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Humanae: o projeto de Angélica Dass que exalta a diversidade

A arte, ao longo da história, serviu em diversos momentos como forma de protesto ou como meio de provocar mudanças na consciência das pessoas por meio das mais diversas criações. Dentre essas muitas obras, uma das mais destacadas no mundo é Humanae (grafa

A arte, ao longo da história, serviu em diversos momentos como forma de protesto ou como meio de provocar mudanças na consciência das pessoas por meio das mais diversas criações. Dentre essas muitas obras, uma das mais destacadas no mundo é Humanae (grafada como “Humanæ”, de Angélica Dass.

Trata-se de uma criação contínua que, desde 2012, busca documentar as verdadeiras cores da humanidade, em oposição às categorias genéricas como “branco”, “vermelho”, “preto” e “amarelo” comumente associadas às diferentes raças.

Além de conhecer um pouco mais sobre a artista, vamos falar também sobre esta que é a principal obra de sua carreira.


Angélica Dass: uma artista que se considera mais “ativadora” do que ativista


Nascida em 1979 no Rio de Janeiro, Angélica vive há muitos anos na Espanha. Sua formação inclui estilismo pelo Senai-Cetiqt e, posteriormente, Belas-Artes e Indumentária pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ela também fez mestrado em Fotografia, Conceito e Criação na Escola EFTI (Centro Internacional de Fotografía y Cine), na Espanha.

A ideia para o Humanae surgiu durante o período em que ela trabalhou com moda e street style no grupo Condé Nast, colaborando com revistas como Marie Claire, Glamour, GQ e a publicação espanhola Hola.

Segundo ela relatou em entrevista à Vogue, o projeto começou a tomar forma quando percebeu que as fotos que produzia, na verdade, alimentavam estereótipos — e mais do que isso: “Eu nunca me via nas fotos. Nem via alguém parecido comigo nas imagens que eu mesma criava.”

Foi nesse momento que decidiu cursar o mestrado em fotografia e buscar um caminho mais autoral, com imagens que fizessem sentido para ela. Nascia, então, o famoso projeto que marcaria sua carreira.


Humanae: um projeto que mostra a diversidade humana por meio da singularidade


Antes de tudo, é interessante explicar o conceito por trás do Humanae:

1.     A artista faz um retrato frontal da pessoa;

2.     O fundo do retrato é preenchido com um tom de cor idêntico ao de uma amostra de 11 x 11 pixels retirada do nariz da própria pessoa retratada;

3.     Essa cor, então, é emparelhada com a paleta industrial Pantone.


O objetivo, segundo a própria definição do projeto, é usar a neutralidade dessa paleta para colocar em debate os estereótipos e contradições relacionados à questão racial.

https://www.youtube.com/watch?v=NiMgOklgeos

Até hoje, o projeto conta com mais de 4.500 retratos, feitos em 38 cidades de 20 países diferentes.

Um dos pilares do Humanae é que não há qualquer pré-seleção de quem será fotografado, como explica o site oficial do projeto:

“Pode ser alguém incluído na lista da Forbes, até refugiados que cruzaram o Mar Mediterrâneo de barco, ou estudantes tanto na Suíça como nas favelas do Rio de Janeiro. Na sede da UNESCO, ou em um abrigo.

Todos os tipos de crenças, identidades de gênero ou deficiências físicas, um recém-nascido ou doente terminal — todos juntos constroem o Humanae.”


A falta de reconhecimento no Brasil x o reconhecimento internacional de Angélica Dass


Apesar de seu trabalho ser amplamente reconhecido em outros países, Angélica Dass ainda é pouco conhecida no Brasil fora de círculos específicos ligados à arte ou ao ativismo. Enquanto o Humanae já foi exibido em instituições como o MoMA (EUA), o Museu de Belas Artes de Montreal (Canadá), o Fórum Econômico Mundial e a sede da ONU, por aqui sua trajetória ainda não alcançou o mesmo prestígio.

Quando questionada sobre essa ausência de visibilidade, Angélica aponta não apenas a questão racial, mas também um padrão frequente entre artistas brasileiros: a necessidade de ser reconhecido internacionalmente para, então, receber algum tipo de validação no próprio país.

No Brasil, ela expôs apenas duas vezes — e em ocasiões bastante específicas, como relatou em entrevista:

“A primeira foi em 2013, porque eu ganhei o prêmio de melhor exposição do PhotoEspaña, e havia uma equipe do Sesc Consolação presente no evento que se interessou em levar o trabalho campeão de uma artista brasileira no maior festival de fotografia da Espanha.

A segunda vez foi somente em 2017, em Porto Alegre, na 12ª edição do Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre – FestFoto, Da Diáspora: Identidade, Hibridismo, Diferença, no Instituto Iberê Camargo. Mas foi por muito pouco tempo.”

Ainda assim, ela destaca que sente seu trabalho ressoando no país — especialmente entre crianças e professores da rede escolar.

Depois de muitos pedidos, passou a reunir e divulgar relatos de educadores que usaram o projeto em sala de aula, compartilhando essas experiências também em suas redes. Para ela, não basta apenas propor uma reflexão com a arte — é preciso acompanhar o impacto social que ela provoca.

Como artista educadora, Angélica acredita que o maior reconhecimento de sua obra está justamente aí: ver como ela contribui para transformar o olhar das novas gerações.


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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA



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