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Confira os principais artistas da arte barroca no Brasil

A arte barroca no Brasil foi o período entre o século XVIII e XIX em que tivemos o surgimento de diversos artistas brasileiros criando pinturas, esculturas e ornamentando igrejas seguindo a temática sacra.

A arte barroca no Brasil foi o período entre o século XVIII e XIX em que tivemos o surgimento de diversos artistas brasileiros criando pinturas, esculturas e ornamentando igrejas seguindo a temática sacra. 

Uma das particularidades do barroco brasileiro é sua fusão com o estilo rococó. Enquanto na Europa o rococó surgiu como uma resposta ao barroco (mais leve, intimista e secular), no Brasil essas fronteiras foram mais tênues. Muitos artistas misturaram elementos dos dois estilos, aplicando-os majoritariamente em obras de arte sacra.

Essa adaptação deu origem a uma estética única, profundamente enraizada na religiosidade popular, nas condições materiais locais e no contexto social da colônia.

A seguir, destacamos alguns dos principais nomes da arte barroca brasileira e as características marcantes de suas obras.


1 - Eusébio de Matos (1629-1692)


 Obra “São Pedro Arrependido”.


Um dos primeiros nomes da arte barroca no Brasil, Eusébio de Matos foi pintor, poeta, orador e músico. Atuou no período inicial do barroco literário brasileiro (1601–1768) e era irmão de Gregório de Matos, o “Boca do Inferno”, considerado um dos maiores poetas do barroco no Brasil e em Portugal.

Eusébio fundou a escola baiana de pintura, além de tocar harpa e viola. Sua obra mais conhecida é São Pedro Arrependido, descoberta em 1940 na Capela do Eremitério Beneditino da Ponta do Mont Serrat, em Salvador.


2 – Mestre Ataíde (1762-1830)


 Obra “A Assunção da Virgem”.


Manoel da Costa Ataíde, conhecido como Mestre Ataíde, foi pintor, professor e decorador. É um dos nomes mais influentes da pintura sacra brasileira, especialmente em Minas Gerais, sendo contemporâneo e colaborador de Aleijadinho.

Embora existam lacunas sobre sua formação e autoria de algumas obras, sua produção se destaca pela fusão entre o barroco e o rococó, com um estilo marcante: uso de cores vivas e combinações ousadas, além de representações de figuras sacras com traços mestiços, refletindo a diversidade local.

Sua obra mais conhecida é “A Assunção da Virgem” (também chamada “Coroação de Nossa Senhora da Porciúncula”), o grande painel no teto da nave da Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto.


3 – Aleijadinho (1730 ou 1738 – 1814)


 “Os Doze Profetas” de Aleijadinho.


Antônio Francisco Lisboa, conhecido como Aleijadinho, foi escultor, arquiteto e entalhador, e é considerado o maior nome da arte barroca brasileira.

Sua vida é cercada de mistérios e controvérsias, especialmente por conta da principal biografia sobre ele ter sido escrita apenas quarenta anos após sua morte, baseada em relatos orais e observações estilísticas. Muitas obras atribuídas a ele carecem de documentação, sendo identificadas apenas por semelhanças com peças comprovadas.

Toda a sua produção está concentrada em Minas Gerais, principalmente nas cidades de Ouro Preto, Sabará, São João del-Rei e Congonhas. Seu estilo evoluiu do barroco ao que chamamos de barroco-rococó, com maior ornamentação e leveza, especialmente em suas esculturas mais tardias.

Suas obras mais famosas estão na Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto e no Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, que abriga os célebres Doze Profetas esculpidos em pedra-sabão.


4 - José Joaquim da Rocha (1737-1807)


 

Teto da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia.


Ele foi um pintor, encarnador, dourador e restaurador. Talvez uma diferença para os demais da lista é que, como ele teve como mecenas a própria igreja católica, todas as suas criações foram exclusivamente de arte sacra.

Ele traz uma similaridade com outros grandes mestres da época, a dificuldade de classificar suas obras. Isso porque ele não assinou nenhuma delas, deixando a definição sobre o que foi criação dele apenas para o que se soube via tradição oral.

Ainda assim, com tudo que é sabido ser criação dele, pode-se afirmar que, além de ser um dos grandes mestres da arte barroca no Brasil, ele também é considerado um dos fundadores da escola baiana de pintura.

José Joaquim criou muitas pinturas em tela, mas seu trabalho mais destacado está nos grandes tetos de igrejas realizados na técnica da perspectiva ilusionista. 

O artista organizava complexas estruturas arquitetônicas virtuais ornamentadas com guirlandas e rocalhas, que sustentam um medalhão central, onde aparece a cena principal do conjunto, normalmente apresentando Cristo ou a Virgem Maria em situações glorificantes.

Sua obra mais famosa é o teto da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia.


 

5 - Frei Jesuíno do Monte Carmelo (1764-1819)


 

Teto da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Itu.


Jesuíno do Monte Carmelo foi um artista singular do barroco brasileiro, com atuação extremamente versátil, pois era pintor, arquiteto, escultor, encarnador, dourador, entalhador, músico, poeta, padre e mestre em torêutica (arte da cinzelagem e decoração de metais).

Ele nasceu em Jundiaí (e não em Santos, como muitas vezes se afirma), era filho e neto de mulheres escravizadas. Apesar de sofrer com a exclusão social por ser um negro durante a escravidão, alcançou grande reconhecimento artístico e religioso.

Foi autodidata em muitas técnicas, tendo iniciado como aprendiz em obras na Igreja do Carmo, em Itu. Ao longo da vida, criou diversas pinturas sacras com características próprias: figuras com traços mestiços e cenas que valorizavam simbolicamente a igualdade espiritual entre brancos e negros, como na rara representação de anjos negros (algo incomum para a época).

Mesmo após ser impedido de ingressar na Ordem do Carmo devido à sua ascendência africana, foi ordenado sacerdote secular e seguiu atuando artisticamente com o apoio de outros religiosos, inclusive seus filhos, também padres.

Um de seus maiores legados é a Igreja de Nossa Senhora do Patrocínio de Itu, cujo projeto idealizou, decorou e ajudou a erguer por meio de esmolas e doações. Infelizmente, morreu antes de vê-la concluída, mas o templo foi finalizado por seus filhos em 1820.

 Igreja Nossa Senhora do Patrocínio - Itu.


Entre suas obras mais conhecidas estão as oito telas de santos carmelitas em tamanho natural, expostas nos corredores laterais dessa mesma igreja.


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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA



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