Anteriormente trouxemos um artigo com as mangakás de mais destaque no mundo. Agora falaremos um pouco mais sobre as mulheres que trabalham como quadrinista e conseguiram seu espaço no ocidente. Aqui destacamos desde obras, até trabalhos dentro de grandes editoras (como DC e Marvel).
Contudo, mesmo nos dias de hoje, ainda temos um cenário com poucas obras criadas por mulheres tendo destaque no universo das HQs no ocidente, especialmente em comparação aos mangás. Seguimos ainda com um amplo domínio masculino dentre os títulos mais famosos.
Ainda assim, temos grandes trabalhos de quadrinistas que conseguiram furar essa barreira. Vamos destacar aqui os principais.
Sara Pichelli (Itália)
A quadrinista é um dos nomes mais em alta nas Comics, pois falamos da cocriadora e atual ilustradora da versão de Miles Morales de “Ultimate Spider Man”. Apesar de trabalhar para Marvel, ela executa todo seu trabalho de seu escritório, em Roma.
Inicialmente ela começou como artista de storyboard, animadora e design de personagens. Mas até então, suas preferências eram filmes de animação e animes. Tudo isso mudou, quando ela conheceu o artista de quadrinhos David Messina.
Como assistente de Layout de Messina, ela trabalhou em seus primeiros quadrinhos: “Star Trek: Countdown” e “Star Trek: Nero”. Já em 2008 veio a grande virada, quando ela submeteu seu trabalho à pesquisa internacional de talentos da Chesterquest. Nomeada como uma das finalistas por um editor da Marvel, CB Cebulski, ela acabou por começar seu trabalho de quadrinista na editora.
Desde então, Sara Pichelli teve obras de destaque como “X-Men: Pixie Strikes Back limited series” (2009), a antologia “I Am An Avenger” (2010-2011), “Ultimate Comics: Spider-Man” (2011 -) e, ao lado de Dan Slott, “Fantastic Four” (2018).
Inclusive nos últimos anos ela própria criou um vilão, que apareceu em “Spider Man #1”, chamado Cadaverous. Ela ainda falou sobre o processo de criação, destacando as muitas sessões entre a equipe para captar ideias. Por fim, ela destacou que queria que esse vilão pudesse refletir sua personalidade.
Fefê Torquato (Brasil)
Trazemos agora uma representante brasileira, que como boa parte dos artistas BR, iniciou com produções independentes. Primeiramente trabalhando com ilustrações em 2010, só em 14 veio a mexer com quadrinhos.
Até que, em 2015 lança sua primeira HQ, chamada “Gata Garota”, em que conta a história de uma garota que é metade gato. Inicialmente foi uma webcomic, mas depois ganhou uma versão impressa pela editora Nemo.
Já em 2016 veio o romance gráfico chamado “Estranhos”. Nele conta-se a história dos moradores de 10 apartamentos sob a ótica de um narrador desconhecido que mora no prédio da frente. Só que ele inventa possíveis histórias a partir do que ele observa, mas que não necessariamente correspondem à verdade.
Só que depois desta obra, ela ficou um tempo dedicando-se apenas às ilustrações com aquarela. Porém em 2019 veio o grande destaque de Fefê Torquato como quadrinista, quando ela ganhou a oportunidade de fazer parte da “Graphic MSP”. Trata-se do projeto da Maurício de Sousa Produções que faz romances gráficos de personagens da turma da Mônica, sob a ótica dos mais diversos autores.
Ela foi a responsável por “Tina: Respeito”, um título que traz a personagem criada nos anos 60, discutindo vários problemas do universo feminino como machismo, assédio, entre outros. A publicação fez tamanho sucesso que rendeu a ela o prêmio HQ Mix de 2020 de melhor publicação juvenil. Já a quadrinista levou o prêmio de melhor roteirista nacional, junto com Daniel Esteves.
Marjane Satrapi (Irã)
Este é o nome artístico de Marjane Ebihamis, nascida no Irã em 1969. Bisneta de imperador, foi criada em uma família culta e de boas condições sociais. Eles eram religiosos, mas ao mesmo tempo tinham ideais marxsistas e ensinaram-na a ser sempre questionadora e lutar por seus direitos.
Isso fez com que em 1983, ainda com 14 anos, seus pais a enviassem para Áustria, pois temiam possíveis consequências de seu comportamento rebelde e questionador, pós revolução islâmica. Lá estudou no Liceu francês de Viena, mas o período foi bastante conturbado, chegando até mesmo a morar nas ruas. Isso lhe rendeu um caso grave de pneumonia.
Após quatro anos retornou ao Irã e lá formou-se e fez mestrado em comunicação visual. Ela chegou a casar-se nesse período, mas se separou 3 anos depois, quando foi morar na França, onde vive até hoje.
E foi justamente lá que ela lançou sua grande obra: Persépolis. Trata-se de um romance gráfico autobiográfico em que ela narra a história de sua vida, num total de quatro volumes, lançados um por ano entre 2000 e 2003. Posteriormente, em 2007, ganhou uma adaptação para as telas em formato de animação.
Ele chegou a ser indicado ao Oscar de 2008, tornando-se também a primeira mulher a ganhar uma indicação na categoria. Vemos aí seu pioneirismo, pois ela também foi a primeira iraniana a ser uma quadrinista. Além de Persepólis, ela também fez “Frango com Ameixas” e “Bordados“, ambos trazem temas culturais e pessoais.
Atualmente exerce muito mais a carreira de diretora de filmes, que nos quadrinhos. Entre seus trabalhos temos: a adaptação live-action de “Frango com Ameixas”; uma comédia policial chamada “A Gangue dos Jotas” (no qual atua como protagonista); uma comédia chamada “As Vozes“, estrelada por Ryan Reynolds e “Radioactive”, que conta a história de Marie Curie.
Tarpé Mills (EUA)
Por fim, traremos June Tarpé Mills, uma estadunidense que notabilizou-se por ser a primeira mulher a criar uma heroína. Nasceu no Brooklyn em 1912 e começou a trabalhar como modelo para pagar seus estudos na prestigiada escola de arte do Brooklyn, o Pratt Institute. No entanto, ela antes de ir para os quadrinhos, fazia desenhos de moda.
Isso muda em 1938, quando ela aproveita o boom dos quadrinhos no período e inicia como quadrinista. Seus primeiros trabalhos são em títulos como Daredevil Barry Finn, Catman e The Purple Zombie, usando o codinome sexualmente ambíguo Tarpé Mills. A explicação para isso segundo ela foi:
“Teria sido uma grande decepção para as crianças, se eles descobrissem que o autor de tais personagens viris e impressionantes foi uma garota “.
Sua grande criação veio em um dominical no dia 6 de abril de 1941. Inicialmente chamada “Black Fury”, a heroína passaria a ser conhecida como “Miss Fury”. Sobre o enredo da história, tratava-se de uma socialite que, ao vestir uma pele de pantera enfeitiçada por um pajé, ganha poderes e vem para o Brasil (sim, ele entrou na história) para enfrentar generais nazistas.
Miss Fury nº1
Entretanto, mesmo com o sucesso de vendas (cada edição vendeu mais de um milhão de cópias), eles tiveram apenas oito edições. Segundo Trina Robbins diz em seu livro “Great Women Super-Heroes”, que se não fosse pela escassez de papel durante a época da guerra, Miss Fury teria sido um sucesso contínuo.
Tarpé Mills Caiu no ostracismo em 1958, voltando a ter algum destaque apenas em 71, quando escreveu para a Marvel o título Our Love Story. Ela faleceu em 1988.
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