O mundo da moda sempre busca formas de se reinventar ou mesmo chamar atenção para si. Recentemente, a Louis Vuitton conseguiu isso com um anúncio bastante surpreendente: Pharrell Williams como seu novo diretor criativo para roupas masculinas.
Pharrell Williams em seu desfile de estreia
Apesar de ter alguma experiência na moda, como a fundação de marcas urbanas com o designer japonês Nigo, o desenho de coleções-cápsula para a Chanel e uma colaboração com a própria Louis Vuitton, a escolha feita pela marca gerou diversos questionamentos, especialmente devido à falta de formação formal do cantor em moda
Quais os motivos que levaram a Louis Viutton a escolher Pharrell Williams?
Primeiramente, vamos destacar o que a própria marca falou ao anunciar Pharrell como seu novo diretor criativo:
“Pharrell Williams é um visionário cujos universos criativos se expandem da música à arte e à moda – estabelecendo-se como um ícone cultural global nos últimos vinte anos. A maneira como ele rompe fronteiras nos vários mundos em que explora, alinha-se ao status da Louis Vuitton como uma Maison Cultural, reforçando seus valores de inovação, espírito pioneiro e empreendedorismo”.
Junto a esse parágrafo, que fala sobre as motivações da Louis Vuitton, temos também as palavras do CEO Pietro Beccari:
“Estou feliz em receber Pharrell de volta em casa, após nossas colaborações em 2004 e 2008 para a Louis Vuitton, como nosso novo Diretor Criativo Masculino. Sua visão criativa além da moda, sem dúvida, levará a Louis Vuitton a um capítulo novo e muito empolgante”.
Contudo, o que foi citado anteriormente sobre a falta de formação de Pharrell Williams deve ser destacado, especialmente quando falamos de uma das principais marcas da alta costura no mundo.
Dessa forma, diversas especulações começaram a surgir sobre o que de fato pode ter motivado a opção por ele. Vale lembrar que houve uma grande comoção quando Virgil Abloh, o antigo diretor, morreu em 2021 e que Pharrell era muito amigo dele. Portanto, certamente já havia uma relação de proximidade do departamento com ele.
A escolha do rapper pode ter sido influenciada pela sua capacidade de colocar a marca em evidência e atrair novos clientes. Ele é um nome consagrado e com muitos amigos entre as celebridades. Ou seja, cada evento com ele virará uma atração além do mundo da moda.
Junto a isso, ele também conta com uma grande legião de fãs e nem todos, consumidores da Louis Vuitton. Sua presença na marca pode fazer com que essa base de seguidores dele ajude tanto a divulgar suas criações, como também consumir os produtos que ele cria.
Pode-se concluir que, ainda que ele tenha talento para criação de roupas, sua escolha se deu muito mais pelo “pacote” que vem junto com ele e a possibilidade de retorno financeiro que isso trará.
O que Pharrell Williams apresentou em seu primeiro desfile?
Para seu desfile de estreia, ele pensou em um evento grandioso. Foi ao anoitecer de 20 de junho, em cima da Pont Neuf, toda fechada para a ocasião e bem na frente da porta de entrada do QG da Louis Vuitton em Paris.
O grandioso desfile de estreia
A chegada dos convidados não foi menos opulenta, pois eles chegaram de barco pelo rio Sena, nos famigerados Bateaux Mouches. A ponte também foi preparada, com seu asfalto coberto pela padronagem Damier (uma quadriculada)
Por fim, em uma das extremidades, estava o coral Voices of Fire, de Virginia, cidade estadunidense onde Pharrell nasceu. Eles fizeram toda trilha sonora do desfile, com destaque para “Joy”, uma colaboração entre o rapper e o coro gospel, lançada horas antes da apresentação.
O evento em si e a presença de diversas celebridades roubaram a cena em relação ao desfile propriamente dito. Isso aconteceu porque o desfile trazia uma homenagem a Virgil Abloh, e, portanto, não se esperavam grandes novidades.
Ainda assim, chamou atenção as roupas mais próximas ao corpo, com comprimentos reduzidos e proporções convencionais, indo na contramão do seu antecessor, que fazia muito uso do oversized.
Exemplo de roupas mais ajustadas do desfile
O desfile, em geral, trouxe muito mais do convencional da Louis Vuitton, com muitos elementos clássicos da marca, como a padronagem damier, os carrinhos de baú com monograma da marca, etc., do que propriamente algo com a cara do novo diretor.
Exemplos da padronagem damier no desfile
O que esperar do futuro?
Trata-se de um grande mistério. Primeiramente porque este desfile, como o próprio Pharrell Williams citou em entrevista ao The New York Times, diz se sentir, por enquanto, mais como cliente do que diretor de criação, mostrando ainda uma relação um bocado desigual de poder.
Posteriormente é possível que ele ganhe mais liberdade criativa, mas também não se pode descartar a possibilidade da marca optar por menos revolução e mais segurança. Em um cenário como esse, Pharrell teria menos possibilidade de inovar e seria muito mais um “garoto-propaganda” para alavancar as vendas de roupas masculinas.
Entretanto, podemos também ter uma gestão que abale o mundo da moda, com alguém de fora do meio tradicional ali presente. Mas para isso precisaremos aguardar e entender como será a liberdade de trabalho que Pharrel Williams terá.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA