Até o fim do mês de outubro, ocorre em Londres a exposição chamada “Masterpieces from Buckingham Palace”. Trata-se de um evento que possibilita aos visitantes verem algumas das principais obras primas que fazem parte da coleção de pinturas da família real e que estavam presentes no Palácio de Buckingham.
Elas fazem parte de uma coleção que conta com cerca de 10 mil obras, que vão de pinturas, passando por esculturas, até desenhos e documentos raros. No caso específico da exposição, o foco são os quadros de grandes mestres da história como Rembrandt, Van Dyck, Rubens, Artemisia, entre outros.
Apesar de haver as tradicionais visitas ao palácio, nem sempre estas obras estão disponíveis para o grande público. Sendo assim, hoje mostraremos algumas das principais pinturas presentes neste que é um dos maiores acervos particulares do mundo. Elas estão divididas em quatro grandes grupos, sendo eles:
1 – Pinturas italianas
Primeiramente temos obras que foram criadas nos mais diversos centros artísticos italianos entre os séculos XVI e XVII. Chama atenção que todas as obras são centradas em figuras femininas, tanto mitológicas como autorretratos.
Um fato interessante é que ele traz diversos tipos de representações que não eram tão comuns no período. Por exemplo: o “Autorretrato como Alegoria da Pintura” de Artemisia Gentileschi (1593-1652). Trata-se da artista de maior sucesso de sua época, em um período que era raro ver mulheres pintoras.
Artemisia Gentileschi – Autorretrato como Alegoria da Pintura
Seu autorretrato traz uma abordagem alegórica incomum aos contemporâneos masculinos de sua época, pois justamente essa era representada sempre por uma mulher. Ela se retrata em um momento criativo, com pincéis e tintas, enquanto está efetivamente empregando o ato de pintar.
Por outro lado, temos na obra “Pallas Atena” de Parmigianino, o ideal de beleza feminina da época. Ele a retrata com feições alongadas, com os cachos dourados, justamente trazendo a harmonia e esplendor que veríamos na figura da deusa da guerra e da sabedoria.
Pallas Atena – Parmigianino
2 – Van Dyck e Rembrandt
Falamos de dois pintores dos Países Baixos, sendo Sir Anthony Van Dyck da atual Bélgica e Rembrandt da Holanda. No entanto, o caso mais interessante é do pintor flamengo, que ganhou o título de cavaleiro na própria Inglaterra e trabalhou para o Duque de Buckingham e também para a corte, em períodos diferentes. Sua primeira ida foi por três meses e ocorreu por volta de 1620. Nesta curta passagem, além do duque, também fez trabalhos para o Conde de Arundel.
Pois foi justamente graças a influência do segundo, que em 1632, o rei Carlos I o convidou para sua corte. Durante este período de nove anos que viveu lá, Van Dyck pintou cerca de 30 retratos para o monarca, além de realizar diversos trabalhos para os aristocratas do período. Entre seus trabalhos de destaque no Palácio de Buckingham, temos “Cristo curando o paralítico”. A obra foi feita quando ele tinha ainda 20 anos de idade na Antuérpia.
Van Dyck – Cristo curando o paralítico
Por outro lado, Rembrandt não teve em nenhum momento relação com a Inglaterra, mas durante boa parte de sua vida viveu bem trabalhando como pintor. Ele é visto como um dos símbolos do “século de ouro dos Países Baixos”. Ele conta com um maior número de obras no acervo do palácio de Buckingham, sendo uma das mais destacadas o quadro “Cristo e Santa Maria Madalena no túmulo”.
Rembrandt – Cristo e Santa Maria Madalena no túmulo
Este é considerado um dos quadros que melhor retrata o momento da ressurreição de Cristo, inclusive com destaque para a forma como usa o nascer do Sol como metáfora para o momento.
3 – Países Baixos
Tratam-se de diversas obras de artistas dos países baixos e produzidas entre 1630 e 1680, o apogeu da era de ouro da região. Apesar de serem contemporâneos e conterrâneos, tanto Van Dyck como Rembrandt estão em uma categoria à parte desta.
Aqui temos diversos artistas que não tiveram a mesma projeção de ambos, mas que obtiveram algum destaque no período. Além disso, a temática é diferente aqui, contando com diversas cenas de cotidiano, como paisagens e cenas do dia a dia com pessoas em suas casas, em tavernas, lojas ou simplesmente no meio da rua.
Boa parte dessas obras foram adquiridas por George IV para o Palácio de Buckingham. Segundo relatos, ele as admirava por sua “comédia”, técnica brilhante e por trazer a vida como ela era. Além disso, havia o fascínio pelos detalhes minuciosos das pinturas e como os artistas retratavam a luz nelas.
Podemos destacar entre elas a obra do belga David Teniers chamada “O Baterista”, em que ele se vale do suporte de cobre para poder pintar com precisão e ainda trazer um acabamento brilhante e reflexivo. O tema é uma mistura do cotidiano do campo, combinado com elementos militares como bandeira, armadura, capas e armamentos diversos.
David Teniers – O Baterista
Já a obra do holandês Pieter de Hooch chamada “Jogadores de cartas em uma sala iluminada pelo sol” nos coloca como espectadores de uma cena cotidiana. A ideia do autor é que quem vê a obra entre na cena, mas sem que os personagens dela sequer percebam sua presença. Outro destaque fica para o fundo, pois ele não encerra a obra, mas sim a abre para a possibilidade de algo maior além dela.
Pieter de Hooch – Jogadores de cartas em uma sala iluminada pelo sol
4 – Pinturas de paisagens
Por fim, temos obras do período de 1610 até 1680, em que a temática de paisagens estava em alta. Contudo, não era como um plano de fundo, mas como o tema em si. Entre as obras, temos uma de Peter Paul Rubens, que foi mestre de Van Dyck. Sua obra é a “Leiteiras com gado em uma paisagem”, em que mesmo tendo pessoas e animais em um primeiro plano, o destaque fica para o ambiente.
Peter Paul Rubens – Leiteiras com gado em uma paisagem
Podemos ver a harmonia da natureza com flores, frutas, vegetais e animais coexistindo pacificamente, com o destaque para as pombas no centro da obra representando a paz.
Enquanto isso, a obra “Cena do Porto ao pôr do sol”, de Claude Lorrain, nos leva ao cenário em questão. Destaca-se a forma como o artista consegue retratar com precisão o brilho do crepúsculo sobre a água e a arquitetura local, exatamente como vemos na natureza. Apesar de termos pessoas na obra, elas ficam em segundo plano em relação à paisagem.
Claude Lorrain – Cena do Porto ao pôr do sol
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA