Por um bom tempo, os estilistas estiveram sob a influência noventista. Contudo, o que vemos ultimamente é a moda dos anos 60 novamente marcando presença como fonte de inspiração para grandes marcas da alta costura, assim como para estilistas.
Afinal, por que esta década é sempre tão revisitada? Para quem não conhece a importância deste período na moda como conhecemos hoje, vamos explicar um pouco mais sobre seu impacto na forma de vestir.
Moda anos 60: a grande ruptura
Primeiramente, vamos entender como era a criação de roupas até o fim dos anos 50. O mundo ainda estava fortemente influenciado pela Europa, e à medida que a crise decorrente do pós-guerra ia passando, tivemos o que foi considerado a “era de ouro” da alta costura.
O mundo seguia as tendências parisienses, com o “New Look 1947” de Dior e as criações da Balenciaga (muito diferentes do que conhecemos hoje) e Givenchy.

New look 1947
Só que as criações da alta costura deixavam de lado as roupas do dia a dia, sendo estas feitas em casa ou pelas costureiras da vizinhança. As criações ainda eram muito conservadoras, dominadas por cinturas espartilhadas e silhuetas rígidas.
Essa limitação, somada ao alto custo e elitismo das criações da época, fez com que a classe média emergente se afastasse destas criações. Tal cenário criou um problema para as marcas, que passaram a ter prejuízo, já que o custo de produção era alto, mas o lucro estava cada vez menor.
No final da década de 50 começamos a ver as primeiras mudanças no cenário:
- Foram criadas linhas secundárias com “modelos projetados para serem executados sem provas.” Essa tendência foi seguida por quase todos os grandes costureiros da época;
- As linhas de luxo gradualmente deram lugar a coleções mais acessíveis, um movimento que os estilistas apelidaram de “grande difusão”.
A moda mais acessível e a ascensão de uma nova geração de marcas e estilistas
Esse movimento, que trouxe uma democratização da moda, tornando-a mais acessível para as pessoas, também possibilitou o surgimento de marcas e novos estilistas no mercado. Era a ascensão definitiva do “Prêt-à-Porter” (ou pronto-para-vestir).
Neste momento, as roupas deixaram de ser meramente funcionais para se tornar um produto de consumo. Prático, fresco e acessível, era o Prêt-à-Porter reivindicando cada vez mais partes do mercado.
Essa nova forma de consumo nos levou à grande ruptura, mudando totalmente a moda como se conhecia. Até então, ela seguia uma estrutura de pirâmide, com a decisão de como seriam as tendências sempre vindo de cima, passando para lojas e costureiras de bairro.
Só que, com boa parte dos jovens chegando à maioridade, isso mudou e passamos a ter as ruas como referência da moda.
O legado que a moda dos anos 60 deixou para as gerações seguintes
Não podemos ignorar que o mundo, de maneira geral, passava por um momento de ruptura. Seja na música, nas artes, na arquitetura, entre outros, os jovens queriam ter sua própria identidade e não mais serem apenas “como seus pais.”
Isso também se aplicou à moda, principalmente com as garotas que não mais queriam ser como suas mães, buscando maior liberdade na hora de se vestir. Nesse contexto, tivemos a ascensão da minissaia como peça recorrente no vestuário feminino.

Mary Quant: a mulher que popularizou a minissaia
Junto disso, tivemos a mudança da representatividade das roupas. Elas antes poderiam caracterizar uma classe social, uma nação ou mesmo uma geração. Só que, a partir daquela época, ela passou a incorporar faixas etárias, movimentos culturais, ideologias, gostos musicais e comportamentos. Curiosamente, o movimento ali foi inverso, com os adultos passando a imitar os jovens.
Esse novo significado para as roupas é algo que podemos ver até hoje, principalmente com as diversas “tribos” que surgiram em cada época, que tinham um estilo homogêneo, independentemente do país em que estavam.
Algumas características marcantes da moda anos 60
Diversas peças de vestuário marcaram o vestuário do período, com algumas nunca tendo sido deixadas de lado totalmente. Entre elas, podemos destacar:
- Minissaia — talvez o maior ícone dos anos 60, essa peça causou uma grande revolução na moda, principalmente porque confrontava os valores da época. Um fato interessante é que a estilista Mary Quant, que popularizou a peça, disse que, na verdade, a minissaia foi idealizada nas ruas, mostrando como essa vivência já impactava a criação das roupas;
- Vestido trapézio e tubinho — com modelagens retas e geométricas, os chamados modelos trapézio (barra da saia mais aberta, mais ampla) e o vestido tubinho se destacaram na década. Podemos ver uma grande diferença deles para os modelos rodados dos anos 50;
- Cabelos curtos e cílios estilo boneca — o “pixie cut”, devidamente acompanhado dos cílios grandes e marcados estilo boneca, foram outros grandes sucessos dos anos 60. Seu ícone foi a modelo Twiggy, referência de moda e estilo da época;
- Tecido metálico — por conta da corrida espacial, roupas com essa tendência ganharam muito espaço na época. Peças com corte reto, prata e branco dominando, botas de cano baixo e meias com tecidos metalizados foram tendências na moda dos anos 60;
- Pérolas — podemos citar a contribuição de Audrey Hepburn no filme “Bonequinha de Luxo” para essa tendência. Era comum complementar os looks com colares, pulseiras e brincos de pérolas.

Twiggy: modelo teve grande influência na época
A presença do estilo nos dias de hoje
Quando começamos a observar os principais desfiles, assim como diversos artistas apostando em diversos looks com a presença da minissaia, muitos deles com bota (marca da época).

Ariana Grande: ela, como outras referências da geração Z, aderem ao estilo sessentista
Além deles, podemos destacar as cores vibrantes (principalmente o rosa), as estampas quadriculadas e florais, além da alfaiataria masculina, especialmente o terno.
Por fim, vale a menção à maquiagem e aos cabelos, que trouxeram de volta a estética que a modelo Twiggy popularizou, com cabelos curtos e muito delineador nos olhos. Apesar de nunca ter sido completamente abandonada, a moda dos anos 60 provavelmente continuará sendo uma forte influência por muitos anos.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA