era uma forma de associar Tiradentes a Cristo, o que faria que ele ganhasse mais simpatia da população por conta dessa imagem. Mas engana-se quem imagina que foi apenas após a Proclamação da República que isso ocorreu, pois, antes os opositores do império já havia esta relação, feita por poetas e escritores.

Inclusive a própria imagem dele em “Tiradentes Esquartejado” faz alusão a isso e até com uma referência direta, ao colocar um crucifixo com a imagem de Cristo, que se assemelhava muito a dele. Além disso, outra obra de Pedro Américo chamada “Cristo Morto”, de 1901 traz uma figura quase idêntica ao herói da república.

Cristo Morto, de 1901 e as semelhanças com Tiradentes

Recepção da obra

A obra não contou com boa aceitação após suas duas primeiras aparições nas exposições na galeria do jornal A Cidade do Rio, e depois na galeria de arte Glace Elégante no mês de julho em 1893. Contudo, ela contou com grande repercussão, pois surgiu em um momento em que o governo buscava proibir as comemorações relacionadas a ele, por conta da ação do Clube Tiradentes, que tentou derrubar uma estátua de Dom Pedro I.

Posteriormente, ele conseguiu expor sua obra em Juiz de Fora e tentou vendê-la ao governo local. A região passava por grande crescimento econômico e a prefeitura a comprou em 4 de outubro de 1893.

Em 1922, nos 100 anos da independência, o vereador Alfredo Ferreira Lage a adquiriu para colocar no Museu Mariano Procópio (que ele fundou), onde permanece até hoje como parte de seu acervo.

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