Shoujo: a história dos mangás para meninas - Parte 2 Academia Brasileira de Arte -

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A primeira parte sobre mangá shoujo trouxe sua definição, principais características e como as mulheres passaram a ter mais espaço. Agora vamos destacar o impacto do “grupo ano 24”, a chegada de nomes como o grupo Clamp e Naoko Takeuchi ao mercado. Por fim, vamos mostrar algumas obras famosas da categoria.

 

O que foi o Grupo Ano 24?

Dentro das mudanças que trouxemos na primeira parte e as grandes revoluções que tivemos no mangá shoujo, boa parte dela deve-se ao grupo que ficou conhecido como “Year 24 Group” ou Grupo ano 24. 

Esse não era um nome oficial, mas sim como os críticos, jornalistas e acadêmicos passaram a se referir retroativamente à geração de artistas femininas de mangá que surgiram no início dos anos 1970 e contribuíram para o crescimento e desenvolvimento do mangá shoujo. Esse nome se referia ao 24º ano da era showa, 1949, como uma alusão ao ano de nascimento das integrantes (ainda que poucas sejam de fato do ano em questão).

Durante os anos 60, a produção de shoujo era majoritariamente feita por homens em começo de carreira e que almejavam fazer mangás shonen. Isso fez com que nos anos 70 muitos destes migrassem, abrindo espaço para mulheres que estavam começando.

Buscando sair da temática muito rasa das histórias feitas por homens, essas novas mangakás buscaram diversas fontes para seus mangás. Entre elas podemos citar literatura e cinema europeus estadunidense, cultura rock and roll e o gênero Bildungsroman (gênero que trata do crescimento psicológico e moral do personagem, desde a infância até a idade adulta).

Elas passaram a se reunir no “Salão Oizumi”, que nada mais era que uma casa alugada por Moto Hagio e Keiko Takemiya, quando elas foram colegas de quarto, de 1971 a 1973. Elas abriram o espaço para que outras artistas se reunissem e compartilhassem experiências, influências e trabalhassem em seus mangás. 

 

Os efeitos do grupo ano 24 no shoujo

A mudança do shoujo que permitiu a ele ser como conhecemos hoje veio a partir da contribuição deste grupo. Isso porque suas obras que trouxeram as mudanças que citamos no artigo anterior, como a inclusão de novos temas (saindo da história melodramática de mocinhas indefesas que tínhamos nos anos 60), além da expansão dos romances, com os primórdios dos gêneros boys love (yaoi) e girls love (yuri). Além disso, forte crítica política também marcou as histórias do Grupo Ano 24.

Além disso, ele lançou diversas mangakás no mercado como Shio Satō, Yasuko Sakata, Riyoko Ikeda, Ryoko Yamagishi, Yukiko Kai, Akiko Hatsu, Nanae Sasaya, Yasuko Aoike, Mineko Yamada, Aiko Ito, Michi Tarasawa e Misako Nachi. Tanto que muitas obras destacadas do shoujo nos anos 70 foram do grupo. Entre elas podemos citar:

  • Moto Hagio (idealizadora) – The Poe Clan (1972), The Heart of Thomas (1974), They Were Eleven (1975);
  • Keiko Takemiya (idealizadora) – Kaze to Ki no Uta (1976), Toward the Terra (1977);
  • Ryoko Yamagishi – Shiroi Heya no Futari (1971);
  • Yasuko Aoike – From Eroica With Love (1976).

      

O grupo Clamp 

A partir dos anos 80 a condição para o surgimento de mangakás mulheres se tornou muito mais fácil, assim como sua possibilidade de explorar os mais diversos temas, sem limitações. E foi durante esta década que surgiu um grupo com 11 autoras de dōjinshi (mangás independentes) chamado CLAMP. Elas passaram a criar mangás originais em 1987, mas lançaram sua primeira obra oficial apenas em 1989, chamada RG Veda. Contudo, o grupo já era menor, com apenas sete integrantes.

Em 1993 mais 3 saíram, nos deixando com a formação que conhecemos hoje. Temos então a líder Nanase Ohkawa e três artistas cujos papéis mudam para cada série: Mokona, Tsubaki Nekoi e Satsuki Igarashi. 

Ele é marcante, pois foi o primeiro estúdio formado apenas por mulheres e é responsável por dezenas de obras, sendo algumas de sucesso mundial como Sakura Card Captors, Guerreiras Mágicas de Rayearth, Chobits, Angelic Layer, etc.

 

Naoko Takeuchi e o gênero Mahou Shoujo

Uma autora que merece destaque especial é Naoko Takeuchi, pois ela foi responsável por outra das grandes revoluções dentro da categoria, com a popularização do “Mahou Shoujo” (ou garotas mágicas). Isso porque desde a década de 60 temos histórias do gênero, como Himitsu no Akko-chan, Majokko Megu-chan, Mahō no Tenshi Creamy Mami, Mahō no Star Magical Emi, Mahō no Yōsei Persia Mahō no Idol Pastel Yūmi, além de Sally, A Bruxita (considerado o primeiro mahou shoujo), mas nenhuma alcançou o sucesso de Sailor Moon.

A criação de Sailor Moon se deu por fatores bem curiosos. Primeiramente, após a publicação de “The Cherry Project”, Takeuchi queria um criar um mangá com garotas lutadoras do espaço. Seu editor, Fumio Osano, sugeriu que elas usassem sailor fuku (aqueles uniformes de marinheira) e assim surgiu Codename: Sailor V. 

A obra que deu origem a Sailor Moon

Contudo, no começo tínhamos apenas a Sailor Vênus (que até aparece como essa heroína em Sailor Moon, em alusão a esta obra). Só que começaram a surgir planos de tornar o mangá em anime e para isso ela refez toda a obra, nascendo assim Sailor Moon. A principal inspiração para o grupo foram os super sentai (filmes de heróis, que eram times de cinco, cada um com cores diferentes).

O sucesso foi tanto que passamos a ver diversas obras trazendo a temática, como Sakura Card Captor, Guerreiras Mágicas de Rayerarth, Corrector Yui, Fushigi Yugi, Puella Magi Madoka Magica, etc. 

Para quem não é familiarizado, as principais características do mahou shoujo são:

  • Protagonistas comuns (geralmente sem nenhum poder);
  • O poder é dado através de um objeto mágico (pingente, laço, varinha);
  • Um animal mágico, que funciona como uma espécie de suporte e/ou conselheiro;
  • Uma transformação bastante impactante.

Pode haver algumas variáveis, mas normalmente vemos esses quatro elementos em todos os animes de garotas mágicas.

O shoujo nos dias de hoje

Graças a todas essas mangakás e tantas outras que pavimentaram o caminho para a categoria, hoje o gênero só perde para o shonen em popularidade. Além disso, graças a ele que gêneros como o Yaoi, Yuri e Josei existem, pois muitas das autoras de shoujo foram as pioneiras no seu desenvolvimento.

Além disso é comum vermos obras abordando diversos temas complexos como depressão (Orange), bullying (Kimi ni Todoke), além de tantos outros com temas mais leves. Inclusive temos a presença do chamado “harém reverso”, quando a garota tem diversos pretendentes ou é simplesmente rodeada de homens. Antes era comum termos apenas o harém com o homem rodeado de garotas (inclusive em shoujos, como Love Hina), mas hoje ambos são relativamente fáceis de se encontrar.

Mangás shoujo famosos

Trouxemos ao longo dos artigos diversos mangás shoujo de muito sucesso. Agora vamos trazer alguns outros bem populares ou marcantes.

1 – Honey Honey

O primeiro que trazemos aqui tem uma relação especial com o Brasil, pois foi um dos primeiros animes shoujo a chegar por aqui, ainda nos anos 80. Ele foi lançado no ano de 1966 por Hideko Mizuno e ganhou uma adaptação para TV em 1981 com um total de 29 episódios. 

Ele traz a protagonista Honey Honey (Favos de Mel aqui no Brasil), que foge pelo mundo junto de sua gatinha Lily. Seus perseguidores são a princesa Flora, os pretendentes da princesa e o ladrão Fênix. Isso porque a gata comeu uma joia chamada “o Sorriso do Amazonas” de Flora, que promete casamento aquele que a recuperar.

Trata-se de uma comédia cheia de elementos peculiares, inclusive com a “quebra da quarta parede”, pois os personagens sabem que estão em um anime. 

2 – Fruits Basket 

Ele é de autoria de Natsuki Takaya, pseudônimo de Naka Hatake (ainda dentro da questão de mulheres usarem nomes masculinos) e traz uma história que mistura romance, comédia e misticismo. 

A protagonista é Tohru Honda, uma garota órfã que, depois de encontrar Yuki, Kyo e Shigure Sohma, descobre que os treze membros da família Sohma são possuídos pelos animais do zodíaco chinês. Eles têm uma maldição que os transforma em suas formas animais quando estão fracos ou quando são abraçados por alguém do sexo oposto que não esteja possuído por um espírito.

A série ganhou diversas adaptações para a TV. Primeiramente tivemos uma com 26 episódios em 2001, que não adaptou todo o mangá (que terminou em 2006). Já em 2019 tivemos uma segunda adaptação, desde vez completa, com 63 episódios. Temos ainda dois mangás spinoffs chamados “Fruits Basket Another” e “Fruits Basket: Three Musketeers Arc” e o longa “Fruits Basket: Prelude”.

3 – Puella Magi Madoka Magica

Apesar de ser uma obra que fez o caminho inverso (surgiu como anime e depois virou mangá), ela merece uma citação por trazer uma reviravolta no gênero mahou shoujo. Em geral as obras são mais voltadas para a comédia, romance e tem um clima mais leve, com poucos momentos tensos. 

Por outro lado, Madoka Magica buscou trazer elementos sombrios, de terror e mostrando um lado menos bonito das garotas mágicas. A criação da história ficou por conta de Gen Uroboshi (conhecido por histórias com foco em terror, suspense) e traz Madoka Kaname, que encontra um animalzinho que lhe diz que pode realizar o desejo que ela quiser, desde que ela aceite ser uma mahou shoujo.

A história se desenrola sobre as consequências de fazer ou não esse desejo e tem muitas reviravoltas surpreendentes. Ela é curta, contando com apenas 12 episódios, mas ganhou diversos spinoffs, além de uma série de histórias para mangá e um longa chamado “Rebellion” que serve como continuação a história principal. 

 

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