A mulher, em diversas profissões ao longo da história, levou muito tempo para ser reconhecida e valorizada. E vimos até mesmo casos em que algumas foram ‘apagadas’, com muitas de suas obras sendo atribuídas a homens, frequentemente ao marido ou companheiro. Isso também se estendeu às fotógrafas, inclusive àquela que é considerada a primeira da história.
Hoje, falaremos um pouco mais sobre algumas das fotógrafas mais importantes do passado e da atualidade, justamente para demonstrar a importância delas na evolução da fotografia.
1 – Constance Talbot (1811-1880)
Começaremos com aquela que é considerada por alguns historiadores como a primeira fotógrafa da história. No entanto, sua importância para a fotografia vai muito além, pois foi graças a ela que seu marido, William Henry Fox Talbot, desenvolveu o primeiro negativo fotográfico.
A explicação é: Constance era uma grande artista plástica e seu marido, em determinado momento, reconheceu que não chegaria ao talento de sua esposa. Sendo assim, ele voltou seus esforços para conseguir capturar uma imagem sem a necessidade de desenhar e com isso ele desenvolveu um processo positivo-negativo em papel.
Contudo, devido à baixa qualidade e durabilidade, na época, ele acabou ofuscado pelo invento de Daguerre, o daguerreótipo. Já a primeira foto feita por uma mulher no mundo, foi a imagem de um verso do poeta irlandês Thomas Moore.
2 – Gioconda Rizzo (1897-2004)
Agora vamos trazer aquela que é tida como uma das primeiras fotógrafas do Brasil. Gioconda era descendente de italianos e seu pai, Michelle Rizzo, era fotógrafo e dono do estúdio Rizzo Photographia Central, que ficava na Rua Direita, na capital paulista.
Ela era autodidata e aprendeu apenas observando o pai fotografar, começando a fazê-lo escondido. Logo Michelle, reconhecendo o talento de Gioconda, a colocou para trabalhar no estúdio fotografando mulheres e crianças. Isso porque, na época, não ficava bem uma moça de família ficar a sós com homens.
Uma das grandes contribuições dela foi mudar a forma de enquadramento das fotos de mulheres. As fotos tradicionais de corpo inteiro, sentadas ou em pé, deram lugar a um tipo mais íntimo de imagem onde apenas o rosto, colo e ombros entravam no quadro.
Esse tipo de enquadramento fez muito sucesso na época, especialmente quando ela teve seu próprio estúdio. Contudo, ele durou apenas dois anos, pois depois que um dos seus irmãos soube que cortesãs tiravam fotos lá, ela acabou tendo de fechar e voltar a trabalhar com o pai.
3 – Alice Austen (1866-1952)
Esta fotógrafa estadunidense quebrou paradigmas sendo uma das primeiras fotojornalistas da história. Apesar de ser uma fotógrafa amadora durante a vida toda, seu trabalho documental de Nova Iorque é importantíssimo.
Até então era comum que as mulheres fotógrafas trabalhassem apenas dentro de estúdios, mas ela optou por pegar todo o seu equipamento e sair às ruas para retratar a vida na cidade de NY. Isso proporcionou um impressionante acervo de mais de 7 mil fotos em que se pode ver a rápida mudança da metrópole.
Só que seu legado foi além do fotojornalismo, pois graças a ela, que era lésbica, temos uma rara documentação de relacionamentos íntimos entre mulheres vitorianas. Seu estilo de vida não tradicional e o de seus amigos, embora destinados à visualização privada, são temas de algumas das suas fotografias mais aclamadas pela crítica.
4 – Graciela Iturbide (1942-)
Falamos de uma das fotógrafas mais importantes da história por conta de seu trabalho retratando os povos originários do país natal, o México.
Contudo, ela não começou diretamente trabalhando com a fotografia. Graciela começou com o cinema, mas migrou para a fotografia sob influência do fotógrafo, e seu professor na época, Manuel Alvarez Bravo, com quem trabalhou como assistente nos anos 1970-71.
Anos depois, em 1978, ela foi contratada pelo “Archivo Etnográfico del Instituto Nacional Indigenista de México” para fotografar a população indígena do México. Inicialmente, ela iniciou com o povo Seri, um grupo de pescadores nômades que vive no deserto de Sonora, próximo à fronteira com o Arizona.
Desde então, ela tem trabalhado documentando a difícil coabitação de antigos rituais culturais e adaptações e interpretações contemporâneas.
Um dos seus interesses particulares tem sido o papel das mulheres e, desde 1979, ela fotografa os índios zapotecas de Juchitán, Oaxaca. Uma das peculiaridades desta tribo é que as mulheres geralmente ocupam lugares de poder e os papéis estereotipados de gênero são frequentemente subvertidos.
Apesar de seu foco estar principalmente no território mexicano, ela também já retratou povos originários do Equador, Venezuela, Panamá e a comunidade mexicana do leste de Los Angeles.
5 – Madalena Schwartz (1921-1993)
Ela era uma fotógrafa nascida na Hungria e radicada em São Paulo. Foi membro do Foto Cine Clube Bandeirantes e uma representante da Escola Paulista. Um fato interessante é que ela se descobriu na área com 45 anos, quando começou a estudar fotografia no Foto Cine Clube Bandeirante, em São Paulo.
Ela ganhava a vida trabalhando em uma lavanderia, negócio que nunca largou pela oscilação da profissão. O grande foco de Madalena eram os retratos e seu trabalho a ajudou a estabelecer muitas conexões com os moradores da região.
As cercanias da Praça Roosevelt, da Avenida São Luís e da Rua Martins Fontes eram regiões que, entre os anos 1960 e 1970, serviam de ponto de encontro para artistas, intelectuais e boêmios. Madalena também atendia às necessidades dos grupos de teatro que atuavam por ali e precisavam registrar seus trabalhos.
Seu trabalho fez com que ela se profissionalizasse como fotógrafa e trabalhasse nas revistas Iris, Planeta, Claudia e Status, entre outras. Ela também trabalhou na TV Globo, entre 1979-91, e colaborou assiduamente com a Editora Abril.
Entre seus trabalhos, temos retratos de Sérgio Buarque de Holanda (com seu filho Chico), Darcy Ribeiro, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Clementina de Jesus, Hermeto Pascoal, Walmor Chagas, Paulo Autran, Wesley Duke Lee e Manabu Mabe.
Só que ela também teve uma grande importância ao retratar muitos personagens da noite paulistana da época, como transformistas e travestis, com destaque para os atores do grupo Dzi Croquettes. Essa vertente da obra de Madalena Schwartz se destaca tanto pela ousadia temática quanto pela sensibilidade da execução
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA