Ao falarmos de arte, normalmente a primeira coisa que vem à mente são movimentos, obras e artistas clássicos ou que no máximo vão até a primeira metade do século XX, por exemplo de Picasso e Dalí. No entanto, durante os anos 50, um movimento que ganhou muita força foi a Pop Art.
A princípio surgiu como um contraponto ao expressionismo abstrato, mas logo tornou-se uma corrente popular e que até hoje influência artistas contemporâneos, especialmente do grafite.
Pop Art: definição e origem
Para começar vale entender que o termo significa uma abreviação de popular art ou simplesmente “arte popular”. A expressão foi criada pelo crítico Lawrence Alloway e usada pela primeira vez em 1954 para definir o que vinha sendo criado na publicidade, no desenho industrial, nos cartazes e nas revistas ilustradas.
O movimento surgiu na Inglaterra, mas chegou no seu auge no Estados Unidos, especialmente em nova Iorque, nos anos 60. Foi inclusive neste período que ele se tornou um estilo com características próprias. A principal delas, era o retorno da arte figurativa, justamente sendo o contraponto ao já citado expressionismo abstrato.
Esta arte tinha um objetivo claro: ser uma espécie de crítica irônica as transformações da sociedade no período. Seu principal alvo era o bombardeamento e o incentivo ao consumismo exacerbado. Sendo assim, usar objetos ou símbolos da época como artistas, quadrinhos, produtos de marcas famosas viraram sua marca registrada. Contudo, o movimento serviu de incentivo também a essa indústria, pois ele atuava como uma espécie de divulgação.
Características da Pop Art e movimentos que ela inspirou
Para além do uso de símbolos dessa cultura das massas, a pop art também trazia diversas outras características únicas. Confiram os principais:
- Reprodução de peças publicitárias – uma marca das obras era muitas vezes pegar uma propaganda e usá-la como objeto de sua criação;
- Uso de imagem de celebridades – Marilyn Monroe, Elvis, entre outros foram base de obras. Aqui é importante destacar o motivo, especialmente para Andy Warhol. Segundo ele, essas personalidades públicas eram como figuras impessoais e vazias;
- Reprodução em série do mesmo tema – é comum vermos nestas obras, diversas vezes a mesma imagem repetida. Por exemplo a própria obra da Marilyn de Andy Warhol ou então Robert Rauschenberg com as garrafas de Coca;
- Forte uso da serigrafia – esta consiste na vazão de tinta através da pressão de um puxador ou de um rodo, tudo por meio de uma tela de seda preparada anteriormente. Era particularmente eficiente pois facilitava para dar a vivacidade e intensidade das cores nas obras, além de permitir a produção em massa;
- Aproximação da arte com a vida cotidiana – apesar de não ser uma arte nascida popular, era uma arte de fácil alcance e aceitação, especialmente pelos símbolos usados;
- Imitação da estética industrial;
- Inspiração no universo dos quadrinhos;
- Uso de cores intensas e vibrantes.
Como citamos anteriormente, a pop art influenciou o grafite e a arte urbana dos dias de hoje. Por exemplo, a escolha das técnicas, das linhas e cores, além dos próprios temas-alvo. Muito dessa crítica a cultura do consumo também pode ser vista através das obras de muitos grafiteiros ou outros artistas que usam técnicas diferentes.
Obras mais famosas da Pop Art
Aqui temos características bem peculiares e que em muitos casos eram marcas registradas dos artistas. Agora vamos mostrar algumas das mais famosas obras deste movimento:
1 – A banana – Andy Warhol (1960)
Criada pelo um dos principais artistas do movimento, Andy warhol, ela trazia as características do movimento como cores vibrantes fluorescentes e até algum brilho. Esta obra se popularizou especialmente porque virou capa do disco da banda Velvet Underground. Até sua morte, ele fez capas para muitos outros artistas como Rolling Stones, Paul Anka, John Cale, etc.
2 – Just what is it that makes today’s homes so different, so appealing? – Richard Hamilton (1956)
Em tradução livre podemos chamá-la de ”O que torna as casas de hoje tão diferentes, tão atraentes?”. Trata-se de uma colagem feita com diversas imagens de revistas. Importante destacar que para muitos críticos, apesar de a serigrafia ser uma marca da Pop Art, a colagem que é considerada uma das primeiras obras realmente características do movimento.
3 – Kiss V – Roy Lichtenstein (1964)
Este artista tinha como marca uma arte que procurava valorizar as histórias em quadrinhos. Entretanto ele também conta com obras que misturam anúncios, recortes do dia a dia, além de comerciais.
Ele também era famoso por ser um grande usuário do pontilhismo, justamente a que vemos em Kiss V.
4 – Marilyn Diptych – Andy Warhol (1962)
Por fim, uma das obras mais famosas da Pop Art. Andy Warhol a criou utilizando o processo de serigrafia e colocou lado a lado uma série de imagens iguais da atriz recém-falecida. Segundo ele, a ideia era trazer o contraste da Marilyn conhecida do público (à época uma das mulheres mais famosas do mundo), com a da vida privada.
Para criar essa obra inclusive ele utilizou o rosto de Marilyn presente no cartaz promocional do filme “Niagara” de 1953. Uma curiosidade é que inicialmente ele as havia feito em separado, mas foi após uma visita dos colecionadores de arte Burton e Emily Tremaine que ele resolveu montá-las como um díptico (quando dois painéis são unidos, mas eles podem se dobrar e fechar, como um livro.