Vocês já ouviram falar de Zéh Palito? Ainda sem o devido reconhecimento no Brasil, este artista plástico já tem um nome estabelecido no exterior, tendo inclusive uma obra recentemente comprada pelo casal Jay-Z e Beyoncé.
Vamos conhecer um pouco mais de sua trajetória e como ele se tornou um dos grandes nomes brasileiros no exterior
Zéh Palito: as artes surgem como alternativa ao sonho de infância
Ele nasceu nos subúrbios de Limeira, no interior paulista, e como muitos meninos negros de periferia, viu no futebol a chance de uma vida melhor. Contudo, aos 15 anos, uma lesão no joelho frustrou seus planos de carreira no esporte.
Além do futebol, a mãe de Zéh Palito também notava o interesse do filho pelo desenho. Sendo assim, ela o inscreveu em um curso de pintura a óleo oferecido pela prefeitura. Foi lá que ele recebeu as primeiras aulas de história da arte e de pintura.
O Grafitti: a primeira paixão de Zéh Palito
Apesar de estudar pintura a óleo, por influência de um primo grafiteiro, ele logo começou a levar as personagens que pintava nas telas para as ruas. Desde cedo, ele demonstrava interesse pelo conteúdo crítico e pelas questões sociais envolvidas no graffiti.
Infelizmente, não havia curso de artes na sua cidade, fazendo com que ele estudasse e se formasse em design.
Posteriormente, ele se inscreveu em um projeto voluntário na África que o levou para a Zâmbia. Esse período foi muito importante para ele por vários motivos.
Por exemplo, lá ele pôde aprender inglês e, além dos projetos de saneamento que ajudava durante a semana, ele também atuava nos fins de semana participando de projetos artísticos, dando aulas para crianças e pintando murais em vilarejos remotos.
Esse período na Zâmbia ainda trouxe bagagem artística para ele, pois a produção dos trabalhos era feita com pigmento local, o que o fez encontrar tons mais claros ou lavados, como rosa e amarelo pastel.
A volta para o Brasil e a dedicação exclusiva para a arte
Depois deste período fora do país, Zéh Palito decidiu deixar de lado o design para se dedicar exclusivamente à arte.
Ele começou dando aulas em diversos projetos sociais, criando murais e participando de diversos festivais de arte urbana em todo o Brasil. Inclusive, ele acredita haver um mural seu em quase todos os estados do país.
Contudo, ele sentiu dificuldade em conseguir se inserir no mercado de arte brasileiro. Em conversa com o site Neofeed, Zéh Palito mencionou que um dos obstáculos era justamente seu nome.
Embora acreditasse que, com o nome Zéh Palito, não teria espaço na arte contemporânea, ele decidiu não o abandonar. Isso resultou em sua entrada no mercado, inicialmente, no exterior.
A ida para fora do país e o reconhecimento de sua arte
Entre suas muitas viagens ao exterior para adquirir, uma delas o levou para os EUA. Esse foi um período valioso para ele, pois graças a isso passou a incorporar referências da música, da cultura pop e da sociedade de consumo, sempre em composições de cores mais saturadas e vibrantes.
E foi pintando um de seus murais, no ano de 2016, que ele conheceu o artista e curador estadunidense Derrick Adams, com quem já mantinha contato virtual. Ele foi a pessoa que o ajudou a entrar definitivamente no circuito de grandes artistas.
Contudo, essa entrada efetiva foi apenas em 2019. Anteriormente, ele chegou a expor em países como Alemanha, França e Coreia do Sul, mas foi apenas na instituição cultural Eubie Blake Cultural Center, em Baltimore, quando Adams o convidou para uma exposição individual, que Zéh Palito conseguiu entrar “no radar” do mundo da arte.
Curiosamente, apenas um ano depois que isso ocorreu, ele recebeu o devido reconhecimento por sua arte no Brasil. Desta vez, quem o ajudou foi Emanoel Araújo, que o conheceu quando ele pintava um mural para o museu Afro-Brasil e o recomendou para o galerista Guilherme Simões de Assis.
Porém, ele veio a expor apenas em 2022, quando Zéh teve a exposição individual “Eu sei por que o pássaro canta na gaiola”.
Zéh ainda voltou a participar de exposições coletivas em 2023 no Brasil, mas desde então ele segue sua carreira no exterior, especialmente no México e Estados Unidos, por onde já esteve em 2024.
Estilo de Zéh Palito e a famosa obra vendida para Jay-Z e Beyoncé
O artista começou aprendendo sobre pintura a óleo e logo partiu para o graffiti. Ele aprendeu muito sobre o movimento do muralismo, o qual segue até hoje, mas expandiu bastante sua área de atuação.
Primeiramente, ele voltou para a pintura a óleo, depois passou a fazer uso recorrente da tinta acrílica e atualmente Zéh Palito começou a expor suas primeiras esculturas.
Sua temática é muito interessante, ao trazer um fundo social ao mostrar pessoas negras em posições de empoderamento, felicidade e confiança.
Como ele mesmo comentou na entrevista, ele sempre viu esse tipo de obra apenas com pessoas brancas, como as do artista britânico David Hockney. Então, ele trouxe o mesmo cenário, só que agora protagonizado por pessoas negras. Segundo ele:
“Quero falar com meu trabalho sobre as experiências de corpos negros e de minorias étnicas em momentos de lazer, amor, felicidade, empoderamento e autoconfiança. Cada retrato busca fazer com que essas pessoas se tornem protagonistas de suas próprias histórias.”
Inclusive, foi uma destas obras, a “De Limeira a Barretos”, que atraiu o interesse da art-advisor do casal Jay-Z e Beyoncé. Ela traz um cowboy negro em traje rosa e remete aos retratos de nobres do século XIX, mostrando mais uma vez como Zéh busca ressignificar a imagem de pessoas negras na arte.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA