Desnecessário dizer o quão importante é a história e a arte das pinturas rupestres. É por meio delas que podemos entender a evolução artística da humanidade, assim como estudar as tradições, as crenças e o modo de vida de agrupamentos sociais pré-históricos. E entre os sítios arqueológicos mais importantes dessa manifestação artística, temos as Cavernas Lascaux, na França, que contam com obras que datam de aproximadamente 17 mil A.C.
Em meio a II guerra, uma importante descoberta cultural
Talvez o fato mais curioso em relação à descoberta das Cavernas de Lascaux é a data em que ela ocorreu. Isso porque, em 1940, estávamos no auge da II guerra mundial, com a França diretamente envolvida no conflito. Além disso, chama atenção o fato de que a descoberta foi acidental, feita por um jovem de apenas 18 anos na época, chamado Marcel Ravidat.
Na época, seu cachorro caiu em um buraco e Marcel, junto com 3 amigos, entraram no lugar para achar o cachorro e investigar. Eles precisaram alargar a entrada e depois de construírem uma lâmpada improvisada para iluminar o caminho, descobriram uma diversidade de animais bem maior do que esperavam.
Além disso, acharam as primeiras representações nas paredes, na área agora conhecida como Galeria Axial. Um dia depois, voltaram melhor preparados e exploraram as partes mais profundas da caverna.
Maravilhados com o que encontraram, decidiram compartilhar a experiência com seu professor. A partir daí, deu-se início ao processo de escavação da caverna e, em 1948, ela estava pronta para ser aberta ao público.
A abertura para o público, a necessidade de fechar pouco tempo depois e a criação da réplica
Durante esse período de preparação, dividiram a caverna em sete áreas:
- Sala dos Touros
- Galeria Axial
- Passagem
- Nave
- Câmara dos Felinos
- Abside
- Poço
Essas áreas ficam divididas em três grandes eixos que totalizam impressionantes 235 metros acessíveis de comprimento.
O complexo foi aberto para visitação em 14 de julho de 1948, ainda durante as investigações arqueológicas. Contudo, ela permaneceu assim apenas até 1963, quando paralisaram as visitações.
O motivo foi que, devido ao dióxido de carbono, calor, umidade e outros agentes contaminantes produzidos pelos mais de 1.200 visitantes diários, as pinturas começaram a se danificar conforme o ar se deteriorava, dando vazão a fungo e líquens no espaço. Apesar disso ter sido notado em 1955, demorou mais oito anos para fecharem.
Então, começou um intenso processo de restauro para que elas retornassem ao seu estado original, além de um rigoroso monitoramento para preservá-las.
Para poder trazer a experiência dessa visita ao público, em 1983, inauguraram Lascaux II, que trazia cerca de 80% das pinturas originais. Já em 2016, o governo francês inaugurou o Centro Internacional de Pinturas Rupestres, uma reprodução fiel da caverna original, também chamada de Lascaux 4.
As impressionantes obras na Caverna de Lascaux
Para entender a importância deste sítio arqueológico, Lascaux foi adicionada à lista de Patrimônios Mundiais da UNESCO em 1979. Ela ainda tem o apelido de “Capela Sistina da Pré-história” por conta das inúmeras pinturas presentes em seu teto.
Talvez a mais impressionante esteja no Salão dos Touros, com um touro de 5,2 metros de comprimento, e é até hoje a maior arte rupestre de um animal já descoberta.
Atualmente, são cerca de 6 mil figuras que foram curadas e identificadas nas paredes da caverna. Nesse conjunto, encontram-se 900 representações de animais, incluindo equinos, veados, bovinos já extintos, bisões, felinos, além de um pássaro, um urso, um rinoceronte e a figura de um ser humano.
As técnicas e materiais usados para pintar a Caverna de Lascaux
Primeiramente, chama a atenção o fato de muitas destas pinturas estarem em locais sem iluminação natural. Isso significa que boa parte delas foram feitas com o auxílio de lamparinas de arenito que usavam gordura animal como combustível ou por lareiras.
As pinturas são predominantemente de tonalidades vermelha, amarela e preta. O vermelho vinha da hematita, em forma bruta ou encontrada na argila vermelha e ocre. Já amarelo por oxi-hidróxidos de ferro e o preto pelo carvão ou por óxidos de manganês.
A preparação dos pigmentos era realizada por meio de trituração, mistura ou aquecimento. Quanto à transferência para as paredes, eram empregadas as seguintes técnicas:
- Desenhar com os dedos;
- Desenhar com carvão;
- Pintar com pincéis feitos de cabelos;
- Ferramentas de sílex para desenhar na parede;
- Soprar a tinta na parede através de um osso oco ou até mesmo usando um stencil.
Algo curioso encontrado nessas buscas foram chifres de veado, sugerindo que foram utilizados na mistura dos materiais.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA