Sempre que falamos do movimento do surrealismo, uma das primeiras obras que vem à mente é a Persistência da Memória. Pintada por Salvador Dali em 1931, ela foi o ponto de virada na carreira do artista, dos mais famosos do século XX. Agora aqui falaremos mais desta obra, inclusive com fatos citados pelo próprio pintor.
A Persistência da Memória: detalhes e técnica
Primeiramente vale observar que falamos de um quadro relativamente pequeno, apenas 24 x 33cm. Ele traz uma paleta de cores com grande presença de tons ocre e marrom, buscando trazer uma sensação de paisagem árida para que o observa.
Para pintá-lo, Salvador Dalí valeu-se de uma técnica bastante peculiar, chamada “método crítico-paranoico”. Criada pelo pintor, baseia-se em paranoias e alucinações autoinduzidas para facilitar a criação de uma obra de arte. Ele desenvolveu essa técnica em 1930, em meio a uma corrente dentro do surrealismo que explorava ideias de automatismo e autoconsciência.
Bem como essa vertente, todo movimento surrealista tinha forte influência da psicanálise (especialmente de Freud), sendo inclusive base para técnica criada por Dalí. Enfim, vamos falar mais a fundo da obra propriamente dita.
Simbolismos presentes na obra
Importante destacar em primeiro lugar, que as obras surrealistas, dão margem para variadas interpretações, então algumas coisas podem ter significados diferentes, até mesmo do que o próprio pintor pensava.
Para começar, o que chama mais atenção na obra são os relógios derretidos. Isso acontece porque como o próprio Dali destacou sobre a técnica, a ideia era ter “fotografias de sonho pintadas à mão”. Sendo assim, temos eles mostrando que o tempo passa de forma diferente nos sonhos.
Porém, nem todos os relógios estão derretidos como podem ver. Um deles está inteiro, virado de ponta cabeça e repleto de formigas em cima. Era conhecido que Dali não gostava muito de formigas e as associava a putrefação em suas obras, que é reforçada com outros elementos dentro da pintura.
Na Persistência da Memória temos uma mosca sobre um dos relógios e outro pendurado sobre uma árvore seca. Tem-se aí uma relação sobre a passagem de tempo, como ele passa (e termina) diferente para cada um. Por fim, o último dos relógios está sobre uma figura curiosa: uma caricatura do próprio autor!
Ele já se colocou em outras obras e especificamente nesta, traz novamente a relação do tempo e dos sonhos, pois a figura aparece dormindo.
A Persistência da Memória: realismo e curiosidades
Apesar de falarmos de um quadro com forte relação com o mundo dos sonhos, a paisagem ao fundo destoa de todo resto. Isso porque falamos de um cenário real: trata-se da visão que Salvador Dalí tinha da sua casa em Barcelona. Tal qual a Oliveira, a árvore seca e característica da região da Catalunha, isso serve para mostrar o resquício do realismo enquanto sonhamos.
Por fim, vale destacar algumas curiosidades sobre a obra:
- Ela foi pintada em apenas cinco horas, em um dia que Salvador Dali sentiu-se indisposto para ir ao cinema com sua mulher e amigos.
- Apenas um ano depois, em 1932, que a obra foi exposta no Julien Levy Gallery, em Nova York, momento em que ele ganhou projeção no mundo da arte.
- Atualmente exposta no MoMa, a Persistência da Memória chegou lá através de um patrono anônimo, que comprou e doou ao museu.
- A obra é elemento recorrente da cultura pop, recebendo referência em programas como Simpsons, Dr Who, Futurama, entre outros.
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