O Renascimento é sem dúvida uma das grandes revoluções da história da pintura, a ponto de até hoje muitas de suas técnicas ainda serem amplamente usadas. Hoje falaremos sobre o sfumato, que se tornou amplamente difundida no período.
O que é o sfumato?
Seu nome vem do italiano “sfumare”, que significa “de tom baixo” ou “evaporar como fumaça”. Trata-se de uma técnica artística usada para gerar suaves gradientes entre as tonalidades e que tem seu uso mais comum em desenhos ou pinturas.
Ao utilizar o sfumato, os artistas buscavam uma transição mais suave entre luz e sombra, que conseguiam atingir com esta técnica. Só que há variações na forma da sua aplicação, especialmente por conta dos materiais usados para criar a obra.
Por exemplo: no caso de materiais de fricção como grafite, pastel seco ou carvão, pode se obter o sfumato ao esfregar o dedo no suporte pictórico. Com isso, a intenção é fazer os riscos desaparecerem, ficando apenas o degradê. Entretanto aqui há o problema de a oleosidade da pele interferir no resultado, por isso passou-se a adotar o esfuminho (que falaremos melhor adiante).
Como começou o sfumato na pintura?
Antes de mais nada é importante comentar sobre uma análise histórica equivocada em relação ao surgimento do sfumato. Para muitos, quem criou a técnica foi Leonardo da Vinci durante o Renascimento, mas como já existiam artes feitas com carvão, grafite ou pastel seco, então vem de muito antes dele usá-la.
Ainda assim, isso não faz menos relevante a contribuição de Da Vinci para o desenvolvimento da técnica. E isso veio através de diversas observações que ele fazia enquanto pintava. Foi quando ele viu que o verniz de madeira reagia à tinta óleo e que com isso ele poderia conseguir o gradiente perfeito e mascarar a sensação das pinceladas.
Funcionava da seguinte forma: Após uma primeira mão de tinta, ainda com o quadro apresentando marcas de pinceis, Leonardo da Vinci passava uma mão de verniz de madeira sobre a pintura fazendo com que o verniz borrasse a tinta a óleo para atingir este resultado.
Repetia-se o processo de passar o verniz por sobre a pintura várias vezes durante sua criação, até chegar no gradiente que ele via como ideal. O próprio Leonardo Da Vinci definiu o sfumato como “sem linhas ou fronteiras, na forma de fumaça ou para além do plano de foco”.
Considera-se o sfumato um dos quatro modos canônicos de pintura renascentista. Junto com ele, temos:
- cangiante (fusão de cores);
- chiaroscuro (claro-escuro);
- unione (sfumato que mantém as cores vibrantes).
Principais expoentes da técnica no Renascimento e obras de destaque
Sem dúvida o principal nome no uso do sfumato foi Leonardo Da Vinci, mas não é apenas isso, pois a obra mais famosa a contar com essa técnica, é simplesmente Monalisa, a pintura mais famosa da história.
Monalisa, referência no uso do Sfumato
Ao observarmos a obra, é praticamente impossível perceber pinceladas e variações bruscas de tons devido ao uso do Sfumato na tela. Dessa forma, ele tentou criar efeitos que se aproximassem ao máximo da realidade. Além dessa obra, podemos ver seu uso também na bruma que envolve as figuras centrais da obra “Virgem dos Rochedos” e nos detalhes do retrato de Cecília Gallerani, intitulado “Dama com Arminho”.
No entanto, nem todos os trabalhos de Leonardo da Vinci com o sfumato foram bem sucedidos. Isso porque durante a pintura de “A última ceia” ele estava insatisfeito com a secagem rápida do afresco. Para melhorar isso, ele experimentou adicionar cera de abelha ao pigmento para facilitar a aplicação do sfumato nos personagens. No entanto isso veio a comprometer a durabilidade da obra, que começou a se deteriorar com ele ainda vivo.
Inspirados por ele, tivemos outro grande nome do Renascimento que utilizava o sfumato: Rafael. A técnica pode ser observada em diversos dos seus quadros, como por exemplos, em A Sagrada Família Canigiani. Além deles, merecem destaque Correggio e Giorgione.
Esfuminho: importante ferramenta para o uso do sfumato
Com exceção da tinta à óleo, o sfumato normalmente é feito em desenhos com o uso de materiais de fricção, como citamos anteriormente. Para que o resultado não sofra interferência da oleosidade das mãos, usa-se o esfuminho.
Exemplos de esfuminho
Para quem não conhece, ele tem um formato que lembra o de um lápis, mas que na verdade trata-se de um rolo cilíndrico de papel macio, enrolado bem apertado, aparado nas duas extremidades, para esfumar as sombras dos desenhos a carvão, lápis grafite, ou a crayon. Normalmente ele conta com duas pontas, para usar a segunda quando a primeira ficar suja.
O material mais comum de encontrá-lo é o papel, mas também existem outros com pontas feitas de feltro ou mesmo couro. Eles possuem tamanhos variados, que podem ser para maiores ou menores áreas, ou então para fazer detalhes. Seu uso requer uma certa técnica e experiência, para que se possa atingir o resultado esperado.
Para usar o esfuminho, você deve segurá-lo como um lápis tradicional, com uma leve inclinação de, cerca de 30º. Não é necessário aplicar muita força no esfuminho, basta movimentá-lo suavemente sobre o papel com movimentos de vai e vem. Contudo, deve-se lembrar de sempre girar a ferramenta conforme seu uso, para evitar utilizar as partes sujas em excesso.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA