Por muito tempo, escrever mangá era visto como algo exclusivamente masculino. Contudo, começamos a ver uma mudança nos anos 80, quando algumas autoras conseguiram conquistar seu espaço neste meio.
Atualmente, mesmo com um grande número de mangakas de renome, ainda temos um certo preconceito, especialmente quando a obra é um shonen (voltado para o público masculino). Aqui no Brasil mesmo, os nomes mais conhecidos são de autores masculinos como Masami Kurumada (de Cavaleiros do Zodíaco), Akira Toriyama (Dragon Ball), Eiichiro Oda (One Piece), entre outros.
Então hoje, destacaremos quatro grandes autoras de mangá da história, assim como falaremos um pouco de sua importância dentro do universo dos quadrinhos japoneses.
1 – Naoko Takeuchi
Para começar, trazemos talvez uma das mais importantes mangakas da história. Naoko Takeuchi é a criadora do mangá “Sailor Moon”, que no Brasil ficou conhecido pela sua adaptação para anime. Ela popularizou o subgênero chamado “mahou shoujo” (ou garotas mágicas), inclusive inspirando diversas obras tanto no Japão, como no ocidente.
Ela começou sua carreira nos anos 80 e ganhou destaque ainda aos 18 anos com uma história curta chamada “Yume ja Nai no ne”, vencedora do 2º Prêmio de Mangá Nakayoshi para novatos. Um ano depois, já estava trabalhando na Kodansha (local onde publicaria sua principal obra) e novamente venceu este prêmio, mas desta vez para “novo mangá” com a obra “Love Call”.
Ela veio a criar Sailor Moon, um ano depois de uma outra história chamada “Codename: Sailor V”. Originalmente contando com apenas uma sailor (que viria a ser a vênus), ela refez a história quando surgiu a possibilidade de adaptá-la para anime. Naoko Takeuchi então adicionou outras quatro junto com esta.
Inclusive a inspiração para o time de cinco foi nos super sentai (os filmes com times de cinco com roupas coloridas, como changeman), que eram febre na época.
Apesar de ter um razoável número de obras originais, entre as quais podemos destacar “The Cherry Project” e “Toki Meka”, nenhum deles atingiu o nível de sucesso de Sailor Moon. Inclusive a mangaká não tem nenhuma obra nova desde esta última citada, que é de 2006.
Capa mangá Sailor Moon 1
2 – CLAMP
A segunda, são na verdade quatro autoras de mangá, mas como elas produzem e publicam tudo juntas, colocaremos como um. Elas também surgiram na década de 80 como autoras de dōjinshi (mangás independentes). Posteriormente, ao criar sua primeira grande obra, chamada “RG Veda”, o grupo inicial, que era de 11, já estava em sete.
A formação atual, com as autoras de mangá Nanase Ohkawa, Mokona, Tsubaki Nekoi e Satsuki Igarashi é de 1993, quando outras três deixaram o grupo. Elas têm um método único de trabalho, em que todas decidem e discutem juntas as histórias, sendo algumas designers de personagens e outras roteiristas e analistas de prioridade das obras.
Suas obras adaptadas em anime são especialmente populares no Brasil, com destaque para Guerreiras Mágicas de Rayearth (primeira delas a desembarcar aqui, nos anos 90) e Sakura Card Captor. Outras também fizeram sucesso por aqui, como Chobits, xxxHOLIC e Angelic Layer.
Elas contam mais de uma dúzia de obras publicadas em português. Além disso, também aparecem em outras publicações, geralmente fazendo o design de personagens ou roupas.
capa Sakura Cardcaptor 1
3 – Rumiko Takahashi
Outra icônica autora de mangá, Rumiko Takahashi tem dois fatos importantes sobre sua carreira. Primeiramente, é tida como a primeira mangaká a conseguir ganhar dinheiro com suas obras. Além disso, é também uma das primeiras a quebrar a barreira no shonen. Isso porque até então, tínhamos exclusivamente autores homens escrevendo este tipo de história.
Rumiko se interessa pela modalidade desde pequena. Enquanto estudava história, ela passou a frequentar um curso de mangá do famoso artista Kazuo Koike. Nessa época não haviam mulheres criando mangás, mas mesmo assim ela se destacou com uma história publicada entre 76 e 77 através do clube de sua faculdade voltada para os quadrinhos japoneses.
Um ano depois ela passou a escrever na Weekly Shonen Sunday (revista voltada para o público masculino) seu primeiro grande sucesso, “Urusei Yatsura”. A partir dessa obra, ela emendou um sucesso atrás do outro, pois na sequência, em 1987, veio Ranma ½ (no mesmo ano que terminou a anterior) e em 96 (meses depois do fim de Ranma), veio Inuyasha.
Inclusive as duas últimas são séries que se popularizaram muito no Brasil por conta da exibição dos animes. Ela segue ativamente criando e desde 2019 escreve o mangá chamado “MAO”.
capa Inuyasha volume 1
4 – Hiromu Arakawa
Finalmente chegamos a um caso curioso, pois o nome da mangaká é “Hiromi”, porém como ele é escrito da mesma forma que Hiromu, ela escolheu esse nome como seu pseudônimo. Por conta disso, muitos imaginavam que se tratava de um homem ao conhecer sua principal obra: Fullmetal Alchemist.
Ela também sonhava em ser uma autora de mangá desde pequena e veio a publicar sua primeira obra em 1999, com “Stray Dog”. Porém, sua consagração veio com a obra protagonizada pelo alquimista de aço, que durou de 2001 até 2010.
Inicialmente ela supervisionava a adaptação para anime do mangá, mas com o tempo ela deixou que a equipe tivesse liberdade criativa, o que fez com que essa primeira versão tivesse um final totalmente diferente de sua obra. Posteriormente uma nova animação foi feita, chamada “Fullmeta Alchemist: Brotherhood”, adaptando de forma fiel sua história.
Ela fez uma outra série longeva chamada “Silver Spoon”, que foi de 2011 até 2019 e desde 2015 é ilustradora do mangá “Arslan Senki” (cuja última edição é do fim de 2021).
capa Fullmetal Alchemist volume 1
Autoras de mangá: Menções honrosas
Muitas autoras de mangá não tem uma biografia tão conhecida, mas ainda sim tem grande importância no meio. Entre elas, podemos destacar:
- Koyoharu Gotouge – sua obra é atualmente uma das mais populares no mundo, trata-se de Demon Slayer. Contudo, descobriu-se apenas por conta de um funcionário da Weekly Shōnen Jump que tratava-se de uma mulher. Ao fazer qualquer divulgação em suas redes, ela utiliza um avatar de um crocodilo que usa óculos. Ela tem obras publicadas desde 2013;
- Shiori Teshirogi – esta é mais conhecida dos brasileiros, por ser autora de uma obra derivada de Cavaleiros do Zodíaco: a série “Lost Canvas”. Durante a criação do mangá, ela contou com aconselhamentos de Masami Kurumada, criador da obra original. Uma grande fã da história, ela inclusive usava como pseudônimo o nome de “Marin Gold”. Inicialmente ela escrevia o gênero shoujo, mas veio a ganhar reconhecimento no gênero shonen;
- Natsuki Takaya – pseudônimo de Naka Hatake, trata-se de uma mangaká bastante reservada sobre sua vida pessoal. Ela ficou conhecida graças a seu mangá “Fruits Basket”, que também recebeu adaptações (sim, foram mais de uma) para anime.
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