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O estado de São Paulo tem o seu MAM (Museu de Arte Moderna), como uma de suas principais instituições culturais. Voltado para a arte contemporânea, ele passou por duas grandes fases desde sua fundação.  

Conheça agora a história do MAM, um dos principais museus do Brasil e dono de um dos principais acervos de obras no país. 

A semana de 22 e os primeiros passos para o museu de arte moderna 

Antes de mais nada, é importante ressaltar que a Semana de Arte Moderna de 1922 serviu como um embrião da criação deste museu. Entretanto, os anos que se seguiram, contaram com diversas divergências em relação a como deveria ser vista a relação com a cultura colonizadora e a que surgia aqui, através dos efeitos do “manifesto antropofágico”. 

Dessa forma, ainda tínhamos uma corrente visando seguir o modelo tradicional copiado da Europa. Por outro lado, os modernistas brasileiros começaram a se organizar e passou-se a ter a necessidade de locais que preservassem e pudessem mostrar este estilo modernista.  

A década de 30, mesmo sem trazer grandes evoluções em relação ao museu, caminhou nessa direção com o surgimento de diversas associações de artistas, a SPAM (Sociedade Pró Arte Moderna), o CAM (Clube dos Artistas Modernos) e os Salões de Maio. 

Dois nomes têm especial importância neste momento: Mário de Andrade e Sérgio Millet. Eles atuavam através da imprensa, mas também da política, mostrando a importância de museus para alocar produções modernas, assim como preservá-las. Além disso, destacavam o alinhamento dessas produções com a evolução industrial, a todo vapor no país. 

Neste contexto, dois fatores entram em cena: o interesse de Ciccillo Matarazzo por projetos pessoais de inserção na elite paulistana e o crescente interesse dos EUA em aumentar sua influência nos países da América Latina, neste caso, através do MoMa (Museu de Arte Moderna de Nova York), criado em 1929. 

A idealização do MAM pela elite paulistana e pelo MoMa 

Já em meados da década de 40, começam as trocas de correspondências entre o MoMa e pessoas aqui decididas a criar este novo museu para alocar a arte moderna. Temos à frente das conversas Sérgio Millet, o próprio Matarazzo, entre outros nomes importantes na idealização do projeto.  

A participação do MoMa, através da figura de Nelson Rockefeller (filho de uma das fundadoras do museu), foi tanto na concepção, pois ele foi feito aos moldes do estadunidense, como cultural. Isso porque ele veio ao Brasil com um total de 13 obras, que seriam doadas para o futuro Museu de Arte Moderna de São Paulo

A criação dele veio em 1948, mas um ano antes, ele já exibia obras na rua Caetâno Pinto, sede da Metalúrgica Matarazzo. Finalmente, ele recebeu sua primeira sede (também provisória), na rua Sete de Abril. O local era o mesmo que ficava o antigo MASP. 

Neste momento, compunham o conselho de administração, entre outros, os arquitetos Villanova Artigas e Luís Saia, além dos críticos Sergio Milliet e Antônio Cândido. Em 1950, faz-se uma parceria de cooperação com o MoMa e um ano depois inicia-se aquele que seria o principal evento do MAM: a Bienal de São Paulo

Bienal de São Paulo e MAM: quando a criatura fica maior que o criador 

Chega a ser desnecessário explicar a importância da Bienal Internacional de São Paulo e sua importância no cenário artístico brasileiro. O evento colocou o Brasil no cenário mundial da arte, além de trazer o status que Ciccillo Matarazzo tanto buscava. 

Inicialmente, a organização da Bienal era uma parte integrante do MAM. Inclusive a partir delas que o acervo do museu foi ganhando corpo, pois muitas das obras chegaram via premiações geradas por sistema de apoio de empresários, empresas e colecionadores na aquisição e doação de obras. 

Por fim, em 1958, o MAM vai para o Ibirapuera, no parque que se tornaria sua sede definitiva. Contudo, isso não significou que ele permaneceu lá desde esta data. A explicação pra isso vem ironicamente através do próprio sucesso da Bienal de São Paulo.  

Isso porque ao mesmo tempo que o evento ajudava a enriquecer o acervo do museu, ele aumentava o desinteresse de Ciccillo Matarazzo por seguir com o MAM. Haviam recorrentes brigas por conta dos rumos de ambos, com o magnata querendo focar apenas nos eventos, deixando de lado o local, que vivia à sombra das Bienais. 

Tal situação levou a ruptura entre os dois em 1962, quando Matarazzo cria uma fundação apenas para cuidar da Bienal, deixando o MAM efetivamente de lado. 

O fim do MAM e a criação do MAC-USP 

A separação não foi a única atitude de Matarazzo em relação ao MAM, pois um ano depois ele anuncia a extinção do museu e a doação de todo o acervo para a USP. Só que a Universidade de São Paulo não tinha até então um museu para abrigar tantas obras. Sendo assim, neste mesmo ano, ela inaugura o MAC-USP. 

O novo museu tem a direção de Walter Zanini, que fica lá até 1977, trazendo um caráter diferente ao local. Ele serve como espaço de debates e também de produção, pois servia como uma espécie de “laboratório” para os mais jovens.  

Só que muitos não concordaram com a extinção do MAM. Pois já no ano da extinção do museu, vários sócios, que tinham à frente Arnaldo Pedroso D’Horta, passaram a lutar por sua sobrevivência. Só que eles não apenas tentaram mantê-lo vivo, mas reaver suas obras, doadas para o recém-criado MAC-USP. 

O renascimento do Museu de Arte Moderna de São Paulo 

A missão de reaver as obras era ingrata, pois já havia sido feita a doação. As tentativas duraram quatro anos, pois em 1967, vendo que não seria possível reavê-las, eles buscam reestruturar o museu com um novo acervo. Inicialmente, conseguiram doações da família de Carlo Tamagni e assim conseguiram reabrir o MAM.  

O museu ficou alocado provisoriamente no Conjunto Nacional e também no Edifício Itália, mas em períodos diferentes. Seu retorno (agora definitivo) ao Ibirapuera foi em 1968. Porém, foi com a mostra Panorama de Arte Atual Brasileira de 1969, que inaugurou sua sede no antigo pavilhão Bahia na Marquise do parque do Ibirapuera, local que ocupa até hoje. 

Posteriormente o MAM tem sua coleção enriquecida por diversas doações de coleções como a do jornal O Estado de S. Paulo, a Coleção Paulo Figueiredo, a Coleção Kodak do Brasil, a Coleção Clube de Colecionadores da Gravura do MAM, entre outras. 

O local, idealizado por Oscar Niemeyer, passa por reforma no ano de 1982 feita por Lina Bo Bardi, que o deixa com o atual formato. Atualmente o MAM conta com mais de 5 mil peças em seu acervo. 

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