Nos últimos dias de setembro comemora-se o dia de São Cosme e Damião. Os santos gêmeos contam com umas das festividades mais populares do Brasil, conhecidas especialmente pela distribuição dos saquinhos com doces. Além disso, também são tema de diversas obras ao longo da história.
Hoje contaremos um pouco mais sobre a história deles, o porquê de termos duas datas diferentes no Brasil e destacaremos algumas obras famosas mostrando São Cosme e Damião.
Origem de São Cosme e Damião
Primeiramente é interessante saber que seus nomes verdadeiros eram Acta e Passio. Eles nasceram em Egeia (atual Ayas, no Golfo do İskenderun, na Turquia) e ambos tornaram-se médicos e passaram a exercer a profissão na sua terra natal. Ficaram conhecidos como “Anaryroi” ou seja, os sem dinheiro por causa dos seus serviços de caridade, já que não cobravam pelos tratamentos.
Posteriormente passaram a ser missionários e com isso trouxeram muitos adeptos para a fé cristã. O aumento de sua reputação fez com que, durante o período de perseguição aos cristãos pelo imperador Diocleciano, ambos acabassem presos. A alegação foi de que eles eram inimigos dos deuses, pois os acusavam de usar feitiçarias e meios diabólicos para disfarçar as curas.
Ambos foram torturados e decapitados por volta dos anos 300 d.c. e seus restos mortais enterrados na cidade de Ciro, na Síria. Anos depois, milagres passaram a ser atribuídos a eles (especialmente por suas relíquias), tendo inclusive o imperador Justiniano, sido curado de uma doença com a benção atribuída a eles.
Por conta disso, o imperador romano oriental restaurou a cidade em sua honra. Justiniano também reconstruiu e decorou a igreja dos mártires em Constantinopla, que veio a se tornar um lugar famoso de peregrinação. Com isso, por volta do século V o culto a eles já estava estabelecido no Mediterrâneo.
Eles os representam com instrumentos cirúrgicos nas artes litúrgicas e consideram-nos patronos dos médicos. Junto com São Lucas, e padroeiros de Florença, dos químicos e farmacêuticos. Além disso, também são tidos como os padroeiros dos gêmeos.
O dia de São Cosme e Damião no Brasil e o sincretismo religioso
O culto aos santos chegou ao Brasil pelos portugueses, mais precisamente por Duarte Coelho Pereira e tornaram-se padroeiros de Igarassu, em Pernambuco. Mas a importância de São Cosme e Damião foi além do catolicismo, especialmente para as religiões de matriz africana.
Isso veio através do sincretismo (fusão de diferentes cultos com reinterpretação de seus elementos), que era a forma dos escravos africanos enganarem os senhores de engenho para exercerem sua fé. No caso de São Cosme e Damião, são associados aos gêmeos Ibejis.
Robinho Santana – Ibeji
Para quem não conhece, os Ibejis são entidades que expressam aspectos gerais das dualidades humanas, sorte e azar, e são representados por dois gêmeos, crianças. Eles figuram como elementos de relevante importância dentro da cosmologia iorubá (povos africanos advindos das regiões dos atuais países Nigéria e Benin).
Sendo assim, temos duas comemorações de São Cosme e Damião, sendo a do dia 26 de setembro a da igreja católica e a do dia 27 de setembro, das religiões de matriz africana. Inclusive é por parte delas a tradição de dar doces para as crianças, já que trata-se de uma forma de agrado aos gêmeos ibejis.
Obras de destaque de São Cosme e Damião
Por conta de sua popularidade dentro da igreja católica, temos diversas representações dos santos gêmeos ao longo da história. Traremos aqui algumas das mais destacadas:
1 – São Lourenço Entre São Cosme e São Damião e os Santos Doadores – Fra Filippo Lippi
Esta obra é de autoria de um pintor florentino do período do renascimento e que contou com diversos trabalhos patrocinados pelos Médici.
2 – São Cosme, São Tomé e São Damião – Francisco Henriques
Esta é uma obra do pintor de origem flamenga, mas que trabalhou mais ativamente em Portugal, onde chegou em 1500, vindo de Bruges. Sobre a obra, trata-se de um óleo sobre madeira de carvalho, pintado entre 1508-11.
Inicialmente foi feito para a Igreja de São Francisco, mas pertencendo ao espólio do Museu de Arte Antiga, em Lisboa, encontra- se atualmente exposto no Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, em Évora. Uma peculiaridade desta obra é que temos a presença de Tomé, que aqui vemos como um irmão dos dois.
3 – Visitação de São Cosme e São Damião a 7 de Setembro de 1967 – Carybé
Trata-se de uma xilogravura do argentino naturalizado brasileiro Hector Julio Páride Bernabó, mas que ficou mais conhecido como Carybé. Ele dedicou-se à temática afro-brasileira em suas obras especialmente depois que passou a morar em Salvador, nos anos de 1950.
Nesta época ele passa a trabalhar em ilustrações para a coleção “Recôncavo”, quando também passa a interessar-se pelo candomblé, assunto que pode ser visto em diversas outras obras do artista. Carybé não era só pintor, mas também foi um gravador, desenhista, ilustrador, ceramista, escultor, muralista, pesquisador, historiador e jornalista argentino.
Aprenda pintura na ABRA
Gostou destas curiosidades? E que tal se fosse possível fazer um curso acadêmico completo, com acompanhamento individualizado, no conforto e segurança de sua casa? O curso online “Pintura Acadêmica: Formação Completa” da ABRA é o mais completo no mercado.
Conheça agora mesmo os benefícios e metodologia do curso clicando aqui e faça sua matrícula agora mesmo!
Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA