Mangás shonen geralmente alcançam altos níveis de popularidade, atraindo uma ampla audiência, incluindo o público feminino. Essa popularidade muitas vezes se estende às telas, com adaptações em anime. Neste segmento, destacam-se duas produções que competem pelo título de mais bem-sucedidas dos últimos anos: “Demon Slayer” e “Jujutsu Kaisen”.
Geralmente, quando isso ocorre, é comum que surja uma ‘rivalidade’ entre eles, com fãs defendendo fervorosamente um e criticando o outro. No entanto, essa rivalidade representa uma grande perda de tempo, já que impede os fãs de apreciar duas ótimas obras.
Anteriormente falamos sobre Demon Slayer e hoje abordaremos Jujutsu Kaisen, trazendo alguns fatos sobre a principal obra de Gege Akutami.
1 – Originalmente a obra iria se resumir apenas a Jujutsu Kaisen 0
Entre a primeira e segunda temporada, os fãs da obra puderam assistir ao primeiro longa-metragem, intitulado “Jujutsu Kaisen 0”. Este não é um OVA, mas sim uma história prequel protagonizada por Yuta Okkotsu, um tipo de prodígio entre os alunos das escolas de jujutsu.
A história apresenta vários personagens mais jovens, como Panda, Maki Zenin e Toge Inumaki, que são colegas de classe de Yuta. Além deles, Satoru Gojo e Suguru Geto, um dos principais antagonistas, também aparecem com destaque.
O que poucos sabem é que esta deveria ser toda a obra de “Jujutsu Kaisen”. Isso ocorreu porque Gege Akutami não tinha a intenção de continuar com a obra, desejando criar um mangá sobre idols. No entanto, seu editor o encorajou a continuar investindo nessa obra, pois via potencial nela. Como pudemos perceber, ele estava certo.
2 – Ryomen Sukuna é baseado em um personagem real
Os mangás costumam conter várias referências à história japonesa, sejam elas reais ou mitológicas. E para um dos personagens principais da série, Ryomen Sukuna, ele compartilha um nome homônimo com uma figura real que, em certo momento, tornou-se também uma lenda mitológica.
O verdadeiro Ryomen Sukuna era um líder respeitado, mas a família Yamato tentou depô-lo através de um golpe hostil. As histórias sobre ele estão registradas em um antigo livro de história clássica japonesa chamado “Nihon Shoki”, traduzido como “As Crônicas do Japão”.
Em determinado momento, a história assume contornos mitológicos, já que neste livro, ele era representado como um ser poderoso com dois pares de braços e duas pernas, sendo que cada par estava localizado tanto na frente como atrás do corpo (semelhante ao que vemos na série).
No livro “Nihon Shoki,” Sukuna é descrito como rápido, astuto e dotado de força sobre-humana. O (agora) demônio empunhava arco, flecha e espadas em suas mãos. Ele ficou conhecido como uma “calamidade natural” e, durante seu reinado, saqueou inúmeras aldeias, deixando um rastro de morte por onde passava.
No entanto, embora esse livro antigo o retrate como um vilão e inimigo do imperador, muitos o consideram um herói. De fato, ele é até reverenciado como uma divindade menor no Japão, pois Sukuna se rebelou contra o governo tirânico do Japão de sua época.
De acordo com o folclore, Sukuna foi o patrono fundador dos templos Senko-Ji e Zenkyu-ji, introduzindo o budismo no distrito de Hida. Além disso, ele é adorado em muitos outros templos antigos na região, que abrange as atuais províncias de Hida e Mino, ambas localizadas na Prefeitura de Gifu.
3 – Homenagens a outros animes
É bastante comum em obras shonen os autores fazerem referências ou mesmo homenagens a outras obras famosas. Em “Jujutsu Kaisen”, isso também ocorre, com o próprio autor confirmando que dois dos personagens da série foram inspirados por obras de sucesso.
Curiosamente, assim como em “Demon Slayer”, “Jujutsu Kaisen” também presta homenagem a Bleach. Neste caso, o personagem de referência é Zaraki Kenpachi, um dos shinigamis mais populares da obra. O personagem em “Jujutsu Kaisen” que faz referência a ele é Aoi Todo.
É interessante observar que o segundo personagem inspirado é Suguru Geto, um dos principais vilões da série. Segundo o autor, sua inspiração veio de Shinobu Sensui, um dos antagonistas de YuYu Hakusho. Contudo, o próprio Gege Akutami, o autor, mencionou que não conseguiu estabelecer a mesma conexão emocional com o vilão que criou, em comparação com a que teve com o personagem de Togashi no mangá.
4 – Protagonista foi baseado no irmão do autor
É algo bastante recorrente em histórias de diversos gêneros, pois muitos autores usam referências de suas próprias vidas para desenvolver personagens, cenários e enredos. Por isso, antes de entrarmos na curiosidade, fica uma dica: observe sempre tudo que acontece ao seu redor, pois muitas vezes você pode encontrar ótimas inspirações bem perto de você.
Hoje, traremos um exemplo que ilustra bem esse conceito. Segundo Gege Akutami, Yuji Itadori foi inspirado no seu irmão mais velho. E sua explicação é um tanto inusitada:
“Yuji é extremamente inspirado na figura do meu irmão mais velho, que é o meu oposto. É alguém que sempre tem sucesso em tudo o que faz: nos esportes, nos estudos, etc.”
Quando falou sobre essa inspiração, o autor também mencionou a mãe e o pai do protagonista, confirmando que a mãe aparecerá em algum momento, mas que a figura paterna tem poucas chances de ser abordada.
5 – Como a religião influencia Jujutsu Kaisen (e vários outros mangás)
O mundo de “Jujutsu Kaisen” apresenta as maldições, que nada mais são do que manifestações de diversos sentimentos negativos humanos, como raiva, inveja, medo, tristeza, entre outros. Especialmente em locais como escolas, hospitais e cemitérios, a presença desse tipo de energia acaba se tornando densa e dando origem a esses seres.
Embora, para nós ocidentais, isso não seja exatamente comum e até contenha algumas restrições ou preconceitos, o interesse pelo sobrenatural lá é diretamente influenciado pelas duas principais religiões do país: o xintoísmo e o budismo.
A crença dos xintoístas é centrada no “Kami,” ou Espírito, que estaria presente em todas as coisas. Enquanto isso, o Budismo acredita em seis estados de existência: humanos, animais, fantasmas, demônios, entidades divinas e seres infernais.
Devido a isso, o gênero kaidan (ou histórias de fantasmas) é extremamente popular no Japão, algo que remonta ao período Edo. Mais tarde, na Era Showa, surgiram alguns dos mitos mais famosos. Acredita-se que o universo de “Jujutsu Kaisen” seja uma fusão de referências desses mitos e das religiões do país.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA