O dia 10 de setembro, trouxe uma comemoração bastante curiosa: o dia do gordo. E dentro do mundo das artes, talvez o maior expoente do tema, seja o colombiano Fernando Botero, famoso pelos seus modelos “gordinhos”. Sendo assim, vamos falar um pouco mais sobre a data e sobre o que é real e não é em relação às obras do artista.
Dia do gordo: origem
Primeiramente falamos sobre a origem da data, que diferente de outros casos que trouxemos antes aqui, é bem incerto. Acreditava-se que esta fosse uma data internacional, mas na verdade não há nenhum registro dela fora do Brasil.
Relacionados à questão, podemos citar outras duas: Dia Mundial da Obesidade celebrado em 11 de outubro e o Dia Internacional sem Dieta celebrado 6 de maio. A primeira é uma data criada pela Organização Mundial de Saúde. O Objetivo é fazer uma campanha contra a obesidade, principalmente a infantil.
Enquanto isso, a segunda foi criada por Mary Evans para lutar contra a indústria das dietas. O objetivo é sensibilizar contra os perigos da anorexia e de transtornos alimentares. Ou seja, não temos nada especificamente falando sobre o dia do gordo.
Dessa forma, é muito provável que a data tenha surgido na internet. Contudo, no início tínhamos um dia dedicado a piadas de mau gosto e/ou depreciativas para com as pessoas gordas. Porém, com o tempo esta passou a ser uma data para conscientizar a sociedade sobre a importância do respeito às pessoas gordas.
Desde então o dia é dedicado a reivindicar melhores condições de qualidade de vida das pessoas gordas, assim como combate a gordofobia.
Fernando Botero: o pintor de gordinhos?
Apesar de ter feito fama com seus modelos acima do peso, a arte de Fernando Botero vai muito além da simples representação de gordinhos em suas telas. Como o próprio explicou certa vez, suas pinturas têm como foco o volume. Confiram esta explicação do próprio artista em entrevista ao jornal “El mundo”:
“Não pinto gordas. Ninguém acredita em mim, mas é verdade. Eu pinto volumes. Quando pinto uma natureza morta também pinto com volume, se pinto um animal ele também será volumoso, se pinto uma paisagem, igual.
Sou atraído pelo volume, a sensualidade da forma. Se pinto uma mulher, um homem, um cachorro ou um cavalo, o faço sempre com a ideia do volume, mas não é que eu tenha uma obsessão pelas mulheres gordas”.
No entanto, ele não se incomoda com a associação, ainda que reforce sempre a questão acima do volume. Inclusive ele citou em uma entrevista para a Folha que vê certa identificação dos gordinhos com sua obra e que até acha simpático.
Nesta mesma entrevista Fernando Botero ainda destacou que nunca pintou uma modelo gorda, explicando que seu trabalho é de imaginação, pois não poderia jamais encontrar uma modelo com as proporções que ele faz em suas obras.
Botero estilo e críticas sobre sua obra
Ao mesmo tempo que é o pintor vivo mais popular e mais vendido mundialmente, sua obra também sofre com críticas. As mais pesadas tratam a obra dele como apelativa, populista, retrógrada e kitsch (termo que designa mau gosto artístico e produções vistas como de qualidade inferior). No entanto, Fernando Botero não se importa com essas críticas.
Segundo o próprio artista, ele classifica sua obra como um misto de arte renascentista com arte pré-colombiana, que aprimorados dão origem a um estilo próprio. Sobre suas influências, podemos destacar: os modernistas mexicanos, renascentistas e barrocos, nascido dos princípios e respeito do artista pela arte de estruturas clássicas.
Fernando Botero tem alguns temas que retrata com mais recorrência. Por exemplo: natureza-morta, sensualização de personagens, universo circense, costumes latino-americanos, cavalos e amazonas e releituras de obras célebres. Além deles, ele também é bem engajado politicamente, tendo feito diversas obras com temática da violência na América Latina (especialmente Colômbia).
Obras de Fernando Botero retratando o volume em diferentes situações
Para facilitar o entendimento do conceito de volume que Botero falou, vamos mostrar algumas obras, que exemplificam bem o conceito dele sobre volume, além de trazer alguns de seus estilos favoritos.
Monalisa (1978)
Inicialmente trazemos uma das obras mais conhecidas dele: a releitura da clássica obra Monalisa, de Leonardo Da Vinci. A posição dela e o sorriso enigmático permanecem os mesmos, mas podemos ver um destaque ainda maior que o da obra original. Isso porque boa parte da paisagem que podia ser vista antes agora destaca a Monalisa. Atualmente esta pintura encontra-se no MoMa, de Nova Iorque.
Natureza morta com melancia (2013)
Ele conta com diversas obras retratando naturezas-mortas, assim como melancias. Aqui temos um grande exemplo de como ele destaca o volume em figuras não humanas. Podemos ver que tanto a melancia como o bule têm formas arredondadas e muito maiores que a original. Um fato curioso é que Fernando Botero não usa nenhuma referência, mas sim sua imaginação nestas pinturas.
Cavalo (1998)
Um exemplo agora do mundo animal. Pode-se observar que o cavalo de Fernando Botero traz formas torneadas e bem musculosas, mas sem deixar de lado o volume característico. A forma como ele costuma retratar o bicho varia muito, pois tanto temos ele sozinho, como montado por homens ou amazonas.
A morte de Pablo Escobar (1999)
Por fim, trazemos o lado politizado dele, que fez esta obra com temática mais forte, retratando o momento em que o famoso traficante Pablo Escobar foi morto a tiros, no alto de sua casa. O chefe do cartel de Medellín, aparece muito maior que as casas ao redor, dando o evidente destaque à peça central da obra.
Esta pintura faz parte de uma série que procurava retratar a violência na Colômbia relembrando conflitos armados que aconteceram na segunda metade do século XX.
Em Medellín na Colômbia existe a famosa Botero Plaza que é uma praça onde é possível ver dezenas de esculturas de Botero. O local é cercado pelo Museu de Antioquia e pelo Palácio da Cultura Rafael Uribe Uribe e exibe 23 esculturas do artista.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA