O ano de 2022 marcará o bicentenário da independência do Brasil e a reabertura do Museu do Ipiranga, após quase dez anos fechado. Foi um longo período de reformas para restaurar a estrutura que se encontrava em péssimas condições, mas que ficaram prontas a tempo desta importante data para o país.
Trata-se de um dos mais importantes acervos históricos brasileiros, pois conta com mais de 450 mil peças diferentes. São objetos, documentos, pinturas, entre outros. Nestes dois textos especiais sobre o local, vamos falar primeiro dos principais artistas que marcam presença no Museu do Ipiranga.
Museu do Ipiranga: origem
Talvez muitos não saibam, mas o nome oficial dele é Museu Paulista da Universidade de São Paulo. Ele foi inaugurado também em um 7 de setembro, mas de 1895, ano da Proclamação da República. Primeiramente foi o Museu de História Natural e marco representativo da independência do país.
Contudo, seu acervo não era do tamanho que é hoje. No começo, seu núcleo era formado pela coleção do Coronel Joaquim Sertório, que constituía um museu particular em São Paulo. Posteriormente, no ano do centenário da independência, ao reforçar o caráter histórico da instituição, passou-se a formar novos acervos.
Desde então, houveram reformas internas, além da instalação de pinturas e esculturas, que apresentavam a história do Brasil. Com o aumento do número de peças, começou-se a fazer a transferência de parte deste acervo para outros lugares. Por exemplo, temos o Museu Republicano “Convenção de Itu” no interior do estado, como extensão do que fica na capital.
Em 1963 ele é integrado à USP, que passa a exercer pesquisas, ensino e extensão. Em 1989, já sob os cuidados da Universidade, há a última transferência de acervo, para o Museu de Arqueologia e Etimologia da USP.
Com isso, o Museu do Ipiranga passou a ter como foco ampliar o acervo referente aos anos de 1850 até 1950 em São Paulo. Graças a um plano diretor de 1990 que o definiu como área de especialidade institucional a História da Cultura Material, temos hoje lá três linhas de pesquisa, que reorienta e ajuda a ampliar os acervos e exposições do local. São eles:
- Cotidiano e sociedade;
- Universo do Trabalho;
- História do imaginário.
Artistas presentes no Museu do Ipiranga
Há um imenso acervo de pinturas, sendo algumas delas muito famosas do público como o quadro da independência de Pedro Américo. Temos ali a presença de vários nomes importante da arte brasileira e vamos destacar aqui os principais para vocês.
Tarsila do Amaral
Uma das mais importantes pintoras do movimento modernista, deixou sua marca também no Museu do Ipiranga. Entretanto não da forma que muitos imaginam. Isso porque não temos obras seguindo o estilo dela que ficou famoso em pinturas como “O Abaporu”, mas através de uma série de retratos que foram encomendados a ela.
Foram uma série de quadros que ela pintou nos anos de 1940 tanto para a sede do Museu Paulista, como para a de Itu. Temos as seguintes pessoas retratadas: Antonio de Toledo Piza, Marechal Arouche, Francisco Aranha Barreto, Frei Miguel Arcanjo da Anunciação, Joaquim do Amaral Camargo e José Maria Nunes Garcia.
Retrato de Frei Miguel Arcanjo da Anunciação
Pedro Américo
O autor do principal quadro presente no Museu do Ipiranga (e que também passou por restauração nesse período), Pedro Américo teve uma relação muito próxima com o império. Para começar ele teve seus estudos apadrinhados por Dom Pedro II, que ficou impressionado com seus trabalhos na Academia Imperial de Belas Artes.
A bolsa lhe permitiu ir para a França, onde estudou na Escola Nacional Superior de Belas Artes de Paris. Lá ele foi aluno de Jean-Auguste-Dominique Ingres, um dos maiores pintores do Neoclassicismo francês.
Entretanto sua formação não foi apenas nas artes, pois aproveitou sua estada lá para estudar no Instituto de Física de Adolphe Ganot, fazer o curso de Arqueologia de Charles Ernest Beulé e tornar-se bacharel em Ciências Sociais na Sorbonne.
Seu famoso quadro “O Grito do Ipiranga”, de 1888, foi um pedido do próprio Dom Pedro II para fazer parte do acervo do então Museu Imperial (atual Museu Paulista). Além desta obra, temos apenas estudos (esboços) seus sobre os mais variados temas presentes no acervo do Ipiranga.
O Grito do Ipiranga
Almeida Júnior
Um dos grandes pintores da história do Brasil (confira AQUI nossa biografia dele) e que junto de Benedito Calixto, Pedro Alexandrino e Oscar Pereira da Silva, é tido como um dos grandes influenciadores das artes plásticas do cenário paulista.
Assim como Pedro Américo, Almeida Júnior também foi um apadrinhado de Dom Pedro II, tendo estudado fora do país. Conta com um considerável número de obras no Museu do Ipiranga, com mais de duas dezenas. Elas dividem-se entre cenários da época e retrato de figuras importantes do período, sendo a principal do próprio imperador, que ele pintou em 1889.
Benedito Calixto
Outro dos grandes nomes das artes plásticas paulistas, Benedito Calixto não teve a mesma formação dos seus contemporâneos, pois não foi para a Academia Imperial de Belas Artes. Natural de Itanhaém (no litoral paulista), ele começou como autodidata, mas depois fez sua formação em artes toda em São Paulo.
Em Santos, teve seu trabalho reconhecido pela elite local, que financiou sua ida para a França. Lá ele estudou na Académie Julien, em Paris, onde teve como mestres Gustave Boulanger, Lefebvre e Robert Fleury. Especialista em pintar paisagens, além de contar com um amplo conhecimento do litoral e ser um cartógrafo e historiador, foi um dos que teve um dos trabalhos mais importantes para o museu.
Durante o período em que o Museu do Ipiranga contou com a direção de Afonso d’Escragnolle Taunay (entre 1917 e 1945), este encomendou a Benedito Calixto a elaboração de uma iconografia paulista, através de diversas obras.
Inundação da Várzea do Carmo
Ele então reproduziu muitas das fotos de Militão Augusto de Azevedo que fazem hoje parte do acervo do Museu Paulista. Elas retratam paisagens urbanas da cidade de São Paulo, da Baixada Santista e de cidades do interior do estado de São Paulo. São mais de duas dezenas de obras, mas não apenas de paisagens. Isso porque temos inclusos até alguns retratos como os de José Bonifácio e Dom Pedro I.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA