Os fãs de Comics, especialmente aqueles mais fanáticos, veem toda história desses quadrinhos divididas em eras, cada uma com suas características e peculiaridades. Respectivamente temos: ouro, prata, bronze, ferro e pós-moderna. Em primeiro lugar, traremos as duas primeiras e seus principais momentos de destaque.
Comics: a era de ouro
Antes de tudo, precisamos deixar de lado a origem dos heróis em si (leia-se da antiguidade) e focarmos nos heróis modernos. Dito isso, tínhamos nos primórdios as revistas “pulp”, caracterizadas pela baixa qualidade e preço do papel. Os temas: aventura, mistério, terror, ficção científica etc. eram os mais vistos nelas.
Aqui já encontramos ideias que seriam usadas nos heróis até hoje, como máscaras e codinomes. Por exemplo: personagens como Bucky Rogers, Doc Savage e O Sombra são referências do período. Inspirados por estes, temos os primeiros heróis com poderes místicos, criados por Lee Falk: Mandrake (1934) e Fantasma (1936).
Ao mesmo tempo, víamos os criadores do Superman (Jerry Siegel e Joe Shuster) aparecerem já em 1935 com o “Doctor Occult, The Ghost Detective”, que era um detetive com poderes místicos. Vale destacar o surgimento da Detective Comics, famosa por ser a primeira “casa” do Batman.
Superman: o primeiro super-herói
Finalmente em 1938 chegamos ao primeiro super-herói reconhecido como tal: o próprio Superman. Ele se diferenciava por ter poderes fora de qualquer limite concebível para época, um uniforme, uma identidade secreta e seu sucesso foi imediato. Juntamente com ele, tivemos os primeiros super vilões criados, pela clara necessidade de antagonistas à altura.
Logo após, em 39, Bob Kane foi incumbido de criar um herói que pudesse rivalizar com o imenso sucesso do homem de aço. Contudo, o que veio não foi um super, mas alguém inspirado nos heróis das já citadas revistas “pulp”, nascia assim o Batman. Porém esqueçam o homem morcego de hoje, pois este não apenas usava armas, como matava deliberadamente seus inimigos (que aliás era algo muito comum nessa era de ouro).
Um sem-número de heróis foram criados nessa época, mas muitos ficaram restritos apenas a ela. Alguns dos que se mantém firmes até hoje são: Capitão Marvel (atual Shazam), Flash, Lanterna Verde e Mulher Maravilha. Começaram também a surgir os ajudantes, como Robin e Ricardito (assistente do Arqueiro Verde), que tinham como foco deixar a história mais leve.
2ª guerra mundial e a onda de heróis patriotas
A chegada do Capitão América em 1940, trouxe uma onda de heróis patriotas, o que tinha relação direta com a iminente entrada dos EUA na segunda guerra. Juntamente com estes, até outros, como o próprio Superman, passaram a ter temáticas nessa linha, para atender a esse mercado.
Enquanto isso, outros criadores começaram a apostar na criação das super equipes, sendo a primeira a “Sociedade da Justiça da América” na All Star Comics e que juntava heróis da “National Comics” e “All-American Comics”.
Entretanto essa Era começou a ver seu declínio com o fim da segunda guerra e um desinteresse dos leitores por heróis do tipo super e mesmo dos nucleares, que surgiram na época. Foi o momento de ascensão de temas relacionados a policialescos, terror e piratas. Chegamos então a Era de Prata.
Comics: a era de prata
A queda de vendas dos quadrinhos de supers, tinha apenas três heróis como exceções, a chamada “santíssima Trindade” da National Comics (atual DC): Superman, Batman e Mulher Maravilha.
Entretanto nessa era, um dos momentos mais marcantes foi em 1954 e não com o surgimento de um herói, mas quando um psiquiatra chamado Frederic Wertham publica o livro Seduction of the Innocent. A polêmica obra associava quadrinhos a deliquência juvenil e outros comportamentos considerados moralmente condenáveis na época.
Como forma de evitar uma caça às bruxas, foi criado o controverso Comics Code Authority (CCA), que era um código de autocensura das editoras que basicamente garantia que nem pais, nem filhos seriam corrompidos pelas obras. Ele foi o principal responsável pelo que chamam de “era da inocência” dos quadrinhos do período.
As histórias perderam profundidade, ganharam tons maniqueístas (bem é bem e mal é mal) e todas deviam ter lições de moral. Além disso, nada macabro, sangrento ou com cenas de terror deveria estar presente nas obras.
Foi uma forma também de dar um golpe duro nos gêneros mais populares da época, como terror e policial (especialmente o primeiro), pois todos os elementos relacionados a eles, foram proibidos. Isso porque, de acordo com o código, temas com presença de vampirismo, mortos-vivos, lobisomens, ghouls etc., eram todos proibidos.
A ascensão da ficção científica
A retomada do sucesso das comics passou pela adoção de algumas reformulações de heróis e a adoção de origens com influência da ficção científica. Por exemplo: a mudança do Flash de Jay Garrick, para Barry Allen, que se tornou o velocista após ser atingido por um raio. O Lanterna Verde, que deixou de ter um anel mágico, para ser um membro da polícia espacial, com um anel movido a força de vontade.
Bem como o Gavião Negro, que deixou de ser a reencarnação de um príncipe egípcio, para ser um alienígena vindo de Thanagar. O momento mundial, com a bomba atômica e a corrida espacial sendo temas que geravam curiosidade e medo, explicavam o fascínio por esse tipo de heróis. Sendo assim, as apostas nessa linha de histórias conseguiram atrair o interesse dos leitores.
Outra coisa resgatada foi a ideia de supergrupos e em 1960 nascia a Liga da Justiça. E foi aqui que tivemos a explosão dos heróis da atual Marvel. Tudo começou com Martin Goodman, editor responsável pela criação de diversas editoras, que teve a ideia de seguir ideias de sucesso (leia-se pegar algo pronto e fazer sua versão).
Surge a grande dupla da Marvel: Stan Lee e Jack Kirby
Então ele exigiu a Stan Lee e Jack Kirby a criação de um supergrupo e nascia aí o Quarteto Fantástico. Além das influências de ficção científica, tínhamos heróis como o Sr Fantástico que tinham grande “inspiração” no Homem Borracha. Vários outros heróis com origens nucleares e/ou científicas vieram na esteira do sucesso deles, mas muitos com características bem mais originais.
Homem-Aranha, Hulk, X-Men são apenas alguns exemplos. Contudo ainda tinha espaço para outros como Homem de Ferro, com origem tecnológica e Thor, com sua origem mitológica. Porém essa era em meados dos anos 60 começava a dar sinais de desgaste, muito em função das restrições da polêmica CCA.
Os temas muito rasos, em meio a um mundo em mudança e sem espaço para maniqueísmo, pediam por uma adaptação também nas histórias. Finalmente em 1971 que temos uma flexibilização no código, temas como corrupção de agentes públicos passou a ser permitida (desde que punida no final). Então, entramos na Era de Bronze.
Aprenda HQ e Mangá na ABRA
Gostou do assunto? Conheça tudo e mais um pouco sobre HQ e Mangá na ABRA. Temos opções de cursos presenciais e Ead ao vivo. Faça sua matrícula agora mesmo!