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Ao viajar para diversos países do mundo, temos na arquitetura uma de suas características marcantes. Por exemplo: ao ir para a Alemanha, Japão, Holanda, entre outros, temos diversas construções que servem como cartão postal dos países. No entanto, quando observamos no Brasil, isso não ocorre. 

Os motivos são diversos, mas de maneira geral destacam a formação miscigenada do país. Ainda assim, temos alguns aspectos que podem ser vistos na arquitetura brasileira, dos quais falaremos neste artigo. 

Por que a arquitetura brasileira não possui um padrão uniforme?

Como citamos, é muito comum ao ir para diversos países ao redor do mundo, ver aspectos únicos na sua arquitetura. São padrões que podemos ver nos quatro cantos deles, mas que ao buscarmos algo similar no Brasil, não conseguimos encontrar. 

O principal motivo aqui é o mesmo que explica a etnia do brasileiro: miscigenação. É comum ao olhar a árvore genealógica de uma pessoa daqui diversas ascendências diferentes. O mesmo ocorreu com a arquitetura brasileira, especialmente pela presença de diversas colônias de países diferentes que fixaram residência Brasil afora. 

Soma-se a isso também a questão indígena e afro, já que mesmo sendo tratados como um grupo só, falamos de diversas comunidades diferentes, que também trouxeram influências diferentes. 

Talvez um dos exemplos mais interessantes seja o da casa de pau a pique (ou taipa de mão). Especialistas acreditam que a técnica surgiu da confluência entre conhecimentos de portugueses, indígenas e africanos. Ou seja, justamente os povos que formaram a base do país. 

Só que seria equivocado ignorar que a própria evolução brasileira e os profissionais que aqui surgiram, também trouxeram aspectos únicos para nossa arquitetura. Por isso, a seguir traremos algumas das principais características que podemos ver Brasil afora. 

1 – A arquitetura brasileira conta com forte influência religiosa

Especialmente durante o Brasil colônia, tivemos uma forte influência da Igreja Católica na nossa arquitetura. Para além do fato de até hoje muitas das mais importantes construções do país serem deste período, a própria formação de muitas cidades deu-se através de um modelo chamado de “redução jesuíta”. 

Ela funciona da seguinte forma: consistia na área residencial dos padres, além de uma capela, um vasto espaço livre e todo o redor dessas estruturas, onde os índios moravam em tendas. Ela ocorreu durante o período em que os portugueses estavam buscando colocar os índios para trabalhar de forma forçada.  

Este modelo pode ser visto até hoje, mas de forma muito mais destacada em cidades do interior. Isso porque muitas cidades cresceram a partir do seguinte padrão: a praça sendo o centro da comunidade, bem em frente à igreja matriz. Posteriormente, a partir dela é que a população começou a construir suas casas e comércio. 

2 – Estilo clássico e contemporâneo lado a lado

Comum em muitas grandes cidades brasileiras, vemos estilos clássicos e contemporâneos dividindo o mesmo espaço, sem necessariamente haver uma divisão. Talvez o exemplo mais interessante disso seja a capital paulista. A cidade de São Paulo traz estilos como art déco, art nouveau e neocolonial. Além deles temos as arquiteturas moderna e eclética compondo as áreas centrais. 

Estação da Luz – arquitetura eclética

Isso parte do próprio senso de preservação da história da região, mas que ao mesmo tempo permite que construções contemporâneas sejam erguidas, sem nenhum conflito.  

Edifício Copan – arquitetura moderna

Isso acaba trazendo aspectos bem peculiares às cidades, pois você ao mesmo tempo pode andar por um espaço com edifícios modernos (especialmente seguindo o minimalismo) e na sequência dar de cara com construções seguindo o estilo clássico, com diversos entalhes e até estátuas compondo a fachada do prédio. 

3 – Regionalidades

Até por ser um país continental, além de diferenças culturais, o próprio clima varia muito de região para região. Sendo assim, é normal que até as construções sofram influência do local. Um bom exemplo que podemos citar são as casas de palafita das comunidades da região amazônica. Elas se adaptaram aos rios, sendo construídas a alguns metros do chão, a fim de evitar inundações em período de cheia. 

Exemplo de palafitas

Apesar de esse ser um exemplo de uma adaptação a uma condição climática, temos outros bons exemplos de regionalidade, mas neste caso relacionados à forma como o local foi colonizado. Por exemplo: o sul do país conta com forte influência europeia, especialmente alemã, já que houve uma forte concentração de imigrantes que foram para aquela região. 

Enquanto isso, em Minas Gerais o período de mineração, aliado à forte presença da igreja católica, fez com que as construções de lá seguissem o modelo que citamos no primeiro exemplo. Mas não é apenas isso, já que as próprias igrejas seguem sendo as construções mais importantes da região historicamente falando. 

4 – A relação urbanização x natureza na arquitetura brasileira

Essa é uma relação que na cidade costuma oscilar bastante de acordo com o momento. Por exemplo: em São Paulo houve um grande avanço da concretização de espaços, deixando a cidade muito menos verde. Contudo, nos últimos anos, a busca por uma convivência mais sustentável com a natureza tem trazido de volta alguns espaços verdes na cidade.  

Isso varia muito de cidade para cidade, mas pode se ver uma tentativa de manter espaços verdes, até para evitar o efeito estufa que cidades com pouca natureza costumam gerar. Segundo o censo demográfico do IBGE de 2010, Goiânia era a capital mais arborizada do país, com uma taxa de 89,5% de arborização. 

5 – Predominância do barroco e rococó

Por efeito da forte influência europeia nas construções brasileiras, temos várias edificações expressivas com fortes características barrocas e neoclássicas. No caso da segunda, vemos mais regularmente nos prédios ou instalações urbanas e oficiais. 

Enquanto isso, o barroco predomina no interior, especialmente na arte sacra presente nas igrejas Brasil afora. Especialmente por conta das minerações, o estilo rococó ganhou força, já que as elites da época queriam formas de poder ostentar sua riqueza também nas construções.  

Igreja da Candelária (RJ) – exemplo de arquitetura barroca

Apesar de as paredes das construções serem feitas com uma técnica brasileira e bastante simples (taipa ou adobe), contavam com ornamentos ricamente detalhados. Por exemplo, tínhamos madeira, pedra-sabão e ouro sendo usados para a confecção de estátuas e outros elementos decorativos. 

Igreja de São Francisco de Assis, em São João del-Rei (MG) – traz características do rococó

Por fim, tínhamos os telhados com várias águas (planos inclinados para escoamento da chuva) postas em níveis distintos e a utilização de cores fortes por toda a construção. 

 

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