Atualmente, é impossível você ter ouvido falar sobre mangá e anime e não conhecer OnePiece. A obra-prima de Eiichiro Oda chega aos 26 anos de publicação com o mesmo vigor e sucesso de seus primeiros anos. Trata-se de um feito impressionante, pois nenhuma obra do gênero shonen conseguiu ser tão longeva se mantendo em alta.
E talvez este seja um dos pontos mais interessantes deste mangá: a incrível capacidade do autor de se reinventar e manter uma história linear (porque ela não conta com história soltas, mas sim um enredo único, com começo, meio, mas ainda sem final) atrativa por mais de duas décadas. Hoje, vamos tentar entender melhor como Eiichiro Oda consegue tal feito
Eiichiro Oda: a inspiração por trás de One Piece
O criador de One Piece nasceu no dia 1º de janeiro de 1975, na cidade de Kumamoto, no Japão. Aos 4 anos, por influência de Akira Toriyama, criador de Dragon Ball, decidiu que queria ser mangaká. Em 1993, aos 17 anos, Oda publicou seu primeiro one-shot, “Wanted!”.
Ele assinou a obra com o pseudônimo Tsukihimizu Kikondo e graças a ela, ganhou o Tezuka Award, prêmio da revista Weekly Shonen Jump para novos talentos. Um ano depois Oda ganhou outro prêmio, desta vez pelo one-shot “Ikki Yako”, que rendeu um Hop Step Award, que premia as melhores histórias da revista.
Após iniciar um ano de estudos em arquitetura, Eiichiro Oda optou por interromper seu curso quando se transferiu para Tóquio. Lá, ele iniciou sua trajetória como assistente de mangakás, com destaque para sua colaboração com o renomado Nobuhiro Watsuki, criador da aclamada série “Samurai X”. Apesar da expectativa de logo conseguir emplacar um sucesso, suas ideias não eram aceitas por nenhuma revista, fazendo-o quase desistir.
A mudança veio em 1996, quando finalmente conseguiu emplacar o one-shot “Romance Dawn”. Essa história mostrava o aspirante a pirata Monkey D. Luffy usando seus poderes de borracha para ajudar uma garotinha a resgatar seu pássaro. Era ainda o protótipo da sua grande obra One Piece.
A inspiração para essa história vem de infância: desde pequeno, Oda era apaixonado por piratas, especialmente por conta do desenho “Vickie, o Viking”, de 1974. Segundo ele, na sétima série escreveu o rascunho de Romance Dawn, que juntava sua paixão por piratas com o espírito de equipe que praticava nas aulas de futebol na época.
Inicialmente, Oda planejou One Piece como uma série de cinco anos, mas graças à popularidade do mangá e sua paixão por esse universo, a história já passou mais de cinco vezes desse tamanho e deve durar mais um bom tempo antes de terminar.
One Piece: a jornada é o que realmente importa
O enredo de One Piece, como boa parte dos shonen, é bem simples, sendo inclusive lembrado até hoje pelos fãs por ser parte da primeira abertura:
“Riquezas, fama, poder… um homem conquistou tudo que o mundo tinha a oferecer, o Rei dos Piratas, Gold Roger. Antes de ser executado, suas últimas palavras levaram multidões aos mares: ‘Querem o meu tesouro? Fiquem à vontade para pegá-lo! Procurem, nele está tudo que este mundo pode dar a vocês!’. Homens cheio de esperança partiram em busca desse tesouro dos sonhos em direção à Grand Line, e assim teve início A Grande Era dos Piratas!”
Ou seja, o One Piece do título nada mais é que o tesouro que os piratas do mundo todo estão em busca. Foi a partir dessa premissa que Oda criou o mundo do mangá, sendo o grande objetivo de Luffy e da sua tripulação.
Contudo, um enredo tão simples seria difícil de manter-se atrativo por tanto tempo assim. O que ocorreu no caso de One Piece foi que os mistérios acerca deste tesouro ficaram em segundo plano. Oda conseguiu transformar a jornada em busca desse objetivo o verdadeiro atrativo e o que prende os fãs da obra.
Ele também deu grande importância a desenvolver as personalidades de cada protagonista, grandes vilões e até aqueles personagens que tem só importância em determinada saga. Isso cria um vínculo com os leitores, que passam a torcer e ter empatia por esse ou aquele com o qual mais se identificam.
O sucesso na jornada do herói: um mundo bem construído, coerente com a premissa criada pelo autor
Seguir o recurso da jornada do herói é algo bastante comum nos mangás shonen, mas em One Piece temos uma espécie de “minijornadas” a cada arco/saga.
Dessa forma temos ele se repetindo a cada nova aventura de Luffy e sua tripulação. São atualmente 10 sagas, com a 11ª e última prestes a iniciar. Elas são: East Blue, Alabasta, Skypiea, Water 7, Thriller Bark, Guerra de Marineford, Ilha dos Homens-Peixe, Dressrosa, Ilha WholeCake e País de Wano.
O diferencial aqui fica que cada uma delas se alonga por meses ou até anos e não são apenas uma passagem aonde eles chegam, enfrentam inimigos e vão embora. Eiichiro Oda a cada novo lugar que a tripulação desembarca, ele faz questão de criar toda a história desse país, seus costumes e inclusive mostra o processo dos protagonistas se ambientando ao local.
Ou seja, a cada nova saga o fã tem uma nova experiência, em que conhece um outro “universo” de One Piece. E a coerência que ele tem de fazer isso seguindo a lógica do mundo que criou: um mundo dividido em quatro, cortado ao meio pela cadeia montanhosa “Red Line” e na linha do Equador pela perigosa “Grande Linha”, torna toda experiência mais gratificante aos fãs, que não veem a história se perdendo no caminho.
Por fim, tem a questão emocional que Oda aplica na história. Ele segue como base o shonen, que foca na amizade e mantém o bom humor ao longo do mangá. Entretanto, ele mescla isso com momentos de muita ação, drama e até temas mais pesados como regimes opressores, consciência de classe, fome, entre outros.
Essa mescla de sentimentos é mais um atrativo para os fãs, que nunca sabem o que esperar do desenvolvimento da história.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA