Tanto entre os especialistas como entre os leigos, a discussão sobre arquitetura moderna x eclética rende muitos debates. Uns defendem a funcionalidade da primeira, enquanto outros lamentam a perda estética ao deixar a segunda de lado.
Mas afinal, uma realmente é melhor que a outra? Vamos entender um pouco sobre cada uma delas, assim como a possibilidade da sua coexistência.
Arquitetura eclética
Primeiramente, é importante destacar as principais características da arquitetura eclética. Ela conta com muitas referências de civilizações antigas, especialmente a grega e a romana
Apesar de haver uma relação direta com grandes casarões e mansões, mesmo casas mais humildes buscavam trazer detalhes que marcam essa personalidade do estilo, que tem como principais características:
- Estilo Ornamental – a arquitetura eclética normalmente incorpora elementos ornamentais e decorativos, como cornijas, molduras e entalhes, que conferem uma sensação de elegância em cada detalhe;
- Materialidade Natural – a escolha de materiais como pedra, tijolo e madeira são comumente vistas na arquitetura eclética. Elas eram uma forma de conectar os edifícios à sua paisagem e história local;
- Planos e Simetria – os projetos ecléticos frequentemente seguem princípios de simetria, com ênfase na ordem e proporção, evocando a sensação de equilíbrio visual;
- Telhados Inclinados – telhados de águas inclinadas são uma característica distintiva, proporcionando uma estética clássica. E neste caso, sua escolha foi possivelmente devido a sua funcionalidade prática em áreas com neve ou chuva intensa.
Arquitetura moderna
Falamos de um estilo relativamente novo, que se originou a partir das diversas correntes artísticas do Movimento Modernista, que surgiram na transição do século XIX para o século XX.
A Primeira Guerra Mundial impulsionou o movimento, pois a destruição causada pelo conflito e a necessidade de reconstrução rápida das cidades abriram espaço para novas técnicas de construção mais ágeis e eficientes.
Neste período, a escola Bauhaus teve importância fundamental para disseminar o estilo. Ela enfatizava a funcionalidade e a simplicidade, utilizando materiais modernos como aço, vidro e concreto. Isso influenciou profundamente a arquitetura moderna, promovendo a criação de edifícios mais práticos e esteticamente inovadores.
Algumas das principais características deste estilo são:
- Design Minimalista – ele se vale de uma estética minimalista, muitas vezes caracterizada por linhas limpas, formas geométricas simples e uma paleta de cores neutras;
- Uso de Materiais Industriais – concreto, aço e vidro são frequentemente empregados na arquitetura moderna. Isso visa refletir uma abordagem mais industrial e contemporânea.
- Integração Interior-Exterior – a arquitetura moderna valoriza a fluidez entre espaços interiores e exteriores. Grandes janelas e espaços abertos conectam a habitação com o entorno. Essa característica é uma resposta à necessidade de criar ambientes mais abertos e conectados com a natureza, algo que foi promovido pelo modernismo.
Arquitetura moderna x clássica: existe uma alternativa?
Um dos grandes problemas da discussão que tem sido travada nos últimos tempos sobre os dois estilos é o radicalismo. Ou seja, ambos os lados fazem questão de impor apenas o seu estilo em relação ao outro. No entanto, desconsideram que já existem alternativas que buscam mesclar ambos.
Por exemplo: temos o pós-modernismo, que surgiu como uma reação ao modernismo. Ele teve como principal objetivo questionar a formalidade, a austeridade e a falta de variedade da arquitetura moderna.
O pós-modernismo e suas vertentes
Nos anos 90 houve uma divisão no movimento, surgindo diversas tendências derivadas. E isso foi de encontro justamente ao que o pós-modernismo defende, que é a multiplicidade de discursos. Dentre eles, alguns se destacaram como, por exemplo:
- Arquitetura High-Tech – também conhecida como modernismo tardio, a arquitetura high-tech emergiu nos anos 1970. Este estilo celebra a estética industrial e a exibição dos elementos estruturais e funcionais dos edifícios;
- Desconstrutivismo – ele ganhou destaque nos anos 1980 e se caracteriza pela fragmentação, a ausência de simetria e a manipulação das superfícies arquitetônicas;
- Neoclassicismo – embora ele tenha suas raízes no século XVIII, ele foi revisitado no contexto pós-moderno como uma forma de reintroduzir elementos clássicos em um novo contexto. Este estilo busca combinar a grandiosidade e a ornamentação clássica com técnicas e materiais modernos.
Dentre eles, sem dúvida o neoclassicismo revisitado é o que melhor faz a simbiose entre a arquitetura moderna e a clássica.
É possível mesclar ambos os estilos de forma harmoniosa
Algo que se ignora na discussão arquitetura moderna x eclética é que ambas contam com problemas que a outra pode compensar.
Por um lado, a arquitetura moderna sofre críticas pela sua estética, vista muitas vezes como “tediosa”. Por outro, a arquitetura clássica é vista como algo mais elitista, especialmente por ter sido, por muito tempo, associada a status e poder.
Curiosamente, mesmo sendo um estilo recente, o pós-modernismo muitas vezes é ignorado dentro desta discussão. Mesmo com muitos adeptos e até muitas construções, ele parece seguir em um “limbo” entre os entusiastas de ambas. Uma das razões pode ser o fato de muitos projetos ainda seguem o estilo esteticamente pouco vistoso da arquitetura moderna. Além disso, a troca recente de muitos elementos clássicos pelo moderno, pode trazer esta sensação de perda estética arquitetônica.
Ainda assim, nos últimos tempos temos muitos arquitetos contemporâneos que buscam se valer do melhor de ambas. Ou seja, aproveitar a praticidade trazida pela arquitetura moderna, mas sem deixar o lado estético da clássica de lado, mostrando novamente ser possível harmonizar ambos.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA