O dia 5 de setembro marcou o Dia da Amazônia no Brasil. A data foi instituída pela Lei nº 11.621, de 19 de dezembro de 2007 e tem como intuito conscientizar as pessoas sobre a importância da preservação da maior floresta tropical do mundo e de sua biodiversidade.
A data não foi escolhida ao acaso, pois neste mesmo dia, no ano de 1850, o Príncipe D. Pedro II decretou a criação da Província do Amazonas (atual Estado do Amazonas). Só que para além da questão da biodiversidade, a região amazônica também abriga valiosas descobertas arqueológicas, especialmente de arte rupestre.
Hoje mostraremos uma das mais importantes descobertas de pinturas rupestres na América do Sul, dentro do sítio arqueológico chamado Cerro Azul, dentro da amazônia colombiana, um dos nove países que compõe a Floresta Amazônica (que são: Brasil, Colômbia, Bolívia, Equador, Peru, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa).
O que é a arte rupestre?
Antes de mais nada, é interessante explicar o conceito de arte rupestre, pois trata-se da primeira manifestação artística da história da humanidade. Não haviam temas complexos nas pinturas, sendo geralmente feitas como um registro dos hominídeos daquele período.
As temáticas mais comuns eram as pinturas da rotina diária, especialmente caçadas. Além delas, temos também registros de suas primeiras crenças. Estudiosos estimam que a arte rupestre tenha sido desenvolvida entre os anos de 40 mil e 8 mil a.c.
Sobre as formas, materiais e os temas, variavam de região para região. Segundo estudiosos, existem dois tipos de artes rupestres:
- Gravura rupestre – quando temos a gravação de figuras em rochas ou utensílios;
- Pintura rupestre – quando aplica-se pigmentos sobre as superfícies, sendo as mais comuns encontradas em cavernas. Estas normalmente abrigavam os hominídeos durante o período de estada naquela região ou apenas quando estavam de passagem, mas em ambos os casos, era comum que deixassem para trás algum tipo de registro.
Até mais do que uma representação artística, a arte rupestre também tornou-se uma importante fonte de pesquisa. Os pesquisadores passaram a utilizar as representações feitas para entender como era a vida das sociedades da época, como era a relação dos humanos com a fauna, entre outros.
A “Capela Sistina” da pintura rupestre
Dentro do sítio arqueológico de Cerro Azul, temos a Serra do Chiribiquete (“colina onde se desenha” no idioma karijuna, falado pelos índios da região), um parque nacional que passou a ser conhecido como a “Capela Sistina” da pintura rupestre. Lá temos cavernas com que serviram de casas a indígenas há 20 mil anos e que contém diversas destas manifestações artísticas.
As primeiras descobertas foram feitas no local em 2018, mas com o tempo, mais registros impressionantes foram encontrados. Talvez um dos principais sejam colinas rochosas com quase 13 quilômetros de extensão, repleta de pinturas rupestres.
Os desenhos eram feitos com terracota (material vermelho oriundo da argila) e o apelido de “Capela Sistina”, veio pelos desenhos trazerem uma alta qualidade e requinte. Segundo Carlos Castaño, que foi quem encontrou esse precioso sítio arqueológico, disse que “Existem muito poucos lugares no mundo com essas condições.”
Só que a importância deles ainda vai além, pois Castaño (que é arqueólogo e antropólogo) destaca que talvez seja o primeiro momento da humanidade na América. Contudo, mesmo com possíveis registros de mais de 20 mil anos a.c., este sítio recentemente encontrado na região de Serranía de La Lindosa, dentro do Cerro Azul, tem a sua pintura rupestre datada entre 12.600 e 11.800 anos a.c.
Tal data a faz ficar atrás do sítio arqueológico brasileiro da Caverna da Pedra Pintada, em Monte Alegre, no Pará, que é de 13 mil anos a.c. A diferença neste caso é que os desenhos da caverna brasileira são mais geométricos, até mesmo abstratos, e não revelam tanto do cotidiano de seus artistas. Por outro lado, os paredões de Cerro Azul trazem muito mais detalhes.
Fatos da pintura rupestre de Cerro Azul
Primeiramente, a questão da altura que estão muitos dos registros, pois chama atenção que em paredões rochosos de até 10 metros de altura, temos pinturas. Tais nichos deles só foram possíveis alcançar por drones que as equipes que estavam explorando o local usaram.
A questão da data aproximada das pinturas foi feita através de cruzamento de dados. Como não dá para medir a idade das pinturas por meio de teste de carbono-14 (normalmente utilizado para este fim), eles se basearam no seguinte:
- Em primeiro lugar, nos bichos que os homens pré-históricos retrataram. Por exemplo: temos além de peixes, tartarugas, lagartos, morcegos e aves, notam-se representações detalhadas do mastodonte, preguiças gigantes e equinos ancestrais, todos eles extintos há milênios. E sabe-se que eles desapareceram há mais de 12 mil anos atrás;
- Junte-se a isso, materiais orgânicos remanescentes do período, como coquinhos de palmeiras encontrados no local. Pois como estes são datáveis por carbono 14, estima-se uma data de 12.500 anos de existência das pinturas.
Os temas das pinturas não serviram apenas para datá-las, mas também possibilitou entender mais da megafauna que habitava a América Latina no período. São mastodontes, preguiças gigantes, camelídeos e ungulados de três dedos (da família dos rinocerontes e antas), animais do porte de um carro pequeno, caçados pelos humanos.
Por fim, as escavações ao redor do local, mostraram um pouco mais sobre as comunidades que viviam ali. Ossos e restos de plantas revelaram que essas comunidades eram caçadores-coletores. Sendo assim, alimentavam-se de frutas de palmeiras e árvores, além de cobras, sapos, capivaras, tatus e paca.
Tais revelações foram feitas por estudos do Dr. Mark Robinson, da Universidade de Exeter. Junto com seus colegas, ele publicou um estudo no Quaternary International sobre suas descobertas em Cerro Azul.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA