Tecnologia e arte é uma combinação cada vez mais comum na nossa vida. Temos já os artistas digitais, que criam suas obras utilizando exclusivamente recursos eletrônicos, temos também fotógrafos que fazem uso de ferramentas de edição para criar imagens inteiramente novas, entre outras coisas. Contudo, quando falamos de inteligência artificial criando obras, a situação muda bastante de figura.
Nas primeiras situações, a inteligência artificial é meramente uma ferramenta usada para criar, assim como um pincel ou uma espátula para um pintor. No outro caso, muitas vezes a própria inteligência artificial é capaz de criar integralmente uma obra.
Veja algumas situações em que essa discussão foi levantada e como é visto seu uso no meio artístico!
IA criando arte: qual atual status?
Primeiramente precisamos ter em mente que estamos em meio a uma revolução tecnológica e de uma presença muito mais difundida da IA na nossa vida. Ou seja, não é possível ainda ter uma certeza de até onde essa integração homem/máquina irá. Tanto que os setores especializados seguem discutindo sobre os reais impactos da inteligência artificial na arte.
Por exemplo: hoje temos programas que criam uma obra inteiramente do zero, apenas com direcionamentos feitos pelo usuário. Alguns dos mais famosos são os algoritmos DALL-E, Midjourney e Stable Diffusion. Eles entregam uma imagem a partir de comandos como “um astronauta andando de velocípede em Júpiter, com uma plateia aplaudindo”.
A ideia de falar algo tão absurdo, é para se entender a atual capacidade deles, que ainda podem ter indicações adicionais, como fazer tudo isso seguindo o estilo artístico de algum grande mestre, como Van Gogh, pra exemplificar.
Como é o processo de criação do desenho pela inteligência artificial?
Aqui temos o ponto de grande polêmica e, principalmente, de grande crítica de artistas e especialistas em direitos autorais. Isso porque, para a IA conseguir gerar essas imagens com precisão, seus algoritmos foram treinados a partir de conjuntos de figuras, ilustrações e obras artísticas disponíveis online.
Ou seja, a calibração da “criatividade” da inteligência artificial é fazer o uso (sem autorização) de milhões de obras que estão disponíveis na internet. Isso resultou em alguns casos grotescos, em que as assinaturas dos artistas apareciam nas obras da IA.
O questionamento então surge: como definir uma situação em que você ao mesmo tempo usa a arte, os traços e o conceito de um artista para calibrar e preparar uma máquina que tem como principal função roubar o trabalho deste mesmo artista? Podemos dizer que atualmente as principais discussões estão neste ponto.
Exemplos de polêmicas envolvendo IA criando arte
Nos últimos anos tivemos alguns casos de maior repercussão em diversos ramos artísticos e até mesmo da TV por conta do uso de inteligência artificial para criar determinadas peças de arte.
Sendo assim, vamos trazer aqui alguns exemplos para se entender melhor como estão sendo as discussões:
1 – Netflix e o anime feito com auxílio de inteligência artificial
Alegando “escassez de mão de obra para animes” a Netflix lançou um curta anime em fevereiro de 2023 em que toda a construção de planos de fundo foi feita utilizando inteligência artificial. Posteriormente, humanos validaram as artes feitas pela IA.
A situação e o argumento foram muito criticados pelo fato de a ferramenta ter usado artes presentes na internet de outros animadores para desenvolver o que foi visto no curta. Além disso, há um grande questionamento (especialmente no Japão) pela pouca valorização de quem trabalha na produção de anime.
Ou seja, não há escassez, mas sim a falta de uma valorização adequada destes profissionais. Inclusive a atual greve de roteiristas e artistas que ocorre desde maio de 2023 exemplifica bem o problema, pois ela trata principalmente do valor baixo pago por plataformas de streaming.
2 – Obra de arte criada inteiramente por IA vence feira de arte nos EUA
A feira de arte do Colorado, na categoria “artistas digitais emergentes” seria um evento sem grande interesse internacional, não fosse um fato bastante preocupante: o vencedor, Jason M. Allen, usou uma IA para criar a obra vencedora do concurso, a “Teatro de Ópera Espacial”.
Segundo ele, a ferramenta foi a já citada Midjourney, em que ele apenas precisa colocar algumas frases para que a IA crie a arte. Após sua vitória, ele soltou algumas palavras bem duras ao New York Times sobre esta situação como:
“A arte está morta, cara”
“Acabou. A inteligência artificial ganhou. Os humanos perderam”.
Importante dizer que, mesmo com essas palavras, ele achou que não violou nenhuma regra, não tirou vantagem do uso e ainda alegou que treinou a inteligência artificial por mais de duas semanas. Além disso, também classificou imagens para seu treinamento e processou o resultado final no Photoshop.
3 – Mangá feito 100% por inteligência artificial
Por fim, vamos trazer um caso que ocorreu recentemente no Japão. Em março de 2023 foi lançado o mangá “Cyberpunk: Momotaro” do mangaká Rootprot. O que chama atenção aqui é que todas as ilustrações presentes na obra foram criadas pela mesma Midjourney da obra acima.
A explicação do mangaká foi bastante peculiar, pois ele alega que o fez simplesmente porque não tem talento nenhum para desenhar e foi a forma que ele encontrou para dar vida a sua história. Ele levou um total de seis semanas para completar toda a história. Entretanto, um mangá como este levaria cerca de um ano para ficar pronto.
Afinal, IA criando artes é bom ou ruim?
A resposta é bastante complexa, pois as situações apresentadas acima nos trazem uma imagem bastante negativa sobre a forma como a inteligência artificial está interferindo na arte. Talvez o principal motivo hoje está no fato de toda a IA criando arte o faz usando um extenso banco de dados de obras reais.
Pode-se discutir que artistas também se baseiam ou inspiram em outros. Entretanto, neste caso são apenas referências e mesmo com similaridades, você terá um traço original também presente ali. Por outro lado, a IA não tem esse processo, ela simplesmente replica, traz algo impessoal. Isso faz com que se perca a principal parte das obras: o sentimento que está ali presente em cada traço desenhado pelo autor.
Ainda assim, a presença da inteligência artificial pode ser útil para a arte, desde que como apoio e não como a criadora única da obra. E mesmo nessa situação, será preciso definir o quanto essas IAs poderão usar de informações presentes na rede como referência. Da mesma forma, quanto será pago aos criadores por esse uso, já que estes são os principais prejudicados.
Um dos primeiros países a agir neste sentido foi a China, que obriga que toda imagem ou vídeo gerada por IA tenha uma marca d’água mostrando isso para o público. A tendência é que até regulamentações como estas precisarão ser revistas, pois assim como a tecnologia deve avançar, não se deve ignorar aqueles que estão sendo usados (os artistas) neste processo.
Inclusive, no caso deles deverá haver a possibilidade de que seus conteúdos sejam excluídos do banco de dados de determinada IA, se o autor das obras assim desejar.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA