O mês de outubro marca o “descobrimento da América” por Cristovão Colombo em 1492. Antes uma data mais celebrada, hoje ela é fruto de diversos questionamentos (de forma similar ao que acontece no Brasil com Cabral). Primeiramente porque no caso da América do Norte, há diversas provas de que na verdade os vikings chegaram ao continente 500 anos antes.
Para além disso, questiona-se o próprio fato da consequência desta chegada, que foi o massacre de diversas civilizações que já viviam no continente. É importante trazer este contexto antes, pois as obras datam em geral do século XIX e começo do XX, um período em que o evento era mais romantizado.
Ainda assim, falamos de obras importantes na história, pois servem justamente para ilustrar o contexto da época em que foram feitas e como a chegada dos Europeus era vista na visão dos próprios. Isso porque algumas das mais importantes obras sobre o descobrimento da América, são de artistas espanhóis. Confiram a seguir algumas das mais importantes.
1: A Descoberta da América por Cristóvão Colombo – Salvador Dali
Esta pintura foi feita por Salvador Dali entre 1958 e 59 e faz parte de uma série de grandes pinturas do artista, já que seu tamanho é de 4,10m de altura por 2,84 de largura. A obra romantiza a chegada de Cristovão Colombo e traz um forte apelo religioso, com diversas representações de cruzes e até mesmo da igreja, com a figura de um bispo no canto esquerdo.
Ele a fez como homenagem à Espanha e em um momento bastante curioso, pois naquela época tínhamos historiadores catalães reivindicando que Cristóvão Colombo havia nascido na Catalunha e não na Itália.
Um fato histórico importante é que mesmo na Itália há a discussão se ele é natural de Gênova ou de Veneza. Contudo, há a certeza de que ele viveu em território genovês, inclusive com sua casa preservada lá até hoje.
Já sua viagem foi financiada pela coroa espanhola, pois nem Gênova, nem Veneza aceitaram bancar os custos.
2: Primeira Homenagem a Colombo – José Garnelo
Novamente trazemos uma pintura de um artista espanhol e que foi feita no ano de 1892. Ou seja, temos uma obra comemorativa do quarto centenário do descobrimento da América por Cristóvão Colombo.
Temos aqui uma visão idealizada do desembarque em terras americanas, inclusive mostrando uma interação pacífica entre os europeus e nativos da região. A presença de cores mais vivas ao retratar o ambiente, tinha como intuito ressaltar um local exótico, ainda estranho aos olhos dos europeus recém-chegados ao continente.
Novamente temos como elemento central e destacado a cruz, mostrando como se aplicava a religião naquela época. Isso porque para além de costumes, eles também buscaram catequizar os nativos presentes no continente americano.
Contudo, novamente temos uma visão idealizada, já que nem sempre esse evento deu-se por formas pacíficas, já que muitos precisaram se converter como forma de evitar a perseguição por parte dos colonizadores (de forma similar ao que aconteceu no Brasil).
3: O primeiro desembarque de Colombo na América – Dióscoro Teófilo Puebla e Tolín
Antes de mais nada é importante destacar que esta obra retrata a chegada de Cristóvão Colombo na ilha de San Salvador, atual Bahamas. Ele ficou lá cinco meses antes de voltar anunciando a descoberta de um novo continente. No entanto, ele não falava sobre a América, mas sim afirmava ter chegado à Ásia (algo que sustentou até o fim de sua vida).
O quadro é de 1862 e ganhou um prêmio na Exposição Nacional de Belas Artes no mesmo ano, além de ter sido comprado pelo Museu do Prado em seguida. Tornou-se uma obra referencial, motivando diversas recriações que se seguiram do momento.
Ali celebravam-se os 370 anos da descoberta da América e a rainha da Espanha era Isabel II (sendo que foi Isabel I que patrocinou a viagem de Colombo). Ele traz diversos elementos questionáveis, especialmente por historiadores. Entre as principais “licenças poéticas” temos:
- O capelão – apesar de religiosos acreditarem que a viagem seria impossível sem ter um a bordo, historiadores veem de forma diferente. Segundo eles, haveria uma ausência de candidatos, pois muitos acreditavam ser uma missão suicida, então eles viajaram sem nenhum;
- Índios passivos – na carta que enviou à rainha relatando sua descoberta, Colombo definiu os habitantes de lá como “covardes e tímidos”. Contudo, os nativos exterminaram a colônia de 39 marinheiros que o navegador deixou no continente;
- Rosto de Colombo – ele só tinha 41 anos na época, mas parece muito mais velho que isso no quadro. Só que o problema é que não houve nenhuma imagem feita de Colombo em vida. Ou seja, ninguém sabe exatamente como ele era;
Por fim, a forma como Dióscoro pintou traz indícios de algo comum nas pinturas acadêmicas da época: modelos fazendo pose para foto dentro de um estúdio. Essa característica foi alvo de diversas críticas por parte dos modernistas.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA